terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Mais professores que recusam entregar a ficha de auto-avaliação e optam por documento com texto colectivo
Recebemos por e-mail esta informação, que trancrevemos. Se a informação é fidedigna, significa que mais colegas optaram pelo caminho que, para muitos de nós, é o mais correcto.
ESCOLA SECUNDÁRIA DO MONTE DE CAPARICAACTA
da Reunião Geral de Professores de dia 22 de Junho de 2009
da Reunião Geral de Professores de dia 22 de Junho de 2009
Aos vinte e dois dias do mês de Junho de dois mil e nove, pelas doze horas, na Escola Secundária do Monte de Caparica, realizou-se uma Assembleia Geral de Professores convocada ao abrigo da lei sindical, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1-Informações;
2-Avaliação do Desempenho: auto-avaliação;
3-Outros assuntos.
Ponto um: Informações
No âmbito deste primeiro ponto, foram os presentes confrontados com o ponto de situação do processo de Avaliação do Desempenho Docente (versão simplex), quer no contexto Nacional quer no contexto das posições defendidas na Escola desde que o processo se iniciou.
Ponto dois: Avaliação do Desempenho: auto-avaliação
No que a este ponto respeita, foi pedida a participação à assembleia e solicitadas propostas no sentido de os docentes se posicionarem face à entrega da Ficha de Auto-Avaliação.
Da contribuição dos presentes, foi possível sintetizar um conjunto de três propostas:
P1- Entrega de ficha de Auto-Avaliação;
P2- Não entrega de ficha de Auto-Avaliação;
P3- Não entrega de ficha de Auto-Avaliação, mas a elaboração, e consequente entrega, de um documento colectivo que fundamentasse, mais uma vez, a nossa recusa ao modelo de Avaliação de Desempenho Docente e que registasse o cumprimento, por parte dos signatários, de todo o serviço distribuído no biénio dois mil e oito – dois mil e nove.
Depois de as três propostas terem sido colocadas à votação, venceu, por maioria, a proposta três.
Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão e lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai, nos termos da lei, ser assinada por mim, que a secretariei e pelo Delegado Sindical.
O Delegado Sindical:
O/a Secretário/a:
Registos do fim-de-semana
Novas provas contra Isaltino
Contas de campanha indicam sobras de apenas 15 mil euros e autarca depositou 1 milhão nas suas contas
Lino esconde fundação para gerir milhões sem controlo
Passivo financeiro da CP sobe 30% em seis anos
Contas de campanha indicam sobras de apenas 15 mil euros e autarca depositou 1 milhão nas suas contas
Lino esconde fundação para gerir milhões sem controlo
Passivo financeiro da CP sobe 30% em seis anos
Sol (26/06/09)
GNR sem meios para ler registos digitais de velocidade de camiões
Palavras do Presidente foram decisivas para forçar Sócrates a vetar compra da TVI
Quotas para classificações de mérito afinal são transitórias
Caso Freeport: Ex-autarca de Alcochete é o sexto arguido
Pepinos curvos e cenouras nodosas de novo à venda
Uma das respostas certificadas em Geografia não estará correcta
Palavras do Presidente foram decisivas para forçar Sócrates a vetar compra da TVI
Quotas para classificações de mérito afinal são transitórias
Caso Freeport: Ex-autarca de Alcochete é o sexto arguido
Pepinos curvos e cenouras nodosas de novo à venda
Uma das respostas certificadas em Geografia não estará correcta
Público (27/06/09)
Offshores do BCP foram criadas por ordens verbais dos ex-administradores
Arguidos receberam prémios indevidos de 19,47 milhões
Arguidos receberam prémios indevidos de 19,47 milhões
i (27/06/09)
Governo já conhecia negócio PT/TVI desde o início do ano
Novas Oportunidades aceleram e vão formar mil por dia
Exames: trop facile, muy fácil, very easy
Abusadores sexuais podem dar aulas
Tamanho dos pêros deixa de contar
Assembleia da Madeira pagou pareceres para iniciativas do PSD
O Governo em plano inclinado
O que a última semana do Governo deixou a nu é o clima de dissolvência, de final de festa, que começa a instalar-se na cúpula do poder socialista
Novas Oportunidades aceleram e vão formar mil por dia
Exames: trop facile, muy fácil, very easy
Abusadores sexuais podem dar aulas
Tamanho dos pêros deixa de contar
Expresso (27/06/09)
Assembleia da Madeira pagou pareceres para iniciativas do PSD
O Governo em plano inclinado
O que a última semana do Governo deixou a nu é o clima de dissolvência, de final de festa, que começa a instalar-se na cúpula do poder socialista
Público (28/06/09)
BCP ainda paga jacto a Jardim Gonçalves
Carrapatoso recusa apoio ao programa de Sócrates
Aumenta número de ordenações
Quartel tem celas melhores do que camaratas
Abandono do Estádio Nacional preocupa Verdes
Carrapatoso recusa apoio ao programa de Sócrates
Aumenta número de ordenações
Quartel tem celas melhores do que camaratas
Abandono do Estádio Nacional preocupa Verdes
Diário de Notícias (28/06/09)
domingo, 28 de junho de 2009
Pensamentos de domingo
«As pessoas dividem-se em duas categorias: os pios e os ímpios. A classificação é feita pelos pios.»
Anónimo
«Um pessimista é uma pessoa que foi obrigada a viver com um optimista.»
E. Hubbard
«Qualquer pessoa que veja e pinte um céu verde e pastagens azuis devia ser esterilizada.»
Hitler
Anónimo
«Um pessimista é uma pessoa que foi obrigada a viver com um optimista.»
E. Hubbard
«Qualquer pessoa que veja e pinte um céu verde e pastagens azuis devia ser esterilizada.»
Hitler
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.
sábado, 27 de junho de 2009
Ao sábado: momento quase filosófico
Acerca do Imperativo Categórico e da Regra de Ouro
«O princípio abrangente de Kant, o critério para todas as outras máximas éticas, é o que ele chama o "imperativo categórico supremo". À primeira vista, este imperativo parece meramente uma versão pomposa da velha regra de ouro.
Regra de ouro: "Faz aos outros aquilo que queres que te façam a ti".
Imperativo categórico supremo: "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal."
Claro que a interpretação de Kant tem um tom claramente mais frio. O próprio termo "imperativo categórico supremo" parece bem germânico. Mas, afinal, Kant não pôde evitar — ele era alemão.
No entanto, o imperativo categórico e a regra de ouro partilham muito território filosófico:
. Nenhum deles é uma regra sobre uma acção específica, como "Honra pai e mãe" ou "Come os teus espinafres!"
. Em vez disso, ambos proporcionam um princípio abstracto para determinar que acções específicas estão certas e erradas.
. Em ambos, este princípio abstracto evoca a ideia de qque todas as pessoas são tão importantes como o leitor e eu, por isso deveriam ser tratadas moralmente da mesma forma que o leitor e eu... especialmente eu.
Mas existe uma diferença fundamental entre o imperativo categórico e a regra de ouro, e esta piada curta acerta em cheio:
Um sádico é um masoquista que segue a regra de ouro.
Ao infligir dor a terceiros, o masoquista está apenas a fazer o que a regra de ouro pede: a fazer o que gostaria que lhe fizessem a si, de preferência com um chicote. Mas Kant diria que o masoquista nunca poderia afirmar honestamente que o imperativo moral "infligir dor a terceiros" poderia ser uma lei universal para um mundo habitável. Até um masoquita consideraria isso descabido.
Considerações similares levaram o dramaturgo inglês George Bernard Shaw a rescrever ironicamente a regra de ouro:
Não faças aos outros o que gostarias que eles te fizessem a ti; eles podem ter um gosto diferente.»
Regra de ouro: "Faz aos outros aquilo que queres que te façam a ti".
Imperativo categórico supremo: "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal."
Claro que a interpretação de Kant tem um tom claramente mais frio. O próprio termo "imperativo categórico supremo" parece bem germânico. Mas, afinal, Kant não pôde evitar — ele era alemão.
No entanto, o imperativo categórico e a regra de ouro partilham muito território filosófico:
. Nenhum deles é uma regra sobre uma acção específica, como "Honra pai e mãe" ou "Come os teus espinafres!"
. Em vez disso, ambos proporcionam um princípio abstracto para determinar que acções específicas estão certas e erradas.
. Em ambos, este princípio abstracto evoca a ideia de qque todas as pessoas são tão importantes como o leitor e eu, por isso deveriam ser tratadas moralmente da mesma forma que o leitor e eu... especialmente eu.
Mas existe uma diferença fundamental entre o imperativo categórico e a regra de ouro, e esta piada curta acerta em cheio:
Um sádico é um masoquista que segue a regra de ouro.
Ao infligir dor a terceiros, o masoquista está apenas a fazer o que a regra de ouro pede: a fazer o que gostaria que lhe fizessem a si, de preferência com um chicote. Mas Kant diria que o masoquista nunca poderia afirmar honestamente que o imperativo moral "infligir dor a terceiros" poderia ser uma lei universal para um mundo habitável. Até um masoquita consideraria isso descabido.
