quarta-feira, 30 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
sábado, 26 de julho de 2014
Lideranças fortes, unipessoais e assentes no mérito
Imagem publicada na internet sem identificação do autor |
Era, por conseguinte, aquilo a que se chama uma liderança forte, unipessoal, resultante de inquestionável mérito demonstrado por evidências.
«De alguma maneira, a situação foi semelhante no BCP aquando da crise de Jardim Gonçalves: era venerado pelos seus quadros, a incredulidade foi semelhante.» (Revista do Expresso - 19/7/2014)
É outro exemplo daquilo a que se chama uma liderança forte, unipessoal, resultante de inquestionável mérito demonstrado por evidências.
Oliveira e Costa, do BPN, João Rendeiro, do BPP, Henrique Granadeiro, da PT, são outros exemplos daquilo a que se chama uma liderança forte, unipessoal, resultante de inquestionável mérito demonstrado por evidências. A lista poderia continuar.
Todas estas lideranças, para além de terem em comum o facto de serem fortes, unipessoais e resultantes de inquestionável mérito assente em evidências, têm outro elemento em comum: estão sob a alçada da justiça (ou virão a estar, como será certamente o caso de Granadeiro). Sobre estes líderes fortes, unipessoais e meritórios impendem acusações de elevada gravidade. Mas para além das múltiplas violações da lei, as consequências da sua gestão ruinosa afectaram e estão a afectar a vida de milhões de portugueses e de estrangeiros.
Todas estas lideranças, para além de terem em comum o facto de serem fortes, unipessoais e resultantes de inquestionável mérito assente em evidências, têm outro elemento em comum: estão sob a alçada da justiça (ou virão a estar, como será certamente o caso de Granadeiro). Sobre estes líderes fortes, unipessoais e meritórios impendem acusações de elevada gravidade. Mas para além das múltiplas violações da lei, as consequências da sua gestão ruinosa afectaram e estão a afectar a vida de milhões de portugueses e de estrangeiros.
Todavia, durante anos, todas estas lideranças, para além de terem sido, do ponto de vista social, exemplos dos designados «bem sucedidos na vida», daqueles que a sociedade deveria venerar e seguir; estas lideranças eram também, e principalmente, expoentes máximos de um modelo de gestão e protagonistas de uma ideologia. Da ideologia que fez e faz precisamente do modelo de gestão assente nas ditas lideranças fortes e unipessoais a garantia de eficácia, de competitividade e de meritocracia. Da ideologia que apresenta este modelo como a fusão ideal entre a gestão focalizada nos resultados e a (suposta) premiação do mérito.
As consequências desta ideologia não seriam graves se elas se restringissem a um nicho social privado que quisesse viver segundo esta crença. Mas, infelizmente, as coisas não se passam assim: por um lado, o âmbito desta crença não está circunscrito a um nicho, pelo contrário, tem-se alargado a grande parte da sociedade, que ingenuamente tende a vê-la como uma «verdade natural»; por outro lado, o que acontece no domínio privado interfere sempre, em maior ou menor grau, com o domínio público, o que deveria retirar àquele a possibilidade de viver em «roda livre»; por último, mas não menos importante, esta ideologia conseguiu exportar o seu modelo de gestão para o sector público. Deste modo, escolas, hospitais e empresas públicas passaram, desde há alguns anos, a ter como arquétipo de gestão a designada liderança forte, unipessoal e (alegadamente) assente no mérito. O sector público foi tomado pelo mito ideológico deste modelo de gestão, assim como pelos valores retrógrados que lhe estão associados.
As consequências do domínio desta ideologia na sociedade estão a ser terríveis a todos os níveis — desde o financeiro e económico até ao educativo e cultural. E apesar da realidade nos mostrar todos os dias a incompetência deste modelo e a falsidade dos pressuspostos em que assenta, mantemo-nos embevecidos na esperança naïf que depositamos nas lideranças unipessoais e na crença provinciana de que o sector público deve seguir os modelos do sector privado.
O escrutínio dos factos e dos argumentos e a consequente alteração dos comportamentos continuam a ser relegados em proveito ou dos interesses instalados ou de credulidades mais ou menos rústicas.
As consequências desta ideologia não seriam graves se elas se restringissem a um nicho social privado que quisesse viver segundo esta crença. Mas, infelizmente, as coisas não se passam assim: por um lado, o âmbito desta crença não está circunscrito a um nicho, pelo contrário, tem-se alargado a grande parte da sociedade, que ingenuamente tende a vê-la como uma «verdade natural»; por outro lado, o que acontece no domínio privado interfere sempre, em maior ou menor grau, com o domínio público, o que deveria retirar àquele a possibilidade de viver em «roda livre»; por último, mas não menos importante, esta ideologia conseguiu exportar o seu modelo de gestão para o sector público. Deste modo, escolas, hospitais e empresas públicas passaram, desde há alguns anos, a ter como arquétipo de gestão a designada liderança forte, unipessoal e (alegadamente) assente no mérito. O sector público foi tomado pelo mito ideológico deste modelo de gestão, assim como pelos valores retrógrados que lhe estão associados.
