quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

NOVO ANO



2010

VOTOS DE UM NOVO ANO CHEIO DE MÚSICA

O ano de 2010 promete

Não tive oportunidade de ouvir a declaração da ministra da Educação, proferida ontem, à hora dos telejornais, isto é, não a ouvi dizer que não aceitaria acabar com as quotas, depois de mais uma ronda negocial com os sindicatos. É verdade que este anúncio, só por si, não tem nada de relevante, não traz nenhuma novidade. Este Governo, com o primeiro-ministro que tem e com a mentalidade que nele domina, a chamada mentalidade «Excel», que significa avaliar a realidade social e humana através de números, que significa acreditar que é preciso transformar tudo em linguagem numérica e que essa linguagem numérica traduz a realidade e exprime a verdade, este Governo, dizia eu, nunca poderia, por iniciativa própria, dizer ou anunciar outra coisa. Para este Governo, quotas significa, primeiro que tudo, «poupar» dinheiro, logo é muito bom; quotas também significa competitividade, logo é muito bom.
Este é o conhecido primarismo que orienta a acção do Governo, portanto, o anúncio da ministra não é interessante pelo seu conteúdo. Ele é interessante pelo modo e pelo momento em que é feito e pelo que isso revela ou confirma.
Há cerca de um mês que o Governo e os sindicatos dos professores andam em negociações, com encontros às quartas-feiras. Neste período de tempo, e desde que tomou posse, a ministra da Educação repetiu sucessivamente que estava convicta de que chegaria a acordo com os sindicatos. Ora, este optimismo ou era genuíno ou não era genuíno. Se era genuíno (e, nesta circunstância, já se compreenderia a tendência para o sorriso que Isabel Alçada a todo o momento manifestava), ele teria de significar que a ministra da Educação estava ciente das questões profissionais que, desde há três anos, os professores consideram fundamentais, e que, igualmente, estava ciente de que lhes poderia dar resposta favorável. Se não estava ciente disto, de onde lhe viria, então, a genuína convicção de que chegaria a acordo?
A outra hipótese é a de que o optimismo, recorrentemente evidenciado no rosto e nas palavras de Isabel Alçada, não era genuíno. Ou seja, não era para os professores que ela dirigia o seu optimismo, era para a opinião pública. A ministra da Educação estaria a dirigir-se à opinião pública para lhe transmitir esta mensagem: eu, como vêem, sou uma pessoa disponível, sorridente, bem-disposta e disposta a tudo para resolver os problemas dos professores. O Governo a que pertenço está empenhado em ultrapassar todas as dificuldades. Se chegarmos ao fim, e isso não for conseguido, a culpa não será minha nem do Governo, será dos sindicatos.
Como não gosto de fazer juízos de intenções, não vou dizer que esta foi a cínica estratégia da actual ministra.
Terei, pois, de considerar que o seu optimismo era genuíno. Mas para poder sustentar esta hipótese, terei de acrescentar algo mais, caso contrário, ela não tem credibilidade. Terei de acrescentar que, além de ser genuinamente optimista, Isabel Alçada é genuinamente inconsciente e genuinamente ingénua. Ingénua, porque, aparentemente, acreditava ter poder político decisório; inconsciente, porque revela não ter a exacta noção das suas responsabilidades: profere afirmações sem se assegurar de que tem condições de as concretizar. E só ontem, nesta hipótese benigna de optimismo genuíno, mas inconsciente e ingénuo, Isabel Alçada terá tomado consciência efectiva da sua inconsciência e da sua ingenuidade. Deste modo se compreende que tenha, inesperadamente, atrasado, em mais de uma hora, a reunião da tarde com a Fenprof , para receber instruções de quem tem efectivamente poder político, no Governo. Assim se compreende que tenha anunciado a esta federação abertura para rever a obrigatoriedade da prova de ingresso na carreira e não o tenha feito, de manhã, à FNE. Desta forma se compreende que, contrariando o seu, até aqui, cultivado low profile, tenha vindo anunciar, à hora dos telejornais, uma posição de força e de irredutibilidade negocial quanto à obrigatoriedade de quotas — isto já depois de ter marcado nova ronda negocial para a próxima semana.
Em conclusão, é indesmentível que, seja com uma Isabel Alçada genuinamente sorridente, seja com uma Isabel Alçada cinicamente sorridente, os professores não têm uma ministra da Educação a quem possam reconhecer credibilidade nem em quem possam depositar confiança. Para alguns, isto é o desfazer de uma esperança, para outros, é a confirmação de uma certeza. Para todos, deverá ser o sinal de que é preciso agir.
O ano de 2010 promete...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A beleza, a emoção e o poder da música revelados no Mercado de Valência



«Un día cualquiera de mercado, la música empieza a sonar entre los puestos de frutas y verduras. Fragmentos de la Traviata de Verdi interpretados en pleno Mercado Central de Valencia, entre los puestos de frutas y verduras. Los rostros de los compradores, asombrados ante la magia del arte, hacen que recuperemos la confianza en el buen gusto. El gusto por la buena fruta, la verdura, el champán, la música y la vida. ¡Dis-fruta-dlo.!»

Às quartas

Quando os nómadas chegam descendo o monte

Quando os nómadas chegam descendo o monte
nos camelos de palha
o anjo da alegria rasteja pelo imenso corredor
e os vegetais frescos na carroça abandonada
desabrocham em chamas azuis
velhos junto à fonte erguem-se
e dizem-se adeus
o brilho do sol é enxaguado na tinta mais negra
cobras dormem deitadas de costas
à volta do relógio de sol dourado
a noite enorme esconde-se nas pupilas do contador de histórias
e o vento é dividido
por uma agulha bem colocada
quando os nómadas chegam descendo o monte
com a sua linguagem invisível.

James Tate
(Trad.: José Alberto Oliveira)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bonecos de palavra

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Governo de Sócrates: sempre, sempre contra a Educação — ou mais uma proposta aberrante