Considerações similares levaram o dramaturgo inglês George Bernard Shaw a rescrever ironicamente a regra de ouro:
Não faças aos outros o que gostarias que eles te fizessem a ti; eles podem ter um gosto diferente.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...
Um regabofe
Noticia o Expresso que as Novas Oportunidades aceleram e passam a formar mil alunos por dia. É um regabofe. Regabofe, folguedo, patuscada, festim, farra, o que se quiser, ou tudo isto junto, e uma enorme falta de vergonha. O país resvala para o pântano.
Um abaixo-assinado
Em apenas 48 horas, este Governo desnuda-se, sem pudor, e mostra as úlceras, os eczemas e as suturas abertas, que os acetinados fatos Armani tentam esconder. As trapalhadas, as mentiras e os actos de hipocrisia sucedem-se a um ritmo difícil de acompanhar. É um exercício insuportável assistir a este desfilar degradado e degradante de comportamentos.
Em apenas 48 horas, ficámos a saber da existência de uma fundação fantasma tutelada pelo ministro Mário Lino; ficámos a saber, a propósito do negócio PT-TVI, que já não vai ser negócio, porque o Governo decidiu proibir um negócio de que não tinha conhecimento, que o primeiro-ministro mente com o mesmo à-vontade com que endivida o país; e ficámos a saber que a ministra da Educação, agora, já diz que as quotas não são fundamentais, depois de se saber que somos o único país — dos cinco estudados pela Deloitte — que possui um sistema de quotas na avaliação dos professores.
Em apenas 48 horas, ficámos a saber da existência de uma fundação fantasma tutelada pelo ministro Mário Lino; ficámos a saber, a propósito do negócio PT-TVI, que já não vai ser negócio, porque o Governo decidiu proibir um negócio de que não tinha conhecimento, que o primeiro-ministro mente com o mesmo à-vontade com que endivida o país; e ficámos a saber que a ministra da Educação, agora, já diz que as quotas não são fundamentais, depois de se saber que somos o único país — dos cinco estudados pela Deloitte — que possui um sistema de quotas na avaliação dos professores.
Este Governo é uma ferida exposta, que diariamente alastra e se decompõe.
Santana Lopes foi despedido por incomparavelmente menos. Durão Barroso e Guterres fugiram também por muito menos. Se Sócrates não tem, sequer, a coragem de fugir, tem de ser despedido, mas tem de o ser rapidamente.
Santana Lopes foi despedido por incomparavelmente menos. Durão Barroso e Guterres fugiram também por muito menos. Se Sócrates não tem, sequer, a coragem de fugir, tem de ser despedido, mas tem de o ser rapidamente.
Já não se trata de saber se o Governo consegue sobreviver até Outubro, trata-se de saber se nós conseguiremos sobreviver a este Governo, até Outubro.
Vou fazer um abaixo-assinado a exigir eleições em Julho.
Vou fazer um abaixo-assinado a exigir eleições em Julho.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Fragmenti veneris diei
«No princípio foi o frio. Quem tem frio em pequeno, terá frio para o resto da vida, porque o frio da infância nunca desaparece. No mínimo, fica entranhado nas partes mais recônditas do corpo, a partir de onde se expande por todo o organismo quando as condições exteriores são favoráveis. Calculo que deve ser duríssimo provir de um embrião congelado.
[...]
Uma vez por semana tinha lugar uma limpeza geral do corpo. A casa de banho era um local todo escalavrado e frio, frio, frio. Tínhamos uma banheira com pernas, mas lavávamo-nos num alguidar que a mamã colocava no meio do chão. Comecei aa chamar-lhe "mamã", agora, que estou mais velho, mas sempre a tratei por "mãe". A mamã, então, colocava um alguidar de água a ferver no meio da casa de banho. Como era impossível que uma pessoa se despisse ali sem perecer, pegava fogo a um prato cheio de álcool cuja chama, quase invisível, proporcionava um calor tão intenso como fugaz. Aprendi naquela época que o ar quente tem a propriedade de ascender para as camadas altas da atmosfera. O ar temperado pelo álcool subia, portanto, até ao tecto alto e o frio que vinha do chão envolvia-nos logo a seguir, como se fosse um sudário. Mas durante aqueles segundos de calor o corpo era feliz.»
[...]
Uma vez por semana tinha lugar uma limpeza geral do corpo. A casa de banho era um local todo escalavrado e frio, frio, frio. Tínhamos uma banheira com pernas, mas lavávamo-nos num alguidar que a mamã colocava no meio do chão. Comecei aa chamar-lhe "mamã", agora, que estou mais velho, mas sempre a tratei por "mãe". A mamã, então, colocava um alguidar de água a ferver no meio da casa de banho. Como era impossível que uma pessoa se despisse ali sem perecer, pegava fogo a um prato cheio de álcool cuja chama, quase invisível, proporcionava um calor tão intenso como fugaz. Aprendi naquela época que o ar quente tem a propriedade de ascender para as camadas altas da atmosfera. O ar temperado pelo álcool subia, portanto, até ao tecto alto e o frio que vinha do chão envolvia-nos logo a seguir, como se fosse um sudário. Mas durante aqueles segundos de calor o corpo era feliz.»
Juan José Millás, O Mundo, Planeta Manuscrito, pp. 14-16.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Compromisso Educação - Bloco de Esquerda subscreve
Dirigentes dos PROmova, MUP e APEDE com as deputadas do BE, Ana Drago e Alda Macedo
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Sócrates disse: «a avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores»
O primeiro-ministro acaba de dizer, no parlamento, que a «avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores».
Esta afirmação é uma mentira e confirma o que há muito se sabe: temos um chefe de Governo medíocre.
É uma mentira, porque a avaliação do desempenho dos professores que, neste momento, está a ser feita nas escolas é uma vergonha nacional. Envergonha qualquer profissional sério, e envergonha o país. Já o escrevi e reafirmo: a ministra da Educação e o primeiro-ministro conseguiram criar uma avaliação tecnicamente tão má que, comparativamente, consegue fazer do modelo anterior um exemplo de rigor e de exigência. Ser possível formular objectivos individuais em Fevereiro, ou em Março, ou em Abril, ou em Maio ou, até, em Junho, com efeitos retroactivos a todos o ano lectivo, é um exemplo da incompetência desta avaliação. Ser possível atribuir a classificação de excelente através da observação de apenas duas aulas, em três meses, é outro exemplo da incompetência desta avaliação.
Nestas circunstâncias, dizer que «avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores» revela a objectiva mediocridade política de quem o afirma. Ou o primeiro-ministro não sabe do que está a falar, ou sabe, e está, deliberadamente, a querer enganar quem o ouve. Qualquer uma das hipótese mostra como ele é politicamente medíocre.
Esta afirmação é uma mentira e confirma o que há muito se sabe: temos um chefe de Governo medíocre.
É uma mentira, porque a avaliação do desempenho dos professores que, neste momento, está a ser feita nas escolas é uma vergonha nacional. Envergonha qualquer profissional sério, e envergonha o país. Já o escrevi e reafirmo: a ministra da Educação e o primeiro-ministro conseguiram criar uma avaliação tecnicamente tão má que, comparativamente, consegue fazer do modelo anterior um exemplo de rigor e de exigência. Ser possível formular objectivos individuais em Fevereiro, ou em Março, ou em Abril, ou em Maio ou, até, em Junho, com efeitos retroactivos a todos o ano lectivo, é um exemplo da incompetência desta avaliação. Ser possível atribuir a classificação de excelente através da observação de apenas duas aulas, em três meses, é outro exemplo da incompetência desta avaliação.
Nestas circunstâncias, dizer que «avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores» revela a objectiva mediocridade política de quem o afirma. Ou o primeiro-ministro não sabe do que está a falar, ou sabe, e está, deliberadamente, a querer enganar quem o ouve. Qualquer uma das hipótese mostra como ele é politicamente medíocre.
Às quartas
Madrugada
Rápidas mãos frias
retiram uma a uma
as vendas da sombra
Abro os olhos
Rápidas mãos frias
retiram uma a uma
as vendas da sombra
Abro os olhos
Ainda
estou vivo
No centro
de uma ferida ainda fresca.
Octavio Paz
(Trad.: José Bento)
estou vivo
No centro
de uma ferida ainda fresca.
Octavio Paz
(Trad.: José Bento)
Provas de aferição pagas?
De Vera Oliveira, recebemos o seguinte e-mail:
«Bom dia!
[...]
A minha dúvida é a seguinte: se o estado exigiu as provas de aferição porque é que os pais têm de pagar por cada prova que os seus filhos façam?!?!?!?
Não acho que tenha lá muita lógica se é o estado que exige também deveria ser ele a pagar.
Ou é mais uma forma do estado meter dinheiro ao bolso?!?!?!
[...]
Tenho uma colega em que o filho teve de fazer as provas do 4º, em que ela teve de 3,60€ mais ou menos por cada prova.
Não acho muito justo visto ser uma exigência do governo.