As consequências do domínio desta ideologia na sociedade estão a ser terríveis a todos os níveis — desde o financeiro e económico até ao educativo e cultural. E apesar da realidade nos mostrar todos os dias a incompetência deste modelo e a falsidade dos pressuspostos em que assenta, mantemo-nos embevecidos na esperança naïf que depositamos nas lideranças unipessoais e na crença provinciana de que o sector público deve seguir os modelos do sector privado.
O escrutínio dos factos e dos argumentos e a consequente alteração dos comportamentos continuam a ser relegados em proveito ou dos interesses instalados ou de credulidades mais ou menos rústicas.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Não vigiar a PACC - um imperativo deontológico e cívico
Imagem publicada na internet sem identificação do autor |
Não vigiar hoje a PACC é um imperativo deontológico de todos os docentes, como já o foi há uns meses, aquando da primeira marcação desta (pseudo) prova de avaliação de conhecimentos e de competências de professores contratados.
Esta suposta prova de avaliação, criada por Lurdes Rodrigues e concretizada por Nuno Crato, é conceptualmente uma excrescência, é de aplicação ilegítima e é manifestamente incompetente para avaliar os objectivos que diz prosseguir, como o demonstrou o enunciado da sua primeira edição.
A isto acresce o modo inqualificável como a remarcação da PACC foi feita, ao que se soma agora a prepotente tentativa de impedimento de realização de reuniões sindicais nas escolas, para onde está marcada a prova.
Este comportamento do ministério da Educação revela a mediocridade política e o pensamento canhestro de quem o dirige. Objectivamente, trata-se de uma actuação típica de uma ditadura: primeiro, sem um mínimo de razoabilidade nem de respeito pelo outro, marca-se, com três dias úteis de antecedência, uma prova nacional, apenas para se impedir o agendamento de uma greve; depois, por via de um ofício, determina-se que as reuniões sindicais ficam proibidas durante um determinado período de tempo.
É um cenário inaceitável e de extrema gravidade, em que a lei democrática é olimpicamente ignorada e afrontada. É inacreditável como à luz do dia e com o silêncio cúmplice de múltiplos responsáveis políticos se ensaiam práticas de regresso ao passado anterior a 1974. O desejo de regresso à barbárie política é evidente, por parte de alguns. É por isso que não vigiar a PACC é um imperativo simultaneamente deontológico e de resistência cívica.
domingo, 20 de julho de 2014
PACC - Posição da ANPC
Pedido de divulgação recebido por e-mail, da direcção da Associação Nacional dos Professores Contratados:
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Nuno Crato: política de golpadas
Ser governante deveria implicar regras éticas. Quem governa deveria sentir-se vinculado a um código de ética política, onde a transparência, a honestidade e a lealdade para com os governados estivessem asseguradas como regras essenciais. Governar significa decidir sobre a vida de milhares ou de milhões de pessoas que, por mandato, transferem o seu poder de decidir para outrem. Se um governante sabe isto, sabe que não pode ocultar comportamentos ou decisões, não pode enganar nem ser desleal para com quem lhe transferiu o poder. Se um governante sabe isto e não o pratica, deixa de ser um político e passa a ser um escroque político.
Na verdade, governar não é a arte da finta, do truque ou da golpada. Governar nunca pode ser isto. E o governante responsável pela Educação mais ainda deveria sentir-se impedido de transformar a política nisto. Lamentavelmente, Nuno Crato e a sua equipa não pensam nem fazem assim. De finta em finta, de rasteira em rasteira, de golpada em golpada, Nuno Crato e a sua equipa fazem disto a sua política, desde a tomada de posse. Foi assim com a avaliação do desempenho docente, foi assim com a reforma curricular, foi assim com o regime de mobilidade, foi assim com o encerramento de escolas, foi assim com a avaliação dos centros de investigação, foi assim... está a ser assim com a municipalização escolar e, desde ontem, também está a ser assim com a remarcação da prova de ingresso para os professores contratados.
Nesta remarcação da prova, Nuno Crato e a sua equipa comportaram-se como o vigarista que, às escondidas, se deleita, enquanto prepara a golpada com que vai surpreender a vítima. Anunciar com três dias úteis de antecedência a realização de uma prova nacional — prova que interfere com a vida de milhares de professores e com a organização de dezenas de escolas — apenas para impedir que os sindicatos e os professores possam possam fazer uso do direito à greve, é uma trapaça de política rasca e uma inaceitável afronta a um direito estrutural da democracia. É levar a política para o nível da sarjeta.
A Educação não pode continuar a ser dirigida por alguém que acumula uma impressionante ignorância sobre a pasta que superintende com a total ausência de pruridos ético-polítcos.
A Educação não pode continuar a ser dirigida por alguém que acumula uma impressionante ignorância sobre a pasta que superintende com a total ausência de pruridos ético-polítcos.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
As elites que continuam a destruir o país
Imagem de Robson Cavalcante |
Não sei se existem adjectivos suficientemente adequados para classificar com rigor as elites que têm dominado o país. Refiro-me às elites política, económica e financeira. Esta trindade tem sido fatídica para os portugueses. Aquilo em que tocam é destruído. A última década tem sido particularmente ilustrativa desta desgraça.
