quinta-feira, 23 de junho de 2011

Trechos - Tony Judt

«Numa época em que os jovens são encorajados a explorar ao máximo o seu próprio interesse e promoção, as bases para o altruísmo ou até a boa conduta vão-se toldando. Tirando o regresso à autoridade religiosa — que às vezes corrói, ela também, as instituições seculares — o que poderá dotar uma geração mais nova de um objectivo na vida para além da sua vantagem pessoal a curto prazo? O falecido Albert Hirschman falava da 'experiência libertadora' de uma vida orientada para a acção em favor do público: "o maior bem da acção pública é a sua capacidade de satisfazer necessidades vagamente sentidas de um propósito e sentido mais vastos nas vidas dos homens e mulheres" [...].
Se não respeitarmos os bens públicos; se permitirmos ou encorajarmos a privatização do espaço, recursos e serviços públicos; se apoiarmos entusiasticamente a propensão de uma geração mais nova para cuidar exclusivamente das suas próprias necessidades: então não nos devemos surpreender com a diluição progressiva do empenho cívico nas decisões públicas.»
Tony Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos, pp. 130-131.