Isto está realmente a ficar caricato, bem já só faltava os professores terem de pagar também pela avaliação deles próprios.»
Confesso a minha admiração e o meu desconhecimento sobre esta exigência de pagamento. A ser assim, é inaceitável.
«Bom dia!
[...]
A minha dúvida é a seguinte: se o estado exigiu as provas de aferição porque é que os pais têm de pagar por cada prova que os seus filhos façam?!?!?!?
Não acho que tenha lá muita lógica se é o estado que exige também deveria ser ele a pagar.
Ou é mais uma forma do estado meter dinheiro ao bolso?!?!?!
[...]
Tenho uma colega em que o filho teve de fazer as provas do 4º, em que ela teve de 3,60€ mais ou menos por cada prova.
Não acho muito justo visto ser uma exigência do governo.
Isto está realmente a ficar caricato, bem já só faltava os professores terem de pagar também pela avaliação deles próprios.»
Confesso a minha admiração e o meu desconhecimento sobre esta exigência de pagamento. A ser assim, é inaceitável.
Compromisso Educação - reunião no Parlamento
Comunicado do PROmova
Caros colegas,
Dia 24 de Junho de 2009, pelas 10.30h, terá lugar, na Assembleia da República, uma importante reunião entre os movimentos independentes de professores (APEDE, MUP e PROmova) e o Bloco de Esquerda [BE], visando o estabelecimento de um COMPROMISSO EDUCAÇÃO que, entre outras convergências possíveis, permita obter do BE um compromisso público de que, no quadro da próxima legislatura e no que depender de si próprio, revogará a divisão da carreira e suspenderá o actual modelo de avaliação.
A circunstância de todos os partidos da oposição se terem posicionado contra a divisão arbitrária da carreira e contra o actual modelo de avaliação, confere a estas iniciativas uma relevância decisiva para, a partir de Outubro de 2009 e tendo em conta os vários cenários pós-eleitorais que começam a delinear-se, poder depender dos votos dos professores e das suas famílias o fim destas medidas, as quais constituíram, tanto uma expressão da postura de afronta aos professores adoptada por este Governo , como um sinal da mediocridade técnica e política desta equipa ministerial. A essência do COMPROMISSO EDUCAÇÃO é, pela via do voto, pôr fim à política educativa deste Governo e deste PS de Sócrates.
Vamos todos estar atentos aos resultados desta reunião.
Aquele abraço,
PROmova,
PROFESSORES – Movimento de Valorização
terça-feira, 23 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Registos do fim-de-semana
«Políticos têm culpa nas falhas da regulação»
(Abel Mateus)
(Abel Mateus)
i (19/06/09)
Boas notas nas provas de aferição
voltam a não convencer professores
— Regressa a crítica às facilidades em Língua portuguesa e Matemática. «Só falta escreverem os textos» pelos alunos, dizem os docentes de Português
Deputados do PS pedem para ser mais ouvidos
Valentim pode ser ouvido por novo juiz de instrução
Ministério Público pede condenação de Fernando Ruas
voltam a não convencer professores
— Regressa a crítica às facilidades em Língua portuguesa e Matemática. «Só falta escreverem os textos» pelos alunos, dizem os docentes de Português
Deputados do PS pedem para ser mais ouvidos
Valentim pode ser ouvido por novo juiz de instrução
Ministério Público pede condenação de Fernando Ruas
Público (19/06/09)
Vinte e oito economistas apelam a Sócrates para reavaliar investimentos públicos
Donos da TVI queriam Moniz no Benfica
Loureiro denunciado por espanhóis
Sócrates não felicita Manuela
Ministros atrás dos biombos
Uma Justiça sem defesa
— Atrasos, injustiças, más decisões.
Notáveis e anónimos juntos nas críticas.
PCP impede acordo do Bloco e da UGT para a Autoeuropa
Donos da TVI queriam Moniz no Benfica
Loureiro denunciado por espanhóis
Sócrates não felicita Manuela
Ministros atrás dos biombos
Uma Justiça sem defesa
— Atrasos, injustiças, más decisões.
Notáveis e anónimos juntos nas críticas.
PCP impede acordo do Bloco e da UGT para a Autoeuropa
Expresso (20/06/09)
Ministra admite manter avaliação simplificada
Portugal tem das maiores quebras nos impostos
Parem. E estudem
— «Na última década a economia portuguesa teve o pior desempenho relativo dos últimos 80 anos»
«Há uma grande cultura de subserviência
face a quem está no poder»
(José Eduardo Moniz)
Carlos Guerra é o quarto arguido do processo Freeport
Associações de Professores de Português e de Matemática preocupados com resultados das provas de aferição
dos 4.º e 6.º anos
Portugal tem das maiores quebras nos impostos
Parem. E estudem
— «Na última década a economia portuguesa teve o pior desempenho relativo dos últimos 80 anos»
«Há uma grande cultura de subserviência
face a quem está no poder»
(José Eduardo Moniz)
Carlos Guerra é o quarto arguido do processo Freeport
Associações de Professores de Português e de Matemática preocupados com resultados das provas de aferição
dos 4.º e 6.º anos
Público (20/06/09)
«Pacheco Pereira é a loira do PSD»
(Luís Filipe Menezes)
(Luís Filipe Menezes)
i (20/06/09)
domingo, 21 de junho de 2009
O Compromisso Educação vai sendo construído
O importantíssimo trabalho que está a ser desenvolvido pela APEDE, MUP e PROmova, no sentido de ser possível elaborar um Compromisso Educação com todos os partidos da oposição, deu mais um passo. Este Compromisso Educação assume uma enorme relevância na definição do futuro da profissão docente, após a desejada derrrota do PS nas próximas eleições legislativas. Ver notícia aqui.
Pensamentos de domingo
«Hipocrisia: palavra que soa mal, por isso lhe chamam tacto.»
Carl Spitteler
«Levou-me quinze anos a descobrir que não tinha talento para escrever, mas já era tarde de mais para acabar pois já era famoso.»
Robert Benchley
«Poucas pessoas vão ao médico quando estão constipadas: preferem ir ao teatro.»
W. Boyd Gatewood
Carl Spitteler
«Levou-me quinze anos a descobrir que não tinha talento para escrever, mas já era tarde de mais para acabar pois já era famoso.»
Robert Benchley
«Poucas pessoas vão ao médico quando estão constipadas: preferem ir ao teatro.»
W. Boyd Gatewood
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.
sábado, 20 de junho de 2009
Ao sábado: momento quase filosófico
Acerca do Utilitarismo - 2
Ele: Dormirias comigo por um milhão de dólares?
Ela: Um milhão de dólares? Uau! Acho que sim.
Ele: E por dois dólares?
Ela: Desaparece! Quem pensas que eu sou?
Ele: Isso já ficou esclarecido. Agora, estamos apenas a discutir o preço.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Acerca do problema da entrega ou não entrega da ficha de auto-avaliação do desempenho
Não tenho podido acompanhar, com pormenor, a discussão que se tem desenvolvido na blogosfera acerca deste assunto, contudo, tenho promovido esse debate na minha escola, conjuntamente com as cerca de três dezenas de resistentes, e participado activamente nele.
Do ponto de vista de quem, como eu e muitos milhares de professores, está frontalmente contra este modelo de avaliação e, por isso, não procedeu à entrega dos objectivos individuais, três opções agora se colocam, como todos sabemos:
1. Entregar a ficha de auto-avaliação com um texto de protesto em anexo, conforme os sindicatos aconselham;
2. Entregar um relatório de reflexão crítica, distinto da ficha de auto-avaliação;
3. Não entregar nada.
Não entregar nada é a atitude que corresponde ao impulso natural de recusa do modelo e que constitui, de facto, uma ruptura total com a avaliação. Se o que se pretende, exclusivamente, é manifestar oposição absoluta à avaliação, não há dúvida de que esta é a melhor opção.
Contudo, se o objectivo é assumir uma posição contra este modelo de avaliação, mas não contra toda e qualquer avaliação, não é este, do meu ponto de vista, o caminho que melhor evidencia essa posição. Além de que a opção de nada entregar tem um claro óbice: introduz-nos numa zona dúbia em que se misturam aqueles que não querem esta nem nenhuma outra avaliação e aqueles que são contra esta avaliação, mas não são contra a avaliação.
Entregar a ficha de auto-avaliação com um texto de protesto, em anexo, conforme os sindicatos indicam, é, na minha opinião, um forma muito ténue e desproporcionada de fazer oposição a este modelo de avaliação. Um modelo de avaliação tecnicamente incompetente, deontologicamente inaceitável e desprezível, que provocou uma incomensurável revolta e gigantescos protestos, não pode/não deve suscitar da parte dos professores um comportamento de resignação pública, que acaba a resvalar para a aceitação formal de algo que se rejeita, como se se tratasse de uma inevitabilidade fazê-lo. Entregar a ficha de auto-avaliação sob protesto é dizer apenas isto: cumpro, ainda que não concorde. Ora isto, para além da enorme fragilidade que evidencia enquanto acto de resistência, não é um modo de luta proporcional à bestialidade da situação que se pretende combater, nem me parece coerente com o enorme protesto que durante ano e meio realizámos.