Quem ainda mantinha ilusões sobre a possibilidade de surgir uma nova política para a Educação, protagonizada pela equipa de Isabel Alçada, certamente, já as perdeu em definitivo.
Os sorrisos da nova ministra e a sua simpatia pessoal não poderiam, em nenhuma circunstância, ultrapassar a realidade política. E a realidade política era e é esta: o actual Governo é uma mera continuidade do anterior, porque o seu núcleo duro é o mesmo e, fundamentalmente, porque o seu primeiro-ministro é o mesmo. A perda da maioria absoluta, só por si, não introduz alterações substantivas na política executada pelo Governo anterior. Só uma oposição unida e forte o pode conseguir. Não foi isso que aconteceu, porque o PSD (com a conivência de alguns sindicatos) decidiu faltar aos compromissos que tinha publicamente assumido e prestou-se ao vergonhoso papel de conluio com José Sócrates.
É este o contexto que permitiu e permite que, uma vez mais, o Ministério da Educação apresente aos sindicatos uma proposta de Acordo absolutamente inaceitável.
Alguns breves apontamentos (porque os argumentos já são mais do que conhecidos) sobre a proposta de Acordo:
1. Comparativamente com a situação deixada pelo Governo anterior, a proposta agora apresentada agrava o estrangulamento administrativo da carreira, ao introduzir um sistema de quotas mais restritivo do que o actual (passam a existir condicionamentos no acesso aos 3.º, 5.º e 7.º escalões);
2. A proposta mantém, sem a mínima fundamentação, ciclos de avaliação de 2 anos, quando deveriam ser ciclos correspondentes ao tempo de duração do escalão, de modo a permitir a realização de uma séria e profícua avaliação formativa;
3. Aspectos fundamentais relativos ao processo de avaliação ou são referidos genericamente ou são deixados para posterior definição ou são praticamente omissos. A saber:
a. A formação dos avaliadores: como vai ser realizada? quando vai ser realizada? é formação de curta, média ou longa duração? Diz-se que serão tidos em consideração os termos de referência que o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores vier a apresentar. Ora este órgão, na sua Recomendação n.º 5 (curiosamente, quando já era presidido pelo actual secretário de Estado da Educação), disse, com toda a clareza, o seguinte: «O Conselho recomenda que os avaliadores beneficiem de uma formação especializada de carácter científico, técnico e profissional certificado, de média ou longa duração, em parceria com instituições de ensino superior.»
b. A avaliação formativa é tratada, de modo marginal, na última alínea do ponto 24, com fraseologia standart: «Compete ainda ao Relator manter uma interacção permanente com o avaliado, tendo em vista potenciar a dimensão formativa do processo de avaliação». Como é possível manter uma relação permanente com o avaliado se, conforme é estipulado no ponto 25, é atribuída ao Relator a redução de um tempo lectivo por cada três docentes em avaliação? Um tempo lectivo por cada três docentes?!! Uma proposta destas revela incompetência, irresponsabilidade e cinismo político. Para este ME, a avaliação formativa continua a ser um adereço para «inglês ver».
4. Para além do Relatório de Auto-avaliação e da observação de aulas (facultativa em algumas situações) é introduzida uma Ficha de avaliação global que «pondera todos os factores relevantes para a avaliação — funcionais, pedagógicos ou outros — e regista a atribuição da classificação final.» Quem preenche a ficha, o Relator? Segundo que critérios? A partir de que elementos? Quem define os critérios? Se não houver aulas observadas, avalia com base num porta-folhas? E é com base nesse porta-folhas que o Relator pode atribuir uma classificação de Muito Bom ou de Excelente (repare-se que a partir do 7º escalão já não está prevista a observação de aulas)? Que seriedade profissional e que fiabilidade avaliativa isto possui?
5. A alínea a) do ponto 24 diz: «O Relator tem de pertencer ao mesmo grupo de recrutamento do avaliado, não pode ter um posicionamento na carreira inferior ao deste [até aqui, tudo bem], e, sempre que possível, deverá ter grau académico igual ou superior ao do avaliado.» Sempre que possível?!! Admite-se que um doutorado possa ser avaliado por um licenciado? No ensino superior isso não é aceitável nem possível. Por que razão poderá ser aceitável e possível no ensino secundário?
6. Mas a aberração não termina aqui. Na alínea b) do mesmo ponto lê-se, mas não se acredita: «Quando se trate de avaliar o docente com posicionamento mais elevado na carreira, o Relator será o próprio Coordenador do Departamento, se este pertencer ao mesmo grupo de recrutamento ou, se não for esse o caso, será o docente do mesmo grupo de recrutamento com posicionamento na carreira mais próximo do do avaliado.» Isto é, na alínea a) proíbe-se, de modo expresso, que um professor possa ser avaliado por um colega com um posicionamento na carreira inferior; na alínea b) dá-se o dito por não dito e permite-se que, por exemplo, um professor no 9.º escalão possa ser avaliado por um colega no 4.º ou no 5º escalão!!

Os dislates continuam no texto da proposta, mas os apontamentos já vão demasiado longos.
Fico, pois, por aqui, a aguardar por quarta-feira...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ME revela hoje a sua proposta global de acordo

Não é preciso ser perspicaz para se antecipar que esta proposta global (final?) do Governo vai manter o que de inaceitável tem proposto ao longo das últimas semanas. Mas aguardemos.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Registos do fim-de-semana

Sócrates pisa o risco — Cavaco foi atacado como nunca pelo PS

Ataques a Cavaco dividem socialistas

Estado lucrou 45 milhões com avales à banca

Fundações à margem da lei
— O Estado criou um terço das fundações. Ninguém as fiscaliza —

TC condena avales a BPP
Sol (24/12/09)

CGD financia Isabel dos Santos na compra da ZON

Sousa Pinto quis sair, mas elogio de Sócrates segurou-o

Como Durão preparou a saída para Bruxelas
— Durão Barroso disse-se disponível para Bruxelas em Maio de 2004, conta o presidente do PPE. Por cá, apoiou Vitorino até Junho... —
Expresso (24/12/09)

Radiações usadas em exames oncológicos fora de controlo
— Equipamentos não são fiscalizados e os próprios médicos ignoram se as doses são ou não são excessivas —
Público (27/12/09)

Pensamentos de domingo

«Quando tinha 6 anos queria ser cozinheiro. Quando tinha 7 queria ser Napoleão. A minha ambição, desde então, tem crescido sempre.»
Salvador Dali

«Uma das primeiras coisas que se nota num país atrasado é o facto das crianças ainda obedecerem aos pais.»
Claude Callan

«Se os triângulos fizessem Deus, faziam-no com três lados.»
Montesquieu
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos

John Lewis

sábado, 26 de dezembro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia Social e Política

O Estado da Natureza
«Ao descrever o que a vida humana seria sem governo, Hobbes considerou famosamente o estado natural do homem como "solitário, pobre, mau, brutal e curto". Tanto quanto sabemos, Hobbes não tinha um grande sentido de humor, mas há sempre algo engraçado nas listas que inserem um argumento decisivo no fim, como a senhora que se queixou de que a comida na sua estância de férias era "fria, meio crua, repugnante — e que as doses eram demasiado pequenas."
Um aspecto da natureza humana que Hobbes não previu foi o romance da vida num estado natural, especialmente numa época em que tantas pessoas tentam estabelecer contacto com o seu lado interior selvagem.
Trudy e Josephine inscreveram-se num safari no interior australiano. Uma noite, já tarde, um aborígene de tanga esgueirou-se para a tenda das duas mulheres, arrancou Trudy da sua enxerga e arrastou-a para a selva, onde "abusou dela". Trudy só foi encontrada na manhã seguinte, deitada junto a uma palmeira e completamente atordoada. Foi levada para um hospital em Sydney para recuperar. No dia seguinte, Josephine foi visitar Trudy e constatou que a amiga estava abatida.
Josephine: Deves estar a sentir-te muito mal.
Trudy: É claro que estou! Já se passaram vinte e quatro horas e não recebi um cartão ou flores... ele nem sequer telefonou!»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Às quartas

Noite

Encontraram-no caído
Ao fundo daquela rua;
Chamaram-no pelo nome, e era eu!
— O Poeta andava à lua
E adormeceu...

Foi o que disse e jurou
Pela sua salvação
A Perdida
Que viu tudo da janela...
E o guarda soube por Ela,
Pelo pranto que chorava,
Quem era na minha vida
O Guarda que me guardava...

— Andar à lua é proibido...
Mas Ela pagou a lei
Por um beijo que lhe dei
Antes ou depois de ter caído,
Nem eu sei...