A nível político, os últimos dez anos deram-nos quatro primeiros-ministros cujas qualidades políticas e técnicas só podiam conduzir o país ao estado a que chegámos. Seria muito difícil sobreviver, com saúde, a lideranças que à primeira dificuldade e à primeira oportunidade abandonam o país e fogem das responsabilidades que tinham assumido para com o eleitorado; ou a lideranças que têm do exercício de governação uma ideia confundível com uma vida gerida entre o glamour e a passerelle; ou a lideranças que colocam a vaidade pessoal, a arrogância e a obsessão pelo poder à frente dos interesses dos portugueses; ou, finalmente, a lideranças mentirosas, fanáticas e subservientes a ditames estrangeiros, que destroem a vida presente e hipotecam a vida futura de milhões de indivíduos. Estou certo de que nenhum país seria capaz de sobreviver, com saúde, a governos liderados por políticos como Durão Barroso, Santana Lopes, Sócrates e Passos Coelho.
A nível económico, continuamos a ter demasiados patrões e poucos empresários. Sem saber ler nem escrever economicamente e sem saber ler nem escrever civicamente, o patronato português é tecnicamente incompetente e eticamente carroceiro. A fraquíssima qualidade da nossa produtividade e as péssimas condições de trabalho existentes são da sua directa responsabilidade.
A nível financeiro, o desastre é quase indescritível: não só nenhum dos grandes bancos foi capaz de sobreviver sem a ajuda directa do Estado, como este sector tem sido o domínio que, nos índices, mais rivaliza com a criminalidade de rua. Curiosamente, esta criminalidade financeira é tratada pela imprensa dominante com uma impressionante complacência.
Mas, nos últimos dias, tivemos conhecimento de que alguns protagonistas das elites financeira e económica decidiram cruzar trapaças: administradores da Portugal Telecom e do Grupo Espírito Santo uniram-se em negócios escuros, isto é, feitos às escondidas de quase todos e com a exclusiva finalidades de salvar interesses particulares, mesmo que isso significasse poder dar cabo do valor de uma empresa como a PT.
Agora, se alguém se der ao trabalho de revisitar os jornais e as revistas dos últimos anos, verificará facilmente que todos estes responsáveis políticos, económicos e financeiras não apenas nos eram apresentados como arquétipos da excelência lusitana como lhes era atribuído o poder e a legitimidade de se pronunciarem criticamente contra a generalidade dos portugueses, porque estes, segundo a sua ponderada opinião, andaram a viver acima das suas possibilidades.
Estas elites continuam a destruir o país, e os portugueses, mais ou menos impávidos, continuam a permitir que isso aconteça.
sábado, 5 de julho de 2014
Finalmente uma medida de esquerda e constitucional
Imagem de Vítor Nunes |
Se a memória não me engana, a aprovação dos cortes de Sócrates, por parte do TC, foi acompanhada de uma ressalva que pressupunha que esses cortes tivessem um carácter provisório e excepcional. Todavia, parece que, atendendo às explicações informais que o presidente do TC tem por hábito dar no final da leitura pública das decisões que o tribunal toma, a situação agora já não é precisamente essa. Na realidade, a justificação avançada para o chumbo dos últimos cortes decretados pelo actual governo foi, segundo deu a entender o presidente do TC, apenas a circunstância de eles serem mais gravosos do que os decretados pelo governo anterior — quer no aumento das percentagens de redução salarial, quer na diminuição do número de funcionários isentos da mesma. A razão do chumbo terá sido, pois, o agravamento dos cortes e não o facto de os cortes se perpetuarem. Se for este o ponto de vista dominante dentro do TC (dando assim sinais de cedência às pressões do governo), estamos perante uma situação verdadeiramente esdrúxula, isto é: o carácter provisório e excepcional dos cortes já não é constitucionalmente exigido, o que constitucionalnente passou a ser exigido é que os cortes não sejam maiores e mais abrangentes do que os cortes do governo anterior. E foi precisamente isto que o governo acabou de pôr em marcha.
Perante esta situação, os funcionários públicos têm razões para se sentirem confortados. Na verdade, deixam de estar sujeitos a uma medida de direita e inconstitucional para passarem a estar sujeitos a uma medida de esquerda e constitucional. Não se cansando Sócrates de se autoclassificar como um homem de esquerda, não se inibindo o PS de se auto-afirmar como um partido de esquerda, distinto do PSD e do CDS, teremos de entender que os cortes nos salários operados pelo ex-primeiro-ministro socialista foram uma medida de esquerda, acrescida do facto de ter sido considerada constitucional.
É, pois, um alívio para os funcionários públicos que vão continuar a ver os seus salários reduzidos: de uma só vez, vêem-se livres de cortes salariais de direita e inconstitucionais e passam a ter cortes salariais de esquerda e constitucionais. Os funcionários públicos sentirão certamente o privilégio de poderem ser apontados como um exemplo de quem conhece a diferença clara entre ser governado por partidos de direita e ser governado pelo PS, que, segundo o próprio faz constar, é de esquerda.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
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