Defendo, portanto, que deve ser entregue um relatório de reflexão crítica, desde que este relatório respeite, no mínimo, os seguintes requisitos:
1. Deve ser completamente distinto da ficha de auto-avaliação e, por consequência, deve ser um relatório sério e de superior qualidade técnica.
2. Deve ser introduzido por um texto cujo conteúdo assuma de modo inequívoco a recusa em ser avaliado por este modelo de avaliação.
3. Deve, essa introdução, apresentar a fundamentação da recusa e afirmar que a rejeição de ser avaliado pelo actual modelo é um acto de objecção de consciência e de salvaguarda do inviolável reduto da dignidade profissional.
Deste modo, penso eu, asseguram-se dois objectivos fundamentais:
1. A recusa formal deste modelo de avaliação, porque nenhum acto previsto na legislação é cumprido pelo professor: nem a formulação e entrega dos objectivos individuais, nem a entrega da ficha de auto-avaliação.
2. A afirmação de que a luta é contra este modelo de avaliação, mas não é contra a avaliação, e, por isso, é elaborado e entregue um relatório reflexivo da actividade desenvolvida.
Na minha escola, decidimos fazer um texto introdutório comum a todos os relatórios de reflexão crítica, cujos tópicos são estes:
a) É um imperativo ético e deontológico não permitir que a consciência individual nem a dignidade pessoal e profissional sejam violentadas, seja qual for a circunstância;
b) A legislação que suporta ou que indirectamente está ligada ao actual modelo de avaliação do desempenho docente constitui uma objectiva violação da consciência e da dignidade profissional.
Elementos da fundamentação:
a) A arbitrariedade das regras do concurso para professor titular (do qual resultou uma selecção aleatória de docentes formalmente tidos como capacitados para o exercício das funções de avaliador);
b) O gigantesco, inoperacional e incompetente modelo de avaliação preconizado pelo decreto regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro.
c) As alterações introduzidas pelo decreto regulamentar n.º 1-A/2009, de 5 de Janeiro, trouxeram normas ainda mais ofensivas da dignidade profissional e da ética deontológica. Dois exemplos: a formulação de objectivos a meio do ano lectivo com efeitos retroactivos, isto é, formulam-se objectivos referentes a um tempo que já passou (e ainda há escolas com professores a formularem objectivos durante o mês de Junho!!!); a possibilidade de atribuição da classificação de muito bom ou de excelente através da observação de um ridículo número de aulas observadas num ridículo período de tempo;
d) As conclusões apresentadas no último relatório do Conselho Científico para a Avaliação de Professores: muitos avaliadores não têm experiência, não têm formação específica nem têm perfil para avaliar o desempenho dos colegas; os avaliadores precisam de fazer formação superior de médio e longo prazo (pós-graduações).
Penso, sinceramente, que este procedimento não só é digno e coerente com a luta que estamos a travar, há cerca de ano e meio, como lhe dá continuidade e força, e é profissionalmente sério.
Do ponto de vista de quem, como eu e muitos milhares de professores, está frontalmente contra este modelo de avaliação e, por isso, não procedeu à entrega dos objectivos individuais, três opções agora se colocam, como todos sabemos:
1. Entregar a ficha de auto-avaliação com um texto de protesto em anexo, conforme os sindicatos aconselham;
2. Entregar um relatório de reflexão crítica, distinto da ficha de auto-avaliação;
3. Não entregar nada.
Não entregar nada é a atitude que corresponde ao impulso natural de recusa do modelo e que constitui, de facto, uma ruptura total com a avaliação. Se o que se pretende, exclusivamente, é manifestar oposição absoluta à avaliação, não há dúvida de que esta é a melhor opção.
Contudo, se o objectivo é assumir uma posição contra este modelo de avaliação, mas não contra toda e qualquer avaliação, não é este, do meu ponto de vista, o caminho que melhor evidencia essa posição. Além de que a opção de nada entregar tem um claro óbice: introduz-nos numa zona dúbia em que se misturam aqueles que não querem esta nem nenhuma outra avaliação e aqueles que são contra esta avaliação, mas não são contra a avaliação.
Entregar a ficha de auto-avaliação com um texto de protesto, em anexo, conforme os sindicatos indicam, é, na minha opinião, um forma muito ténue e desproporcionada de fazer oposição a este modelo de avaliação. Um modelo de avaliação tecnicamente incompetente, deontologicamente inaceitável e desprezível, que provocou uma incomensurável revolta e gigantescos protestos, não pode/não deve suscitar da parte dos professores um comportamento de resignação pública, que acaba a resvalar para a aceitação formal de algo que se rejeita, como se se tratasse de uma inevitabilidade fazê-lo. Entregar a ficha de auto-avaliação sob protesto é dizer apenas isto: cumpro, ainda que não concorde. Ora isto, para além da enorme fragilidade que evidencia enquanto acto de resistência, não é um modo de luta proporcional à bestialidade da situação que se pretende combater, nem me parece coerente com o enorme protesto que durante ano e meio realizámos.
Defendo, portanto, que deve ser entregue um relatório de reflexão crítica, desde que este relatório respeite, no mínimo, os seguintes requisitos:
1. Deve ser completamente distinto da ficha de auto-avaliação e, por consequência, deve ser um relatório sério e de superior qualidade técnica.
2. Deve ser introduzido por um texto cujo conteúdo assuma de modo inequívoco a recusa em ser avaliado por este modelo de avaliação.
3. Deve, essa introdução, apresentar a fundamentação da recusa e afirmar que a rejeição de ser avaliado pelo actual modelo é um acto de objecção de consciência e de salvaguarda do inviolável reduto da dignidade profissional.
Deste modo, penso eu, asseguram-se dois objectivos fundamentais:
1. A recusa formal deste modelo de avaliação, porque nenhum acto previsto na legislação é cumprido pelo professor: nem a formulação e entrega dos objectivos individuais, nem a entrega da ficha de auto-avaliação.
2. A afirmação de que a luta é contra este modelo de avaliação, mas não é contra a avaliação, e, por isso, é elaborado e entregue um relatório reflexivo da actividade desenvolvida.
Na minha escola, decidimos fazer um texto introdutório comum a todos os relatórios de reflexão crítica, cujos tópicos são estes:
a) É um imperativo ético e deontológico não permitir que a consciência individual nem a dignidade pessoal e profissional sejam violentadas, seja qual for a circunstância;
b) A legislação que suporta ou que indirectamente está ligada ao actual modelo de avaliação do desempenho docente constitui uma objectiva violação da consciência e da dignidade profissional.
Elementos da fundamentação:
a) A arbitrariedade das regras do concurso para professor titular (do qual resultou uma selecção aleatória de docentes formalmente tidos como capacitados para o exercício das funções de avaliador);
b) O gigantesco, inoperacional e incompetente modelo de avaliação preconizado pelo decreto regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro.
c) As alterações introduzidas pelo decreto regulamentar n.º 1-A/2009, de 5 de Janeiro, trouxeram normas ainda mais ofensivas da dignidade profissional e da ética deontológica. Dois exemplos: a formulação de objectivos a meio do ano lectivo com efeitos retroactivos, isto é, formulam-se objectivos referentes a um tempo que já passou (e ainda há escolas com professores a formularem objectivos durante o mês de Junho!!!); a possibilidade de atribuição da classificação de muito bom ou de excelente através da observação de um ridículo número de aulas observadas num ridículo período de tempo;
d) As conclusões apresentadas no último relatório do Conselho Científico para a Avaliação de Professores: muitos avaliadores não têm experiência, não têm formação específica nem têm perfil para avaliar o desempenho dos colegas; os avaliadores precisam de fazer formação superior de médio e longo prazo (pós-graduações).
Penso, sinceramente, que este procedimento não só é digno e coerente com a luta que estamos a travar, há cerca de ano e meio, como lhe dá continuidade e força, e é profissionalmente sério.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Não vai ser fácil
Não tive a (in)felicidade de poder ver toda a entrevista do primeiro-ministro à SIC. Mas o que pude ver foi suficiente para me impressionar. Fiquei muito sensibilizado com o ar pungente, por vezes quase dilacerante; com a voz suave, às vezes quase melíflua, outras vezes quase trémula; com o olhar redondo, quase parado, quase rogativo, quase beato com que José Sócrates respondia às perguntas da jornalista. E as mãos? Ai as mãos, como elas se uniam e erguiam em gesto de quase súplica, de quase pedido de redenção.
Temo, sinceramente, que a este ritmo de conversão, tenhamos, em breve, um primeiro-ministro quase presbítero em permanente estado de ascética compunção.
Não vai ser fácil suportar isto até Outubro.
Temo, sinceramente, que a este ritmo de conversão, tenhamos, em breve, um primeiro-ministro quase presbítero em permanente estado de ascética compunção.