Miguel Torga

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Retratos de Sócrates (15)

«À medida que se agitavam as bandeiras para sair da crise herdada do anterior governo de direita, a que era preciso fazer face, os negócios do Estado começaram a multiplicar-se. Cada vez maiores e sempre envoltos em polémica. [...]
Curiosamente, ou não, a mudança de mãos do grupo "Lusomundo" foi uma espécie de tiro de partida para gigantescas operações financeiras em que o Estado, directa ou indirectamente, teve uma posição determinante. Começara o campeonato dos grandes negócios, contribuindo para o clima que se viria a tornar cada vez mais irrespirável.
Joaquim Oliveira recebeu a luz verde necessária do governo de maioria socialista para comprar o grupo à Portugal Telecom (PT) por pouco mais de 300 milhões de euros, em Julho de 2005. A transacção foi tão estranha como a anterior venda do mesmo grupo à empresa de telecomunicações, em Novembro de 2000.
A "Controlinvest" era uma espécie de pigmeu em comparação com a "Lusomundo", mas o tempo corria de feição para este tipo de 'digestão' milagrosa, marcadamente política, tanto mais que Joaquim Oliveira também contava com aliados bem colocados, bem próximos do primeiro-ministro. E até com a ajuda da banca, pelo menos daquela que tinha eleito o futebol como negócio estratégico.
Mais uma vez, um empresário surgido do nada conseguiu chegar ao topo com negócios em que o Estado tinha uma palavra a dizer. Foi assim com a "Sport TV", com as transmissões de futebol de que a "RTP" abriu mão, e também foi assim com a compra de um dos três maiores grupos de comunicação social, detentor dos matutinos "Jornal de Notícias" e "Diário de Notícias", a rádio "TSF", a revista "Grande Reportagem", entre outros.
Outro negócio viria a ser rapidamente concluído na área da comunicação social. A espanhola "Prisa", um grupo com dimensão mundial, próxima dos socialistas espanhóis do PSOE, comprou a estação de televisão "TVI". De uma penada, a revolução na informação começou a fazer-se sentir, tal e qual como a crescente, e muitas vezes insuportável, influência e presença política do seu novel responsável governamental — Santos Silva.
A atenção ao fenómeno da informação não ficou por aqui. Ainda o governo não tinha completado um ano de existência e já os mais destacados elementos da entusiasta corte da nova esquerda clamavam aos sete ventos a existência de espaço para uma nova televisão.
O feu rouge que obrigou a abrandar os elogios ditirâambicos, ocorreu a 21 de Julho de 2005, quaro meses após a tomada de posse. O mais espantosos é que não surgiu do lado certo da barricada, mas de dentro do próprio governo. O ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, um dos grandes trunfos do governo, bateu com a porta. Foi a surpresa total. […..] Não foi o fim do estado de graça, mas foi suficientemente grave para fazer pensar no que tinha dado origem à crise. Afinal, o reputado professor da "Universidade Católica" tinha manifestado reservas em relação aos grandes investimentos, como o TGV e o novo aeroporto da Ota. Ou seja, tinha tido o atrevimento de entrar num terreno que mais parece um triângulo perfeito — obras públicas —que é muito caro a José Sócrates. [...]
À medida que a polémica das grandes obras se começava a acentuar, lembro-me de ter comparado José Sócrates a um pedinte que deseja ser transportado num Roll Royce. [...] O que é preciso é ter a ideia, alimentar o sonho, colocar as pessoas no sítio certo e depois logo se vê. Quem vier a seguir que feche a porta.»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 118-120.

Bonecos de palavra

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Registos do fim-de-semana

Deputados do PSD-Porto querem Sócrates a esclarecer a mudança da Red Bull Air Race.

Estalou a guerra no PS de Oeiras por causa de Isaltino e de alegadas ameaças físicas

Pelintras a pedir emprestados dois milhões de euros por hora
Público (18/12/09)

Sócrates trava saída de Teixeira dos Santos

Santos Silva desdiz Amado

Soaristas inventam nomes contra Alegre

Jardim pondera liderança do PSD

Ministério da Agricultura colocou 900 funcionários nos disponíveis. Mas agora estás prestes a recontratar mais de metade
Expresso (19/12/09)


Relação confirma envolvimento de Ricardo Rodrigues [PS] com "gang internacional"

Sérgio Sousa Pinto desfere ataque a Cavaco
Público (20/12/09)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Pensamentos de domingo

«Se Deus não quisesse que comêssemos animais para que os faria de carne?»
Sarah Palin, ex-candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos, Newseek.

«O público devia aprender a tolerar as desigualdades.»
Brian Griffiths, vice-presidente do banco Goldman Sachs, The Guardian.

«Se pensam que podem colaborar com as ditas organizações de direitos humanos sem sofrerem consequências, devem viver num mundo de sonhos. Mato-vos e não me acontece nada.»
Yaya Jammeh, Presidente da Gâmbia, Le Pays.
In Courrier International, n.º167.

Penguin Cafe Orchestra

sábado, 19 de dezembro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia Social e Política

«Nos séculos XVII e XVIII, filósofos políticos como Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau encontraram ímpeto para formar um governo para a insegurança do homem que vivia no caos do estado natural. Esses filósofos não estavam a referir-se apenas aos perigos dos animais selvagens existentes na natureza; estavam a referir-se à anarquia: os riscos do tráfego nos dois sentidos, de vizinhos ruidosos, de roubo de esposas, esse género de coisas. Esses inconvenientes levaram homens e mulheres a organizarem-se em Estados soberanos. Os limites às liberdades individuais foram aceites como uma contrapartida justa em troca dos benefícios do Estado.
Um coelho bravo foi apanhado e levado para o laboratório de um Instituto Nacional de Saúde. Quando chegou, fez amizade com um coelho que tinha nascido e sido criado no laboratório.
Uma noite, o coelho bravo reparou que a sua gaiola não tinha sido bem fechada e decidiu fugir para a liberdade.
Convidou o coelho de laboratório para fugir consigo.
O coelho de laboratório estava inseguro, pois nunca tinha saído dali, mas o coelho bravo conseguiu convencê-lo a experimentar.
Já em liberdade, o coelho bravo disse:
— Vou mostrar-te o terceiro melhor campo — e levou o coelho de laboratório para um campo cheio de alfaces.
Depois de comerem até se fartarem, o coelho bravo disse:
— Agora, vou mostrar-te o segundo melhor campo — e levou o coelho de laboratório para um campo cheio de cenouras.
Depois de se encherem de cenouras, o coelho bravo disse:
— Agora, vou mostrar-te o melhor campo — e levou o coelho de laboratório para uma coelheira cheia de coelhas.
Foi o paraíso... copularam a noite inteira sem parar.
Ao amanhecer, o coelho de laboratório anunciou que tinha de voltar para o laboratório.
— Porquê? — perguntou o coelho bravo. — Mostrei-te o terceiro melhor campo com as alfaces, o segundo melhor campo com as cenouras e o melhor campo com as senhoras. Porque é que queres voltar para o laboratório?
— É mais forte do que eu — replicou o coelho de laboratório. —Estou mortinho para fumar um cigarro.
São os benefícios de uma sociedade organizada.»

Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

O que faz falta é avaliar a malta?

Um artigo de João Ruivo:

«A avaliação de um professor é uma actividade projectada no futuro. Conhecidos que forem os resultados da avaliação, tudo, ou quase tudo está por fazer. É com base nos dados recolhidos pelo avaliador e pelo avaliado que se traçam as grandes linhas de actuação que estão para vir. Ou seja, as actividades de melhoramento ou de remediação do desempenho do professor começam precisamente aí. Por isso mesmo, o resultado da avaliação é tido como um dado de presságio que, em contínua espiral de desenvolvimento, deve acompanhar toda a carreira do professor, adaptando-se às necessidades pressentidas em cada um dos diferentes estádios profissionais que ele atravessa.

O processo de avaliação, assim entendido, terá que merecer uma aceitação indiscutível por parte de avaliadores e de avaliados. Até porque o professor, em determinadas situações avaliador de si próprio, deve contribuir para que progressivamente sinta que é dispensável a ajuda externa dos seus supervisores, já que a avaliação deve encaminhá-lo para estádios de mestria, e para progressivos níveis de excelência, conferidos pelo auto-controle e pela auto-formação. Nestes contextos a classificação pode até ser um prescindível elemento da avaliação… Daí que se diga que o principal objectivo do supervisor é… tornar-se dispensável.