Não vai ser fácil suportar isto até Outubro.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
«Vou esforçar-me por ser humilde»
Na reunião da comissão política do PS, Sócrates «prometeu esforçar-se por ser "mais humilde", mas que não lhe pedissem para ser quem não é [...] e ouviu as intervenções com mais paciência e menos interrupções» (Público (17/6/09).
Assim é, Sócrates precisa de se esforçar para ser humilde. Isto é, ele não vai ser humilde, ele vai aparentar ser humilde. E vai fazê-lo por uma razão única: está com medo de perder as próximas eleições.
Ele não vai ser humilde porque considere que deve ser humilde. A humildade, para Sócrates, é apenas um instrumento para atingir um fim. Um instrumento transitório, um instrumento descartável, cujo o tempo de validade terminará na noite eleitoral das legislativas. A farsa, a encenação já começou: com voz delico-doce, Sócrates revelou, à entrada da reunião da comissão política, a hipocrisia política de que é capaz: falou em humildade, falou em reconhecer que houve coisas que não correram bem, falou em desgaste do Governo; por outras palavras, falou em tudo aquilo que há uma semana atrás nunca tinha falado nem nunca admitiria falar. Contudo, só o fez, porque o partido que ele chefia sofreu uma estrondosa derrota nas eleições europeias.
Depois, durante a reunião, Sócrates deu desenvolvimento à santimónia: até «ouviu as intervenções com mais paciência e menos interrupções». É elucidativa esta observação: ouviu com mais paciência e não interrompeu. Esforço enternecedor. Mas atenção, Sócrates já advertiu: não exijam demasiado, não queiram que ele seja quem não é. Ser verdadeiramente humilde é pedir demais.
Todos sabemos que o arrogante, o acintoso, o prepotente nunca poderá tornar-se sinceramente humilde, nem sequer aguenta muito tempo parecê-lo. Quatro meses, no máximo.
Assim é, Sócrates precisa de se esforçar para ser humilde. Isto é, ele não vai ser humilde, ele vai aparentar ser humilde. E vai fazê-lo por uma razão única: está com medo de perder as próximas eleições.
Ele não vai ser humilde porque considere que deve ser humilde. A humildade, para Sócrates, é apenas um instrumento para atingir um fim. Um instrumento transitório, um instrumento descartável, cujo o tempo de validade terminará na noite eleitoral das legislativas. A farsa, a encenação já começou: com voz delico-doce, Sócrates revelou, à entrada da reunião da comissão política, a hipocrisia política de que é capaz: falou em humildade, falou em reconhecer que houve coisas que não correram bem, falou em desgaste do Governo; por outras palavras, falou em tudo aquilo que há uma semana atrás nunca tinha falado nem nunca admitiria falar. Contudo, só o fez, porque o partido que ele chefia sofreu uma estrondosa derrota nas eleições europeias.
Depois, durante a reunião, Sócrates deu desenvolvimento à santimónia: até «ouviu as intervenções com mais paciência e menos interrupções». É elucidativa esta observação: ouviu com mais paciência e não interrompeu. Esforço enternecedor. Mas atenção, Sócrates já advertiu: não exijam demasiado, não queiram que ele seja quem não é. Ser verdadeiramente humilde é pedir demais.
Todos sabemos que o arrogante, o acintoso, o prepotente nunca poderá tornar-se sinceramente humilde, nem sequer aguenta muito tempo parecê-lo. Quatro meses, no máximo.
Às quartas
Caminho
I
Tenho sonhos cruéis; n'alma doenteSinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Camilo Pessana
terça-feira, 16 de junho de 2009
Terno, meigo, humilde, dialogante...
Terno, meigo, humilde, dialogante, compreensivo, tolerante...
O que os resultados de uma eleições são capazes de fazer! A hipocrisia política não tem limites. Para ouvir, clicar aqui.
O que os resultados de uma eleições são capazes de fazer! A hipocrisia política não tem limites. Para ouvir, clicar aqui.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Registos do fim-de-semana
Há meses desaparecidos do notário
Documentos do Heron foram recuperados
... e revelam que a offshore a quem a mãe de Sócrates comprou a casa é pouco recomendável; na história até parece a Mafia italiana
Documentos do Heron foram recuperados
... e revelam que a offshore a quem a mãe de Sócrates comprou a casa é pouco recomendável; na história até parece a Mafia italiana
Sol (12/06/09)
Portugal regista terceira maior quebra mundial
no consumo de energia
no consumo de energia
i (12/06/09)
Risco de pobreza em Portugal duplica nas zonas rurais do país
— políticas nacionais tendem a ignorar o problema —
Portugal sem comboios TGV para arrancar com a linha Lisboa-Madrid em 2013
— Mesmo que o concurso fosse lançado hoje, as empresas construtoras não tinham tempo para disponibilizar material circulante; solução pode passar pela utilização do excedente espanhol
— políticas nacionais tendem a ignorar o problema —
Portugal sem comboios TGV para arrancar com a linha Lisboa-Madrid em 2013
— Mesmo que o concurso fosse lançado hoje, as empresas construtoras não tinham tempo para disponibilizar material circulante; solução pode passar pela utilização do excedente espanhol
Público (12/06/09)
Ministério da Educação diz que não vai mudar política
Falta de médicos cria sentimento de insegurança
na população alentejana
Desempregados sem acesso à moratória do crédito à habitação,
um mês após a aprovação
Falta de médicos cria sentimento de insegurança
na população alentejana
Desempregados sem acesso à moratória do crédito à habitação,
um mês após a aprovação
Público (13/06/09)
«Toda a mulher tem uma vocação para mãe e dona de casa»
(José Rafael Espírito Santo, líder do Opus Dei em Portugal)
As vacas verdes do Vermont arrotam menos metano
(José Rafael Espírito Santo, líder do Opus Dei em Portugal)
As vacas verdes do Vermont arrotam menos metano
i (13/06/09)
Expresso comparou exames da 4ª classe dos anos 50, 60 e 70 com as provas de 2009. Agora são muito mais fáceis
Cavaco dá machadada final na lei do financiamento
Expresso (13/06/09)
Um inquérito criminal a cada três dias
por violência contra idosos
«O Governo mantém intacta
toda a sua legitimidade para governar»
(Pedro Silva Pereira)
«É preciso compreender e ler os resultados com muita humildade»
(António José Seguro)
Ministério da Educação manda dar posse a director de escola
cuja eleição foi suspensa pelo tribunal
por violência contra idosos
«O Governo mantém intacta
toda a sua legitimidade para governar»
(Pedro Silva Pereira)
«É preciso compreender e ler os resultados com muita humildade»
(António José Seguro)
Ministério da Educação manda dar posse a director de escola
cuja eleição foi suspensa pelo tribunal
Público (14/06/09)
domingo, 14 de junho de 2009
Pensamentos de domingo
«Numa coisa os bêbados e os geógrafos estão de acordo: a terra gira.»
Anónimo
«O fígado faz mal à bebida.»
Anónimo
«Quando é que nos vamos entender? Ela não quer casar comigo enquanto eu não deixar de beber, e eu recuso-me a casar com ela quando estiver sóbrio.»
Henry Yourgman
Anónimo
«O fígado faz mal à bebida.»
Anónimo
«Quando é que nos vamos entender? Ela não quer casar comigo enquanto eu não deixar de beber, e eu recuso-me a casar com ela quando estiver sóbrio.»
Henry Yourgman
Nas paredes da cervejaria República da Cerveja
sábado, 13 de junho de 2009
Ao sábado: momento quase filosófico
Acerca do Utilitarismo
«Todos sabemos que aquele esquerdalho do século XX, Vladimir Lenine, disse que "O fim justifica os meios", mas, ironicamente, não está longe do ponto de vista de um dos filósofos preferidos do Esquadrão de Deus do Partido Republicano, John Stuart Mill. Mill e os utilitarista propuseram uma ética "consequencialista": a rectidão moral de um acto é determinada unicamente pelas sua consequências.
A protagonista da história que se segue é, claramente, uma utilitarista:
A senhora O'Callahan deu intruções ao artista que estava a pintar o seu retrato para acrescentar uma pulseira de ouro em cada um dos pulsos e uma tiara de diamantes.
O artista declarou que seria o mesmo que mentir.
- Escute, o meu marido anda com uma jovem loura - disse a senhora O'Callahan. - Depois de eu morrer, quero que ela fique doida à procura das jóias.
Este tipo de justificação poderia, presumivelmente, ser usado para perdoar algumas coisas bastante graves, caso se sentisse que as consequências eram suficientemente "boas".
A senhora Bevoort, uma viúva, estava junto à piscina do seu clube quando avistou um homem muito atraente a apanhar sol. Aproximou-se dele e disse:
- Creio que nunca o vi por aqui antes.
- Não é provável - replicou. - Estive preso durante trinta anos.
- A sério? Porquê?
- Assassinei a minha mulher.
- Ah! - disse a senhora Brevoort. - Então é solteiro!»
A protagonista da história que se segue é, claramente, uma utilitarista:
A senhora O'Callahan deu intruções ao artista que estava a pintar o seu retrato para acrescentar uma pulseira de ouro em cada um dos pulsos e uma tiara de diamantes.
O artista declarou que seria o mesmo que mentir.
- Escute, o meu marido anda com uma jovem loura - disse a senhora O'Callahan. - Depois de eu morrer, quero que ela fique doida à procura das jóias.
Este tipo de justificação poderia, presumivelmente, ser usado para perdoar algumas coisas bastante graves, caso se sentisse que as consequências eram suficientemente "boas".
A senhora Bevoort, uma viúva, estava junto à piscina do seu clube quando avistou um homem muito atraente a apanhar sol. Aproximou-se dele e disse:
- Creio que nunca o vi por aqui antes.
- Não é provável - replicou. - Estive preso durante trinta anos.
- A sério? Porquê?
- Assassinei a minha mulher.
- Ah! - disse a senhora Brevoort. - Então é solteiro!»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...
Em definitivo, a crise não é para todos
O jornal i, na edição on line, informa:
«José Sócrates é um dos clientes da mais exclusiva (e cara) loja de Beverly Hills onde só entra um cliente de cada vez, com hora marcada e todo o staff de empregados à sua disposição.»
«José Sócrates é um dos clientes da mais exclusiva (e cara) loja de Beverly Hills onde só entra um cliente de cada vez, com hora marcada e todo o staff de empregados à sua disposição.»
Fotografia da montra da loja, onde se anuncia a lista de clientes. Na última linha, está o nome de Sócrates.
Não são os políticos portugueses que ganham mal? Não são eles dos mais mal pagos da Europa?
Ora, não tendo José Sócrates outra fonte conhecida de rendimento, que não seja o parco ordenado de primeiro-ministro de Portugal; sabendo nós como ele é viciado na leitura de livros filosóficos, e como lhe deve custar uma fortuna alimentar esse vício; tendo dois filhos a estudar num colégio particular, como foi há algum tempo noticiado nos jornais; como é que ainda consegue a proeza de vestir-se no alfaiate mais caro de Beverly Hills?
Para além da façanha financeira, Sócrates revela ser um exemplo de sobriedade, em particular, num momento de crise.
Ora, não tendo José Sócrates outra fonte conhecida de rendimento, que não seja o parco ordenado de primeiro-ministro de Portugal; sabendo nós como ele é viciado na leitura de livros filosóficos, e como lhe deve custar uma fortuna alimentar esse vício; tendo dois filhos a estudar num colégio particular, como foi há algum tempo noticiado nos jornais; como é que ainda consegue a proeza de vestir-se no alfaiate mais caro de Beverly Hills?
Para além da façanha financeira, Sócrates revela ser um exemplo de sobriedade, em particular, num momento de crise.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Comunicado do PROmova
A postura do PROmova relativamente à posição da Fenprof
acerca da entrega da Ficha de Auto-Avaliação
A posição da Fenprof acerca da entrega da Ficha de Auto-Avaliação (FAA), expressa em baixo, merece-nos os quatro seguintes comentários:acerca da entrega da Ficha de Auto-Avaliação
1) consideramos que o afã de alguns delegados sindicais, na divulgação da posição da Fenprof, possa ser interpretado como um incentivo à entrega da FAA, quando a decisão deve ser deixada à consciência e ao critério de cada professor;
2) aquando da resistência escola a escola, na não entrega dos objectivos individuais, a consciência dos professores era a de que estavam a desobedecer a uma determinação legal do ME pelo que, só a posteriori, se colocou a questão da obrigatoriedade legal ou não dos objectivos individuais, o que nem sequer, neste caso, está estabelecido se sim ou não existe essa obrigatoriedade;
3) da leitura do texto da Fenprof fica a ideia que não está muito interiorizada a convicção de que este modelo não é para rever em Julho, mas antes para substituir em Outubro, aproveitando a circunstância de todos os partidos da oposição o rejeitarem. Aliás, não se conhece às estruturas sindicais, após as eleições europeias, uma tomada de posição ou uma iniciativa, no sentido de procurarem obter compromissos da parte dos partidos políticos em relação à revogação da divisão da carreira e à substituição do modelo de avaliação;
4) a entrega de uma declaração de protesto apensa à FAA não tem nenhum impacto real, pois, além de não haver possibilidade de contabilizar a dimensão dos que protestam, o efeito que fica é o da participação no processo.
Ademais, a Fenprof admite que a entrega da FAA "levará o ME a concluir, ainda que abusivamente, que os docentes, afinal, já concordam com esta avaliação", correndo-se, exactamente, o risco de se vir a ser confrontado, mais uma vez, com o trio ministerial a dizer que os professores estão "confortáveis" nas escolas e a aplicar o modelo sem problemas, até porque este tipo de aproveitamento propagandístico já ocorreu na entrega dos Objectivos Individuais.
São estas circunstâncias, aliadas à aberração do modelo, ao modo como vem sendo aplicado e às questões de autenticidade pessoal, que levam muitos professores a não estarem disponíveis para se envolverem num processo que quase todos qualificam de "farsa" e "palhaçada".
Assim sendo, o PROmova considera que os professores têm, nas suas mãos, a possibilidade de reafirmarem a rejeição deste modelo de avaliação absurdo e injusto, substituindo a entrega da FAA por um Relatório Crítico que descreva, séria e detalhadamente, a actividade docente e o cumprimento das suas obrigações enquanto professor (proposta de actuação aprovada pelos movimentos independentes de professores, no Encontro de Leiria, realizado a 14 de Março).
Todavia, o PROmova também compreende que muitos professores, no quadro das suas posturas de coerência pessoal, se recusem a participar num processo de avaliação desacreditado, não entregando a FAA ou qualquer outro documento proposto por este modelo (ainda que disponibilizem, para efeito dos seus processos individuais, um documento que avalia e comprova a sua actividade, para o caso de alguém os querer avaliar) e, desta forma, não viabilizando um modelo de que discordam substantivamente. Entre estes docentes, contam-se, além de muitos outros (cujas identidades apenas serão divulgadas com a sua autorização), os colegas Paulo Guinote (blogue A Educação do meu Umbigo), Octávio Gonçalves e José Aníbal Carvalho (Núcleo de Estratégia do PROmova).
PROmova,
PROFESSORES - Movimento de Valorização
Posicionamento da Fenprof:
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Retirado do blogue de Octávio Gonçalves: «Não entregarei a Ficha de Auto-Avaliação»
«Não estou disponível para colaborar na farsa desta avaliação do desempenho, pelo que não entregarei a Ficha de Auto-Avaliação
Em questões de coerência e dignidade prefiro, sempre, olhar para dentro do que para o lado. Como tal, é-me, relativamente, indiferente saber quantos colegas acompanham a minha decisão de não entregar qualquer Ficha de Auto-Avaliação (FAA) imposta por este modelo de avaliação do desempenho.
Neste particular, revejo-me, em absoluto, no poema de Torga: “Não sei quantos seremos, mas que importa?! - Um só que fosse, e já valia a pena - Aqui, no mundo, alguém que se condena - A não ser conivente - Na farsa do presente - Posta em cena!”
Confesso-me inexperiente e sem treino na técnica de adormecer sobre uma consciência pesada, pelo que não me resta outra autenticidade que não seja a de não sancionar este modelo de avaliação, nem ser cúmplice de um processo autocrático, destituído de seriedade, credibilidade, justiça e consistência.
Compreendo que a maioria dos professores, chegados a este momento da contestação, se encolha. Por conseguinte, nem sequer me acho no direito de empreender a pastoral da não entrega da FAA. Cada um deve decidir em consciência o que fazer.
Depois da fase do esfusiante unanimismo dos abaixo-assinados e da fase da resistência escola a escola (como é possível ter-se o desplante de afirmar que a estratégia não resultou, quando cerca de 60 mil professores se recusaram a entregar os seus objectivos individuais, num acto de desobediência cívica sem paralelo na história da democracia portuguesa!), parece-me chegado o momento das decisões individuais: cada um decide, em coerência, se participa ou não participa neste processo de avaliação. EU NÃO PARTICIPO!
Declaro, desde já, que não me atemorizam os argumentos legalistas e até farisaicos de muitos hermeneutas circunstanciais do direito e de inúmeros juristas de viveiro que por aí vão formigando.
Por norma, as interpretações alarmistas, que por aí vão vingando, tendem a confundir os dois planos seguintes:
1) o do direito à contestação cívica de leis reconhecidamente injustas e carecidas de seriedade (vejam-se, a propósito, as recentes declarações do presidente do Conselho Científico para a Avaliação os Professores, as quais assumem a fragilidade experimentalista do modelo de avaliação e reduzem os professores a meras cobaias de processos impreparados), de tal forma que este acto de rejeição nem sequer traduz qualquer tipo de incumprimento em termos de desempenho profissional – a nível pedagógico, científico e de envolvente institucional, antes pelo contrário (é pelo exemplo moral e espírito de exigência de alguns contestatários que grandes autores do direito e das teorias da justiça consideram a desobediência civil como um instrumento de aperfeiçoamento das instituições e da sociedade);
2) o do incumprimento dos deveres profissionais por parte dos funcionários públicos, quer seja por negligência, incompetência ou má vontade. Ora, a luta dos professores não configura nenhuma destas situações, as quais constituem, indiscutivelmente, o alvo e o horizonte das leis em apreço.