Em Portugal vivemos momentos de pura cegueira sobre esta matéria. Há quem entenda que a implementação séria de um modelo de avaliação dos professores é tarefa administrativa, resultando apenas de progressivos consensos gerados à mesa de negociações.

E, de todo, não o é! Pelas implicações pessoais e profissionais que pode implicar, um modelo de avaliação de professores é coisa mais séria… Tem que contemplar a soma das actividades em que ele se desdobra e em que se envolve. Logo, deve apreciar o professor enquanto profissional, mas também como pessoa, como membro de uma comunidade, como técnico qualificado na arte de ensinar e como especialista das matérias que ensina. Portanto, requer a intervenção, desde logo dele próprio, mas também de outros agentes que sobre ele se pronunciam. E todos esses intervenientes do processo avaliativo, para que consigam alcançar o exercício pleno da sua missão, carecem de uma formação específica e especializada em supervisão e em observação de actos pedagógicos.

Na sociedade do conhecimento e da informação, requer-se também a montagem de uma rede de comunicações, em que a vídeo gravação e a observação à distância tenham lugar de destaque; assim como se deve promover o recurso à hetero-observação, à autoscopia, à vídeo-conferência e à circulação de portefólios digitais, enquanto recursos, meios e produtos indispensáveis ao desenvolvimento de docentes que, diariamente, lidam com jovens da geração facebook.

Por isso mesmo, a avaliação, e os produtos dela decorrentes (eventualmente a classificação) não podem ser anuais! São desejáveis períodos mais longos (por exemplo quatro anos – medida do intervalo dos concursos e da progressão nos escalões) para que o resultado da avaliação se sedimente; para que os efeitos da melhoria do desempenho possam ser observados, registados e reflectidos; e para que deles possa emergir um sentimento de gratificante recompensa pelo trabalho entretanto desenvolvido.

Um sistema destes também requer tempo para ser testado e validado, antes de ser generalizado. Impõe uma escolha criteriosa das escolas que irão constituir a amostra, bem como dos instrumentos e dos agentes que vão avaliar esse pré-teste. Obriga a uma escolha prudente dos futuros avaliadores, após se ter procedido ao estabelecimento de um perfil desses supervisores. Impõe a rápida formação dos professores e dos seus avaliadores… Isto é, a implementação de um tal sistema requer tempo e a afectação generosa de recursos humanos e financeiros.

Não me parece ser este o caminho escolhido pela tutela. Esta está mais apostada em proceder a um rápido remendo administrativo, ou a uma reforma semântica, de um sistema de avaliação, burocrático e siadapiano, que até hoje apenas provou que nada vale.

À mesa das negociações traçam-se cenários que tudo têm a ver com a busca de uma solução política que ultrapasse o quadro de guerrilha que se apoderou das nossas escolas. Mas, reconheça-se que, se nessa fotografia ninguém quiser ficar mal, esses cenários pouco terão que ver com as merecidas vitórias por que tanto e tão dignamente lutaram os professores.»

O agradecimento a Ana Joaquim, pelo envio deste artigo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fragmenti veneris diei

«Pela primeira vez pensei que fizera mal em não ter aceitado a reconciliação pedida pelo meu ex-marido, teria sido possível que ele me tivesse aceitado de novo, é um conciliador, eu corto a direito, teria valido a pena amaciar o comportamento, ostentar uma tolerância que os tempos exigem, não a sinto, à tolerância, não me vem do coração, eduquei os meus dois filhos no rígido sentido do dever e da disciplina — esforçar-se, trabalhar arduamente, cumprir objectivos em prazos determinados, não esperar louvores nem triunfos, não aceitar falhas, desprezar os fracos e os preguiçosos, os fingidos, os contadores de anedotas, os que, como o meu ex-marido, trocam uma noite de leitura ou de estudo por uma jantarada na marisqueira ou um pé de dança na discoteca, não contar com auxílio alheio, menos com protecção, favores, complacências e benevolências, palmadinhas nas costas, toda a ajuda suspeita, antes presumir patifarias, armadilhas, hipocrisias, prever o pior para dar valor ao conseguido, reflectir antes de agir, escalonar as possibilidades de imprevisto segundo uma hierarquia de probabilidades, estabelecer um plano B, em casos difíceis um plano C, ter consciência das suficiências, combater os defeitos e, inevitável, enraizar na mente, como um lema evangélico, a convicção de que os bons vencem sempre, os sacrificados, os que não desistem de lutar, mesmo se momentaneamente derrotados.
Se tivesse amaciado o meu carácter inflexível, não estaria a jantar sozinha esta noite de Natal e poderia assumir o meu novo cargo de braço dado com um homem»
Miguel Real, A Ministra, pp. 17-18.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mais um amigo de José Sócrates punido

O Conselho Superior do Ministério Público decidiu hoje punir com 30 dias de suspensão o procurador Lopes da Mota por este ter pressionado os procuradores responsáveis pelo processo Freeport para arquivarem o caso.
Obviamente que, uma vez mais, nada disto tem que ver com o primeiro-ministro. Obviamente.

Outra quarta-feira de negociações

Às 18,33h o sítio do Público noticiava:
«O ministério da Educação assumiu hoje perante a Fenprof que todos os professores avaliados com "bom" terão acesso ao topo da carreira».
Isto quer dizer exactamente o quê? Em que condições pode isso acontecer? Têm acesso às vagas sobrantes dos Excelentes e Muito Bons? Ou acabaram as quotas para todos terem acesso? Ou acabaram os Excelentes e os Muito Bons? Ou... ?
A estratégia de fazer hoje uma afirmação isolada, não explicada, não contextualizada, e na semana seguinte, mais outra afirmação isolada, não explicada, não contextualizada, e na semana que virá mais outra revela muito pouco respeito por aqueles que vêem a sua vida profissional ser negociada segundo critérios que desconhecem.
Entretanto, parece que faltam quatro dias para que o ridículo prazo de trinta dias, dado pelo PSD para o Governo alterar o ECD e o modelo de avaliação de desempenho, chegue ao fim...

O Palhaço



O palhaço

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.

Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.

E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.

Ou nós, ou o palhaço.

Jornal de Notícias (14/12/09)

O agradecimento ao Miguel Teixeira, pelo envio deste artigo.

Retratos de Sócrates (14)