A história tem sido pródiga em demonstrações do que é, em determinadas circunstâncias, ser conivente de leis absurdas e injustas, apenas porque foi mais cómodo a muitos terem-se amouchado, acobardado ou eximido de lutar. Frequentemente, a manta da lei é curta para abafar a consciência e a exigência de justiça e de decência que ainda move muitos seres humanos, sobretudo quando se trata de leis que resultam em processos impositivos, impreparados e arbitrários, além de não colherem um reconhecimento social alargado, como é o caso vertente de muitos normativos legais expelidos por este Governo.
Apesar dos adamastores e papões que alguns vão agitando, na procura de escapatórias ou de subterfúgios de consciência, estou convicto que a minha decisão está resguardada e protegida por um conjunto de atenuantes e de circunstâncias favorecedoras, a saber:
1) sou um profissional empenhado e dedicado à escola, com uma folha de serviço irrepreensível de mais de vinte anos, nunca tendo negligenciado ou incumprido nenhum dos meus deveres como docente, pelo que apenas me limito a discordar de pôr em prática um modelo de avaliação que é injusto e não é sério. Tal não significa que me recuse a ver avaliada a minha prática profissional, uma vez que vou ter disponível, para o caso de alguém me querer avaliar, um relatório bem mais exigente, sério e circunstanciado da minha actividade docente;
2) além das práticas curriculares e extra-curriculares, disponho de mais do que a formação contínua exigida para o período sob avaliação, mau grado a maioria dos Centros de Formação não terem disponibilizado, por inépcia do Ministério da Educação, qualquer formação aos professores;
3) nenhum director, inspector ou juiz sacrificará a justiça e a decência a uma legalidade torpe, caprichosa e que a generalidade das sensibilidades políticas e sociais não reconhece, caso contrário são os fundamentos de uma sociedade justa que entrarão em erosão (haverá muita literatura e muitos exemplos para arrolar em conformidade);
4) tenho, do meu lado, todos os partidos políticos da oposição, bem como inúmeras autoridades de reconhecido mérito nacional e internacional, nas áreas da ciência, da pedagogia e do saber em geral. Acho que não estarei só.
Definitivamente, não estou disponível para colaborar na legitimação de um modelo de avaliação de que discordo, quer em termos dos fundamentos que o suportam e das debilidades e arbitrariedades em que se operacionaliza, quer tendo em conta a farsa em que se converteu.»
Em questões de coerência e dignidade prefiro, sempre, olhar para dentro do que para o lado. Como tal, é-me, relativamente, indiferente saber quantos colegas acompanham a minha decisão de não entregar qualquer Ficha de Auto-Avaliação (FAA) imposta por este modelo de avaliação do desempenho.
Neste particular, revejo-me, em absoluto, no poema de Torga: “Não sei quantos seremos, mas que importa?! - Um só que fosse, e já valia a pena - Aqui, no mundo, alguém que se condena - A não ser conivente - Na farsa do presente - Posta em cena!”
Confesso-me inexperiente e sem treino na técnica de adormecer sobre uma consciência pesada, pelo que não me resta outra autenticidade que não seja a de não sancionar este modelo de avaliação, nem ser cúmplice de um processo autocrático, destituído de seriedade, credibilidade, justiça e consistência.
Compreendo que a maioria dos professores, chegados a este momento da contestação, se encolha. Por conseguinte, nem sequer me acho no direito de empreender a pastoral da não entrega da FAA. Cada um deve decidir em consciência o que fazer.
Depois da fase do esfusiante unanimismo dos abaixo-assinados e da fase da resistência escola a escola (como é possível ter-se o desplante de afirmar que a estratégia não resultou, quando cerca de 60 mil professores se recusaram a entregar os seus objectivos individuais, num acto de desobediência cívica sem paralelo na história da democracia portuguesa!), parece-me chegado o momento das decisões individuais: cada um decide, em coerência, se participa ou não participa neste processo de avaliação. EU NÃO PARTICIPO!
Declaro, desde já, que não me atemorizam os argumentos legalistas e até farisaicos de muitos hermeneutas circunstanciais do direito e de inúmeros juristas de viveiro que por aí vão formigando.
Por norma, as interpretações alarmistas, que por aí vão vingando, tendem a confundir os dois planos seguintes:
1) o do direito à contestação cívica de leis reconhecidamente injustas e carecidas de seriedade (vejam-se, a propósito, as recentes declarações do presidente do Conselho Científico para a Avaliação os Professores, as quais assumem a fragilidade experimentalista do modelo de avaliação e reduzem os professores a meras cobaias de processos impreparados), de tal forma que este acto de rejeição nem sequer traduz qualquer tipo de incumprimento em termos de desempenho profissional – a nível pedagógico, científico e de envolvente institucional, antes pelo contrário (é pelo exemplo moral e espírito de exigência de alguns contestatários que grandes autores do direito e das teorias da justiça consideram a desobediência civil como um instrumento de aperfeiçoamento das instituições e da sociedade);
2) o do incumprimento dos deveres profissionais por parte dos funcionários públicos, quer seja por negligência, incompetência ou má vontade. Ora, a luta dos professores não configura nenhuma destas situações, as quais constituem, indiscutivelmente, o alvo e o horizonte das leis em apreço.
A história tem sido pródiga em demonstrações do que é, em determinadas circunstâncias, ser conivente de leis absurdas e injustas, apenas porque foi mais cómodo a muitos terem-se amouchado, acobardado ou eximido de lutar. Frequentemente, a manta da lei é curta para abafar a consciência e a exigência de justiça e de decência que ainda move muitos seres humanos, sobretudo quando se trata de leis que resultam em processos impositivos, impreparados e arbitrários, além de não colherem um reconhecimento social alargado, como é o caso vertente de muitos normativos legais expelidos por este Governo.
Apesar dos adamastores e papões que alguns vão agitando, na procura de escapatórias ou de subterfúgios de consciência, estou convicto que a minha decisão está resguardada e protegida por um conjunto de atenuantes e de circunstâncias favorecedoras, a saber:
1) sou um profissional empenhado e dedicado à escola, com uma folha de serviço irrepreensível de mais de vinte anos, nunca tendo negligenciado ou incumprido nenhum dos meus deveres como docente, pelo que apenas me limito a discordar de pôr em prática um modelo de avaliação que é injusto e não é sério. Tal não significa que me recuse a ver avaliada a minha prática profissional, uma vez que vou ter disponível, para o caso de alguém me querer avaliar, um relatório bem mais exigente, sério e circunstanciado da minha actividade docente;
2) além das práticas curriculares e extra-curriculares, disponho de mais do que a formação contínua exigida para o período sob avaliação, mau grado a maioria dos Centros de Formação não terem disponibilizado, por inépcia do Ministério da Educação, qualquer formação aos professores;
3) nenhum director, inspector ou juiz sacrificará a justiça e a decência a uma legalidade torpe, caprichosa e que a generalidade das sensibilidades políticas e sociais não reconhece, caso contrário são os fundamentos de uma sociedade justa que entrarão em erosão (haverá muita literatura e muitos exemplos para arrolar em conformidade);
4) tenho, do meu lado, todos os partidos políticos da oposição, bem como inúmeras autoridades de reconhecido mérito nacional e internacional, nas áreas da ciência, da pedagogia e do saber em geral. Acho que não estarei só.
Definitivamente, não estou disponível para colaborar na legitimação de um modelo de avaliação de que discordo, quer em termos dos fundamentos que o suportam e das debilidades e arbitrariedades em que se operacionaliza, quer tendo em conta a farsa em que se converteu.»
Octávio Gonçalves
Há uns dias que Octávio Gonçalves publicou o texto acima transcrito, que eu subscrevo, na íntegra. Por falta de tempo, ainda não pude comentar nem dedicar atenção, aqui, no blogue, a este importante assunto. Espero dar, na próxima semana, um contributo a este debate. Até lá, deixo o meu abraço ao Octávio Gonçalves.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Às quartas
Anósia
Que marinais sob tão pora luva
de esbranforida pela retinada
não dão volpúcia de imajar anteada
a que moltínea se adamenta ocuva?
Bocam dedetos calcurando a fuva
que arfala e dúpia de antegor tutada,
e que tessalta de nigrors nevada.
Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!
Labiliperta-se infanal a esvebe,
agluta, acedirasma, sucamina,
e maniter suavira o termidodo...
Que marinais, dulcífima contebe,
ejacicasto, ejacicasto, arina!...
Que marinais, tão pora luva, todo...
Jorge de Sena
Que marinais sob tão pora luva
de esbranforida pela retinada
não dão volpúcia de imajar anteada
a que moltínea se adamenta ocuva?
Bocam dedetos calcurando a fuva
que arfala e dúpia de antegor tutada,
e que tessalta de nigrors nevada.
Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!
Labiliperta-se infanal a esvebe,
agluta, acedirasma, sucamina,
e maniter suavira o termidodo...