«O principal target da governação ficou concluído pouco mais de um mês depois da tomada de posse [aprovação da resolução que criou o Sistema de Acompanhamento dos Projectos de Potencial Interesse Nacional (PIN) - cf. Retrato nº 13. O "Freeport" não se repetiria mais, pelo menos nos mesmos moldes]. Foi obra digna de monta. Mas não ficou por aqui. Três anos depois, já no início da recta final do seu mandato, em 30 de Junho de 2008, o governo aprovou dois decretos para a simplificação dos procedimentos administrativos em relação aos PIN's, agilizando ainda mais a possibilidade de construção de grandes empreendimentos em zonas proibidas pela legislação geral, nomeadamente Rede Natura, Reserva Ecológica Nacional e Reserva Agrícola Nacional.
O "homem" e o "líder" são como a natureza: têm horror ao vazio. A permanente sensação de concretização tem de estar em marcha. A fúria realizadora, ainda que muitas vezes só no papel, também fez o seu caminho no início. A presença constante nos media chegou a impressionar, tanto ou mais que o tratamento preferencial que a televisão pública sempre lhe concedeu, com o maior descaramento.
A governação passou a ser uma gigantesca ilusão, com truques e mais truques, como se de 'crimes' perfeitos se tratassem. Por vezes, nem havia tempo para os assimilar. Quando se começava a analisar um, já estavam cá fora mais uns tantos. Tudo a um ritmo estonteante. O efeito de paralisação das entidades com responsabilidades no escrutínio da actividade governamental foi evidente.
Mas a pérola do início da governação ainda foi mais requintada. Ainda durante o ano de 2005, José Sócrates consegue uma proeza extraordinária. Uma comissão — e não o Banco de Portugal — liderada por Vítor Constâncio elaborou um relatório 'independente' que estimou o défice na casa dos 6,83%. O ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, deu a triste notícia, em 23 de Maio de 2005: " A situação orçamental é, portanto, mais difícil do que então se esperava". De imediato, José Sócrates anunciou o aumento dos impostos. E convocou um conselho de ministros extraordinário para discutir as medidas adoptar. Perfeito! Foi o álibi para faltar a uma das suas principais promessas eleitorais: não aumentar os impostos. O paradigma da governação estava criado. [...]
A encenação foi de tal dimensão, e tão amplamente conseguida, que José Sócrates não só aumentou os impostos como também deu a maior paulada de que há memória nas garantias sociais. A reforma da Segurança Social não foi nem mais nem menos do que um fartar de cessação de direitos adquiridos, nomeadamente em relação às reformas e ao subsídio de desemprego, entre outros como os subsistemas de saúde. [...] Com uma campanha feroz, que explorou a ignorância militante dos portugueses em relação à história europeia, e que se sustentou no risco de "Portugal ser alvo de um procedimento por défice excessivo", como se fosse uma situação ímpar na União Europeia, José Sócrates conseguiu de uma penada fazer o mais difícil, sem que a contestação atingisse proporções difíceis de controlar. [...]
Este início ao jeito de buldozer, mas não menos assustador, não alterou a percepção dos principais opinion makers. Nem tão pouco resultou numa quebra de popularidade. Os portugueses estão habituados ao sacrifício, uma espécie de hábito salazarento que ainda por cima os inibe de protestar em tempo útil. Era preciso apertar o cinto, então tinha de se apertar o cinto. Ponto final! »
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 116-118.

Às quartas

BEL

Hálito de terra depois da chuva:
cálida ternura
aflorando
do lábio

Teu corpo
leveza que pesa
um saber sábio
secreto
da Natureza

Por isso os bichos te amam
em suas falas naturais:
os felinos
os caprinos
e os poetas - bichos marginais

Luís Veiga Leitão

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Registos do fim-de-semana

Acusação contra CTT refere 'luvas' de 1,6 milhões de euros

Cavaco Silva não vai responder ao PS

Mortos na estrada: Governo e Medicina Legal têm números muito diferentes [622 e 969, respectivamente]

Socialistas sobem tom nas críticas a Sócrates

'Face Oculta': PSD quer despachos do PGR

Jaime Gama recua nas faltas dos deputados

Jardim está sem dinheiro

Autarcas movimentam-se — bases do PS e PSD já preparam revisão da lei de limitação de mandatos

UE pede mais explicações sobre 'Magalhães' — Portugal pode ser condenado por incumprimento da lei da concorrência

Sobrou dinheiro na Saúde — Auditoria do TC revela que ficaram por investir 170 milhões nos cuidados continuados

Isaltino escolhe adjunto da CDU

Impasse na Educação
Sol (11/12/09)

Gestão danosa nos CTT custou 13,5 milhões de euros à empresa

PS quer casamento gay antes do Orçamento

Portugueses só deixam casa dos pais aos 29 anos

Vara sugere que investigação foi mal conduzida

Orçamento rectificativo — Colapso fiscal forma aumento do limite do endividamento

Suspensão de Lopes da Mota sem efeitos imediatos

Erros cirúrgicos afectam 50 mil portugueses/ano
Público (11/12/09)

Vara quer voltar ao BCP — Accionistas aprovam

Orçamento rectificativo: Só o PS aprova as novas contas

Eventuais sucessores de Sócrates distanciam-se do PS a propósito da corrupção

Londres e Paris lideram ofensiva fiscal sobre bónus na banca. Portugal afasta novo imposto
i (11/12/09)

Governo cedeu ao PSD nas Finanças Regionais e Madeira tem luz verde para contrair empréstimo de 79 milhões

Oposição acusa executivo de ter esquecido números da crise

Oposição exige atitude do Governo sobre Lopes da Mota

Governo alarga Novas Oportunidades aos empresários
Público (12/12/09)

Governo negociou rectificativo com Jardim

Em Portugal existem 17 presos por crimes de corrupção

Manuela quer deixar Sócrates ferido de morte...
— PSD não larga Face Oculta e gestão dos dinheiros públicos, quer provar que tem razão e admite chumbar OE

Quanto custou o Magalhães?
— A Fundação diz que o Estado pagou €112 milhões pelos computadores. O ministro fala em mais oito milhões...

Computador Magalhães: Governo reforça verbas da Acção Social Escolar
Expresso (12/12/09)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Keith Jarrett

Pensamentos de domingo

«Compreender o mundo e gostar dele são duas coisas dificilmente conciliáveis.»
George Saville, In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.

«Depois da religião e da moral, copos de vinho pequenos são o pior que conheço.»
A. N. Sundberg, In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.

«Penso que tenho mais energia do que há dez anos. Consigo subir a correr qualquer escadaria, sobretudo para chegar a um cigarro.
David Hockney, in Courrier Internacional, n.º 166.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Debate promovido pelo Bloco de Esquerda

Debate: Professores - O ponto da situação
Já tive oportunidade de realçar o mérito desta iniciativa, promovida pelo Bloco de Esquerda, que agora reafirmo. A expectativa não era, obviamente, chegar a conclusões nem definir estratégias; a expectativa era debater, reflectir e partilhar sentimentos, ideias e vontades.
Com a presença de algumas dezenas de professores, o debate possibilitou que fossem apresentadas e confrontadas diferentes perspectivas sobre a actual situação. Bloco de Esquerda, sindicatos (SPGL e SPN) e docentes tiveram oportunidade de expressar leituras e propostas, em alguns aspectos assumidamente divergentes, sobre elementos referentes ao Estatuto da Carreira Docente, à Avaliação de Desempenho, ao modelo de gestão, à acção dos sindicatos e, em particular, à Escola que queremos.
Foi anunciada, pelos sindicatos, a realização de plenários de professores a partir da próxima semana, para análise do processo negocial em curso.

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca da Filosofia da Imprecisão
«Um conceito linguístico contemporâneo e técnico define-se pelo nome enganadoramente banal de "imprecisão". "Imprecisão" é um termo usado pelo filósofos chamados "lógicos imprecisos" (juro por Deus) para descrever a qualidade de "ter um valor verdadeiro de um a dez" em vez de ser absolutamente verdadeiro ou falso. "Aquele homem é calvo", por exemplo, pode ser usado em referência a qualquer pessoa desde Michael Jordan até Matt Lauer. Do ponto de vista de Matt, o termo é demasiado vago.
Alguns filósofos consideraram que a imprecisão é um defeito universal das línguas naturais — por exemplo, sueco ou swahili — e defenderam a construção de uma língua artificial, como a matemática, para eliminar a imprecisão.
Na história que se segue, o guarda está a tentar misturar uma linguagem natural vaga e uma linguagem matemática precisa com resultados previsíveis:
Alguns turistas no Museu de História Natural estão maravilhados com os ossos de dinossauro. Um deles pergunta ao guarda:
— Pode dizer-me quantos anos têm estes ossos?
— têm três milhões, quatro anos e seis meses de idade — responde o guarda.
— É um número extremamente exacto — replica o turista. Como é que sabe essa idade com tanta exactidão?
— Bem, os ossos do dinossauro tinham três milhões de anos quando comecei a trabalhar aqui — responde o guarda —, e isso foi há quatro anos e meio.»
William James descreveu um espectro de formas de pensar que vão desde "espírito sensível" até "espírito rígido". Os filósofos de espírito mais sensível defendem que as linguagens naturais vagas têm vantagem sobre a matemática: dão-nos mais espaço de manobra.
Uma mulher de 80 anos entra na sala de convívio dos homens no lar de terceira idade. Ergue o punho fechado no ar e anuncia:

— Quem adivinhar o que tenho na mão pode fazer sexo comigo esta noite!
— Um elefante! — grita um velhote ao fundo da sala.
— A mulher pensa durante alguns instantes e responde:
— Resposta certa!»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Fragmenti veneris diei

«Quando o tio-pai regressava do giro das vendas, inspeccionava-me o quarto, a almofadinha cor-de rosa-batida, redondinha, lisa, sem mancha da saliva nocturna babada durante o sono, um cabelo descuidado tombado na carpete, a colcha de retalhos lisa como um fio de prumo, as bonequinhas lavadas e penteadas perfiladas na prateleira de contraplacado por cima da cabeceira da cama, o trem de louça de plástico arrumadinho, os dois pares de sapatos na sapateira da criança, as três camisinhas na gaveta superior da cómoda, as saias e o casaquinho de veludo com gola de pele fingida, cor de mostarda, no guarda-fato estreito, o tio-pai passava o dedo indicador sobre o tampo de marmorite da mesinha-de-cabeceira, nem um grãozinho de pó, espreitava por baixo da cama, nem um grãozinho de pó, tudo limpinho, clamava o tio-paizinho, fiada branca dos dentes ostentada, tem direito a dois caramelozinhos, um com recheio de chocolate, outro de licor de anis, a tia-mãe ralhava da cozinha, licor é álcool, turva a mente, chocolate cria cáries, o dentista é caro, eu, atormentada pelo pavor do álcool, escolhia o caramelo de chocolate, sugava-o de consciência pesada, enrolando-o na língua, chupando-o a caminho da casa de banho, bochechava com água abundante (a tia-mãe gritava da cozinha, não gastes a água, está pelo olhos da cara), limpando-a do sabor pecaminoso do chocolate. Saias e blusas escuras no Orfanato, proibida de me perfumar, usar batom ou realçar os olhos com rímel, cara lavada a sabão azul e branco, ordem da Cavalgadura, a tia-mãe vestia-me cor-de-rosa no fim-de-semana de regresso do marido, este sentava-me ao colo, figurava um índio mau, um ladrão de subúrbios, simulava gestos bruscos de um mulato aciganado, ou um cigano amulatado, por vezes fingia-se de ratazana de esgoto, lambuzava-me o pescoço com beijos, eu sujeitava-me, mirando ansiosa a tia-mãe a fazer croché na poltrona verde, lançando olhares oblíquos para o rádio novo, apagado, poupança na conta da electricidade, a tia-mãe soerguia-se, alisava as pregas da saia, perguntava quem queria batatas fritas, eu batia palminhas, chiava entusiasmada, eu, eu, aproveitava para me sacudir do corpo do tio-pai, seguindo a tia-mãe para a cozinha, esta inspeccionava o saco de rede das batatas na despensa, temos poucas, poucas mas grandes, só fritamos duas, uma para ti, outra para o tio-pai eu não quero; o tio-pai ligara a rádio da sala, embevecido, atento ao discurso de Oliveira Salazar, o Ditador-Superior, como lhe chamava, obrigando-me a ouvir a totalidade do discurso, ilustrando com exemplos simples o raciocínio subido do Presidente do Conselho.»
Miguel Real, A Ministra, pp. 15-16.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quinta da Clássica - A. Corelli

Mais uma quarta-feira de negociações

Mais uma quarta-feira de negociações entre o ME e os sindicatos. Pelas informações divulgadas, quer a FNE, quer a Fenprof referiram como elemento de divergência o problema dos estrangulamentos administrativos, isto é, as quotas. Não me apercebi de que tivesse sido noticiado algo mais do que isto. É evidente que se trata de um elemento fundamental, todos o sabemos, mas é só este o pomo de discórdia? Quanto ao resto, Governo e sindicatos estão de acordo?
Isto é:
— como estamos quanto à formação dos avaliadores? Que formação vão ter? Dada por quem? É formação de médio e de longo prazo ou é daquela formação de 15 ou 25 horas, vergonhosamente pensada e pior concretizada, como aconteceu no ano passado?;
— quanto à dimensão formativa da avaliação: em que ponto estamos? Continua a ser para enfeitar? Os sindicatos concordam? Se não concordam que alterações foram introduzidas à posição inicial do ME? Que propostas existem para operacionalizar a vertente mais importante da avaliação? Que garantias há de que ela vai ser efectivamente realizada?;
— quanto ao período temporal dos ciclos avaliativos: vão ser correspondentes ao tempo do escalão ou vão continuar a ser, sem justificação que se conheça, de 2 em 2 anos? Os sindicatos estão dispostos a aceitar isto?;
— quanto ao presente: estamos a chegar ao fim do mês e, pelo que se sabe, não há directivas universais do ME para as escolas. Está instalado o «salve-se quem puder», com Excelentes e Muito Bons em regime de self-service para premiar quem se candidatou a essa classificações, mesmo sabendo que só iriam ser observadas duas aulas e que o processo avaliativo duraria somente três ou quatro meses, e em alguns casos menos tempo. Já foi garantido que nenhum professor será beneficiado ou prejudicado com os resultados alcançados através desta avaliação incompetente e faz-de-conta? Ou seja, já foi garantido que as classificações obtidas não vão ter efeitos nem para concurso nem para progressão na carreira? O silêncio dos sindicatos sobre esta questão é inaceitável, porque, mais uma vez, é a dignidade e a seriedade profissional que está em jogo. A este propósito, não deixa de ser interessante ouvir o argumento dos direitos adquiridos para defesa da tese da impossibilidade de anular os efeitos dessa pseudo-avaliação. É curioso que essa argumento sirva apenas para o presente, porque o mesmo argumento não teve qualquer serventia, nos últimos quatro anos, período em que múltiplos direitos adquiridos foram atirados ao lixo pelo mesmo Governo que agora os defende —mas, também curiosamente, não é só o Governo que alude a tais direitos... À luz deste princípio, os professores titulares não poderiam, agora, ser destituídos desse estatuto, pois também tinham adquirido esse direito. Também não deixa de ser curioso verificar como é possível defender direitos que foram adquiridos através de um processo iníquo e incompetente (obter uma classificação de Excelente, conseguida em três meses com duas aulas assistidas e que avalia um ano inteiro, pode ter outra designação?);
— finalmente, quanto aos 34 anos para se atingir o topo da carreira: qual é o ponto da situação?

Manter os professores sem informação sobre a maior parte dos aspectos que estão a ser negociados nunca foi boa política sindical. Nunca foi e, com toda a certeza, continuará a não ser.

Mário Lino retirou 180 milhões de euros à Acção Social Escolar para pagar Magalhães

09.12.2009 - 17:20 Por PÚBLICO

O ex-ministro das Obras Públicas Mário Lino terá ido buscar, já em final da legislatura, cerca de 180 milhões de euros à Acção Social Escolar para pagar o computador Magalhães e fazer o acerto de contas com as operadoras, noticia o site da revista "Visão". A informação foi confirmada pelo ex-governante.

A Acção Social Escolar acabou a pagar computadores a quem é e também a quem não é carenciado


Segundo adianta a revista, a Fundação para as Comunicações Móveis (FCM), que gere o programa de distribuição dos computadores pelas escolas, recebeu uma transferência financeira de aproximadamente 180 milhões de euros da Acção Social Escolar (ASE) para pagar aos operadores móveis.

Uma informação confirmada ao PÚBLICO por fonte governamental, a qual sublinhou que a transferência de verbas da ASE estava prevista desde o início dos programas e-escola e e-escolinha (Magalhães), mas exclusivamente para comparticipar computadores dos alunos mais carenciados, beneficiários dos apoios da acção social escolar.

Segundo a Visão, terá sido desta forma que a FCM conseguiu saldar as dívidas com as operadoras móveis Optimus e TMN que, por sua vez, e conforme estava negociado com o Governo, terão entregue aproximadamente 100 milhões de euros à JP Sá Couto, fornecedor dos cerca de 370 mil computadores Magalhães distribuídos pelos alunos do 1º ciclo do ensino básico. Os restantes 80 milhões ficaram para os operadores, a título de devolução dos valores avançados para o pagamento dos computadores do e-escola (2º e 3ª ciclos do ensino secundário, professores, formandos das Novas Oportunidades, etc.), acrescenta a "Visão".

O agradecimento a Ana Joaquim, pelo envio desta notícia.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Assim se faz política em Portugal

Às quartas

A palavra não tem olhos mas pálpebras de neblina
às vezes transparente Por isso ela caminha lentamente
como uma sombra em corredores de sombra
e treme como se fosse cair ou perder o seu hálito

Ela quer ler a sua própria chama
que às vezes não é mais do que um archote de cal
Nunca sabe o dia da semana porque o seu calendário é o vento
e arde sob a chuva da sombra como uma lâmpada trémula

Mas o seu rosto não se vê em nenhum espelho
e embate na porta atrás da qual se ouvem ecos
que não são de ninguém ou já foram e talvez sejam de retratos
e procura levantar a parede que falta sempre num dos seus lados

António Ramos Rosa

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Debate

Este blogue agradece o convite recebido e divulga o cartaz desta louvável iniciativa.


Retratos de Sócrates (13)

«No dia 20 de Fevereiro de 2005, à noite, no Hotel Altis, em Lisboa, sentei-me na primeira fila para ouvir o discurso de vitória de José Sócrates, que conseguiu uma espectacular maioria absoluta, com 45,05% e a garantia de 120 deputados. [...]
Num ápice, todas as dúvidas sobre o passado de José Sócrates desapareceram. A legitimidade popular é assim, embriaga os espíritos mais pobres. O projecto da Cova da Beira, o mistério da aventura empresarial da Sovenco, as manobras de bastidores para a adjudicação da biblioteca da Covilhã, as casas no prédio "Heron Castilho", os mega negócios públicos com o "Euro 2004" e o programa "Polis", os sinais exteriores de riqueza e o "Caso Freeport" ficaram para trás, pareciam irremediavelmente esquecidos. [...] Em Portugal, enfrentar um líder com maioria absoluta, em pleno estado de graça, constitui crime de lesa comunicação social. O resultado esmagou qualquer reserva que pudesse ensombrar o futuro. Como José Sócrates o sabia bem. Ele conhece muito bem os jornalistas e os donos dos grupos económicos que controlam os media. Ele estava no lugar certo, no momento certo. [...]
O primeiro-ministro menos preparado de todos os tempos, com características e traços de carácter perigosos para o exercício do cargo, deu [todavia] provas de maturidade. A chamada de 'independentes' para o governo, como Diogo Freitas do Amaral e Luís Campos e Cunha, deixaram meio mundo surpreendido. Naquele momento, não tive a serenidade e lucidez de concluir que se tratava apenas de um gesto instrumental, da necessidade de José Sócrates se legitimar no seio da elite, dos académicos e dos velhos políticos fundadores do regime democrático. Atormentado por complexos provincianos e consciente da falta de curriculum universitário, deu uma prova de grande sabedoria ao rodear-se de ministros reconhecidos pela comunidade. [...]
[Mas] não foi preciso muito tempo para perceber até que ponto o primeiro discurso de tomada de posse, em 12 de Março de 2005, estava repleto de ilusões, para não lhe chamar completas mentiras políticas O tempo provou que nunca um governo, desde o 25 de Abril, usou tanto a propaganda e a estratégia de anúncios, alicerçada em gabinetes internos e agências de comunicação pagas a peso de ouro, para ganhar a batalha da opinião pública. Se os anúncios se concretizavam ou não, isso era outra conversa. Não interessava nada. O objectivo era passar a mensagem de que se estava a fazer, fazer, fazer, não interessa se bem, mal ou melhor. [...]
Esta perspectiva, associada a uma política de permanente intimidação dos jornalistas, ganhou asas. Contra o escrutínio, a palavra do governo sobrepunha-se. E quando não era suficiente, então entrava a lógica da pressão, que, por coincidência ou não [...] — resultava na maior parte dos casos em substituições, afastamentos e demissões dos jornalistas mais críticos. [...]
Com a investigação jornalística a morrer aos poucos, José Sócrates tinha caminho aberto para algumas das medidas mais emblemáticas do seu mandato, e também as mais perigosas em termos de transparência. A legislação dos célebres Projectos de Interesse Nacional (PIN) foi aprovada de forma fulminante. No dia 30 de Abril de 2005, o Conselho de Ministros aprovou a resolução que criou o Sistema de Acompanhamento dos Projectos de Potencial Interesse Nacional. Ainda nem sequer tinha aquecido a cadeira do poder, deu o passo em frente, uma medida que lhe concedia um enorme poder junto dos investidores.»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 111-116.

Registos do fim-de-semana

Sócrates troca de telemóvel
— José Sócrates também trocou de telemóvel no mesmo dia em que Armando Vara e outros arguidos do processo 'Face Oculta' mudaram de aparelho —

Vieira da Silva sem remissão
— Ministro insiste na tese da 'espionagem política' e ignora críticas do PS

Auto-estradas chumbadas: Tribunal de Contas alertou desde Março para ilegalidades

— Mota-Engil e Soares da Costa ameaçam parar as obras. Edifer diz que não pára
Sol (4/12/09)

Manuel Alegre avisa que não será refém do PS

Ritmo das obras nas pontes em risco não é o mais adequado

Carne artificial pode estar à venda nos mercados dentro de cinco anos
Público (4/12/09)

Sócrates cercado pela oposição com escutas e leis anticorrupção

Acusações de pressão do Governo levaram director do "Sol" à ERC
— "Fui pressionado por uma pessoa próxima do primeiro-ministro" (António José Saraiva)
i (4/12/09)

Professores voltam ao calendário dos protestos mas o tom não está definido
Público (5/12/09)

Robôs vão poder viver por nós daqui a 20 anos

«O Google é uma tragédia para os jovens» (Umberto Eco)
i (5/12/09)

Tréguas continuam na Educação

MP queria que Vara pagasse caução de 150 mil

Jaime Silva continua a mandar na Agricultura
— ex-ministro foi convidado para ser o número dois do comissário europeu —
Expresso (5/12/09)

Sócrates não reage às queixas dos autarcas

Jardim pede 129 milhões para PSD aprovar orçamento rectificativo
Público (6/12/09)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Pensamentos de domingo

«O que faz o sucesso em muitas obras literárias é a relação entre a mediocridade das ideias do autor e a mediocridade das ideias do público.»
Nicolas Chamfort

«É consolador saber que 80% dos ouvintes faz outra coisa enquanto ouve rádio.»
Aubrey Singer

«Espero que um ou dois poemas imortais emanem de todo este rebolar.» [Comentou acerca do seu romance amoroso com o poeta Theodore Roethke].
Louise Bogan
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos

John Coltrane

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia da Linguagem - III
«Segundo a linguagem ordinária dos filósofos, a linguagem tem mais do que um objectivo e é usada de forma diversa em diferentes contextos. O filósofo de Oxford, John Austin, referiu que, em termos linguísticos, dizer "Eu prometo" é muito diferente de dizer "Eu pinto". Dizer "Eu pinto" não é a mesma coisa que pintar, mas dizer "Eu prometo" é a mesma coisa que prometer. Usar uma linguagem que é apropriada num contexto linguístico noutro contexto linguístico diferente é o que causa confusões e pseudoquebra-cabeças filosóficos, também conhecidos como história da filosofia. [...]
Histórias em que os personagens têm prioridades diferentes proporcionam analogias divertidas sobre como contextos linguísticos divergentes confundem a comunicação.
Tommy vai confessar-se e diz ao padre:
- Perdoe-me, Padre, porque pequei. Estive com uma mulher dissoluta.
- És tu, Tommy? - pergunta o padre.
- Sim, sou eu, Padre.
- Com quem estiveste, Tommy?
- Preferia não dizer, Padre.
- Foi com a Bridget?
- Não, Padre.
- Com a Colleen?
- Não, Padre.
- Com a Megan?
- Não, Padre.
- Bem, Tommy, reza quatro Pai-Nossos e quatro Avé-Marias.
Quando Tommy sai, o amigo Pat pergunta-lhe como correu.
- Lindamente - responde Tommy. - Tenho de rezar quatro Pai-Nossos e quatro Avé-Marias e consegui três dicas fantásticas!
Na história seguinte, o padre está preso no seu próprio conhecimento do contexto da conversa que está a ter no confessionário e é incapaz de ver a possibilidade de outro.
Um homem entra no confessionário e diz ao padre:
- Padre, tenho 75 anos e a noite passada fiz amor com duas raparigas de 20 anos... ao mesmo tempo.
- Quando foi a última vez que se confessou? - pergunta o padre.
- Nunca me confessei, Padre - responde o homem. - Sou judeu.
- Nesse caso, porque é que está a dizer-me? - pergunta o padre.
- Porque estou a contar a toda a gente - responde o homem.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sobre a segunda versão dos «Princípios» do Ministério da Educação

A segunda versão dos «Princípios para a revisão do modelo de avaliação de desempenho», que o Ministério da Educação entregou aos sindicatos, confirma o que a primeira versão já fazia supor: a vertente formativa do novo modelo de avaliação vai ser apenas um mero adorno, um laçarote para enfeitar.
Nos dez pontos que constituem os denominados «Princípios», não encontramos um único que seja dedicado à dimensão formativa da avaliação. Aquilo que deveria ser a matriz de todo o processo de avaliação foi relegado para um parágrafo de três linhas que enuncia uma mera generalidade: «Compete também ao professor Relator manter uma interacção permanente com o avaliado, tendo em vista potenciar a dimensão formativa do processo de avaliação». Nada de concreto é dito sobre esta matéria. O que deveria ser objecto de particular atenção e de grande detalhe passa despercebido e toda a preocupação é virada para a alegada avaliação sumativa.
Assim, estamos, uma vez mais, perante um cenário em que o objectivo primeiro não é criar condições para que haja uma efectiva melhoria do desempenho docente, com consequências na melhoria das aprendizagens dos alunos, mas é apenas dizer que se avalia para que a opinião pública julgue que se avalia.
A primeira condição para uma avaliação séria, obrigaria a um forte investimento na vertente formativa da avaliação.
A segunda condição para uma avaliação séria, obrigaria a uma formação sólida dos avaliadores, o que significa investir tempo, dinheiro e recursos humanos nessa formação, necessariamente, de médio e longo prazo (como o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores também já o disse).
Estas são duas condições sine qua non para qualquer modelo de avaliação credível.
Ora, como vimos, a primeira condição está praticamente omissa nos tais «Princípios» e a segunda condição é impossível de ser concretizada, à pressa, como o Governo deseja.
O novo modelo começa, pois, a nascer torto. Mas sobre estes dois aspectos fundamentais não tenho lido nem ouvido protestos por parte de quem tinha o dever de os fazer.

Quanto ao resto, alguns apontamentos:
1. Os instrumentos de avaliação, propostos pelo ME, são: Relatório de Auto-Avaliação e Observação de Aulas (apenas quando solicitadas pelo docente). Isto significa que os professores que quiserem serão avaliados apenas pelo Relatório de Auto-Avaliação, o que era rigorosamente o que se passava antes de Maria de Lurdes Rodrigues ter sido investida das funções para o qual não estava preparada (era o que se passava antes dela e, depois, com ela, quando criou o Simplex 1 e o Simplex 2). Isto é, aquilo que, durante três anos, foi insistentemente propalado, por Sócrates, como sinónimo de inexistência de avaliação, é agora apresentado como o novo instrumento de avaliação. É esta a seriedade dos políticos que temos. Em que ficamos, senhor primeiro-ministro, havia ou não havia avaliação?
2. Segundo o documento dos «Princípios», as dimensões do desempenho profissional dos docentes sobre os quais incide a avaliação são as seguintes: «profissional, social e ética; desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; participação na escola e relação com a comunidade; desenvolvimento e formação profissional ao longo da vida.»
Continuo a não entender:
a. que se pretenda avaliar a ética do professor. Mais uma vez não se fala em ética profissional, fala-se apenas em ética, o que deveria significar que todo o comportamento ético do professor deveria ser avaliado. Seria interessante perguntar, quem avalia quem, do ponto de vista ético. Mas este pormenor é ainda mais interessante se tivermos presente a enorme discussão que tem sido travada relativamente à (falta de) legitimidade para se introduzirem juízos éticos na discussão política (desde o chorrilho de críticas que Sócrates fez ao slogan do PSD que defendia a "política da verdade" até à questão da divulgação ou não divulgação das escutas);
b. por que razão não se simplifica. Por que razão não se abdica do discurso que apenas serve para enfeitar a lei e não se envereda por uma terminologia escorreita e dirigida ao que, de facto, é importante? Ou seja, as dimensões a ser avaliadas devem ser simplesmente: processo ensino-aprendizagem; participação na escola; formação profissional contínua. Se se conseguisse avaliar com seriedade e credibilidade estas dimensões, já estaríamos num patamar de proficiência até hoje nunca alcançado, e deixaríamos de encher a lei com redundâncias e com inexequibilidades.
3. Prossegue a insistência em ciclos de avaliação de dois anos lectivos. Qual é a fundamentação desta opção? Não é conhecida nenhuma. Mas este é um dos elementos que faz a diferença entre uma avaliação essencialmente formativa e uma avaliação que, irresponsavelmente, apenas pretende seriar. Uma avaliação sumativa realizada de dois em dois anos inviabiliza qualquer avaliação formativa séria e profícua. Parece-me óbvio que em escalões com uma duração de quatro anos, três desses anos devem ser ocupados exclusivamente com a avaliação formativa e o último ano com avaliação formativa e sumativa.
4. Propôr 34 anos para ser alcançado o topo da carreira só pode ser considerado ou uma irresponsabilidade ou uma provocação. Um professor que inicie a carreira docente aos 24 anos de idade só poderá alcançar o topo, se progredir normalmente, quando estiver a sete anos de atingir a idade da reforma. Fazer uma proposta deste teor revela a pouquíssima consideração que uma ex-professora tem pela função docente.
5. E, obviamente, as quotas mantêm-se....