Que marinais, dulcífima contebe,
ejacicasto, ejacicasto, arina!...
Que marinais, tão pora luva, todo...
Jorge de Sena
terça-feira, 9 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
O doce sabor da derrota
Há um sabor estranhamente doce na DERROTA da prepotência, da arrogância, da incompetência, da mediocridade, da mentira, da injustiça ... e de muito mais.
Há uma esperança, que deixa de ser secreta, de que este ar que pesa como chumbo se tornará respirável.
Há uma vontade redobrada em varrer o lixo.
Há um sentimento de alívio, de começo do fim do pesadelo.
Há que fazer com que esta Primavera renasça no Outono com a mais saborosa das derrotas ... para que no futuro a "derrota" volte a ser o que era.
Há uma esperança, que deixa de ser secreta, de que este ar que pesa como chumbo se tornará respirável.
Há uma vontade redobrada em varrer o lixo.
Há um sentimento de alívio, de começo do fim do pesadelo.
Há que fazer com que esta Primavera renasça no Outono com a mais saborosa das derrotas ... para que no futuro a "derrota" volte a ser o que era.
Reacções - retirado do blogue ProfAvaliação
«No blogue Olhos de Fogo: Governo PS não ouviu nas ruas, ouviu nas urnas
No blogue A Educação do Meu Umbigo: Absolutamente lamentável (sobre as sondagens da SICN)
No blogue EducacaoSA: Este país não é para medíocres
No blogue Anovis Anophelis: Este país não é para mentirosos
No blogue (Re)Flexões: Pinto de Sousa e a direcção socialista foram ao tapete
No blogue O Estado da Educação e do Resto: Um alento para a batalha que vai prosseguir
No blogue Fliscorno: Eleições: Os resultados
No blogue Sinistra Ministra: Votozinhos contados
No blogue Pérola de Cultura: A quem os professores devem agradecer
No blogue Pé-Ante-Pé: Falta agora apurar um deputado
No blogue OutròÒlhar: Derrota técnica
No blogue Correntes: Primeira nota
No blogue MUP: Eleições, síntese da imprensa
O PSD ganhou ao PS por 181074 votos. Querem ver que os 150 mil professores em luta fizeram a diferença? Isso, Sócrates, mantém o rumo e conserva a ministra! Continua a cavar a tua sepultura. É necessário esperar por uma análise sociológica da distribuição dos votos dos professores. Arrisco afirmar que os 150 mil votos dos professores se distribuíram pelo BE (em maior número), pelo PSD e pelo CDS. Muito poucos professores votaram no PS. Agora, é preciso insistir e manter a luta. Voltar a realizar uma grande manifestação na véspera das legislativas. E continuar na via do Compromisso Educação com todos os partidos da oposição em torno das reivindicações dos professores. Isolar ainda mais o PS e derrotá-lo de novo em Outubro.»
Um alento para a batalha que vai prosseguir
Temos razões para estarmos contentes.
A manifesta derrota do Partido Socialista, nas eleições europeias, constitui uma objectiva derrota de tudo aquilo que muitos de nós temos combatido: a arrogância, a incompetência, a mentira, a grosseria, a insensibilidade política e social.
É também uma derrota de todos aqueles que, nos locais de trabalho, escudados nos exemplos de prepotência e de pesporrência que vinham de cima, julgavam ter como certa e segura a concretização das suas ambições a pequenos tiranetes.
É igualmente a derrota da onda de mediocridade e de manipulação que já há muito mina o país e que ameaçava tomar conta dele por inteiro.
A manifesta derrota do Partido Socialista, nas eleições europeias, constitui uma objectiva derrota de tudo aquilo que muitos de nós temos combatido: a arrogância, a incompetência, a mentira, a grosseria, a insensibilidade política e social.
É também uma derrota de todos aqueles que, nos locais de trabalho, escudados nos exemplos de prepotência e de pesporrência que vinham de cima, julgavam ter como certa e segura a concretização das suas ambições a pequenos tiranetes.
É igualmente a derrota da onda de mediocridade e de manipulação que já há muito mina o país e que ameaçava tomar conta dele por inteiro.
Todavia, todos sabemos que não se trata ainda de uma derrota irreversível. É um vigoroso alento que todos recebemos após tantos meses de tanta luta, é um alento para nós e é um travão, ainda que não definitivo, para os inimigos da Liberdade, mas todos sabemos que não é mais do que isso.
Que este alento nos reforce a vontade e a determinação de levarmos a nossa luta até ao fim.
A luta a que a nossa consciência profissional e ética nos obriga.
Que este alento nos reforce a vontade e a determinação de levarmos a nossa luta até ao fim.
A luta a que a nossa consciência profissional e ética nos obriga.
Agradecimento
Agradeço ao blogue Pérola de Cultura, ou melhor, à Helena Feliciano, o ter atribuído a O estado da educação e do resto o prémio «LEMNISCATA». Troféu cujo objectivo é premiar os blogues «que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.»
Aproveito para, mais uma vez, felicitar a Helena pelo seu blogue e pelo meritório trabalho que nele desenvolve.
Aproveito para, mais uma vez, felicitar a Helena pelo seu blogue e pelo meritório trabalho que nele desenvolve.
domingo, 7 de junho de 2009
Pensamentos de domingo
«Certas pessoas são capazes de dizer qualquer coisa para produzir efeito, até mesmo a verdade.»
Carl Hammaren
«Quando Sócrates inventou a máxima "Conhece-te a ti mesmo" podia bem ter acrescentado "Mas não contes a ninguém".»
H. F. Heinrich
«É natural que a vida seja impossível nos outros planetas, pois se ela aqui já é tão difícil.»
Anónimo
Carl Hammaren
«Quando Sócrates inventou a máxima "Conhece-te a ti mesmo" podia bem ter acrescentado "Mas não contes a ninguém".»
H. F. Heinrich
«É natural que a vida seja impossível nos outros planetas, pois se ela aqui já é tão difícil.»
Anónimo
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.
sábado, 6 de junho de 2009
Ao sábado: momento quase filosófico
Acerca do Estoicismo
«A questão ética que preocupou os estóicos, no século IV a. C., foi como reagir ao sentimento prevalecente de fatalismo provocado pela vida num império rigidamente controlado. Não podiam alterar praticamente nada nas suas vidas diárias, por isso decidiram mudar a sua atitude relativamente à própria vida. Era o único controlo pessoal que lhes restava. O que os estóicos adoptaram foi uma estratégia de distanciamento emocional da vida. Chamaram à sua atitude apathia (apatia) e para os estóicos a apatia era uma virtude, que os transformou em motivo da chacota na taberna local. Os estóicos estavam dispostos a sacrificar alguns tipos de felicidade (sexo, drogas e hip-hop dionisiano) para evitar a infelicidade provocada pelas suas paixões (DST, ressacas e rimas más). Agiam apenas de acordo com a razão, nunca motivados pela paixão e, por conseguinte, consideravam-se as únicas pessoas verdadeiramente felizes — que é o mesmo que dizer que eram não-felizes.
Na história que se segue, o senhor Cooper demonstra uma forma moderna de estoicismo: estoicismo por procuração.
Os Cooper foram conduzidos ao consultório do dentista, onde o senhor Cooper deixou claro que estava com muita pressa.
— Nada de paninhos quentes, Doutor — ordenou. — Não quero anestesia nem agulhas nem nada disso. Arranque o dente e despache o assunto.
— Quem me dera ter mais pacientes tão estóicos como o senhor — declarou o dentista com a admiração. Muito bem, qual é o dente?
O senhor Cooper voltou-se para a mulher:
— Abre a boca, querida.»
Na história que se segue, o senhor Cooper demonstra uma forma moderna de estoicismo: estoicismo por procuração.
Os Cooper foram conduzidos ao consultório do dentista, onde o senhor Cooper deixou claro que estava com muita pressa.
— Nada de paninhos quentes, Doutor — ordenou. — Não quero anestesia nem agulhas nem nada disso. Arranque o dente e despache o assunto.
— Quem me dera ter mais pacientes tão estóicos como o senhor — declarou o dentista com a admiração. Muito bem, qual é o dente?
O senhor Cooper voltou-se para a mulher:
— Abre a boca, querida.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Imperativamente
Enquanto professor, vivo um conflito grave com a política educativa da ministra da Educação do Partido Socialista. A acintosa e incompetente política educativa do Partido Socialista atingiu um nível insuportável de mediocridade.
O Partido Socialista ficará na história da Educação pelas piores razões: tentou destruir a classe profissional docente, denegriu a sua imagem, conseguiu que milhares de professores antecipassem a reforma, com gravíssimos prejuízos financeiros, e que outros, não podendo reformar-se, recusem manter um comportamento de entrega incondicional à escola, como até aqui sempre tinham feito.
No futuro, o Partido Socialista envergonhar-se-á destes quatro anos, envergonhar-se-á não só do que de inqualificável fez aos professores, mas igualmente do que fez em prol do facilitismo e da generalização da política do faz-de-conta: desde as faltas dos alunos que já não servem para reprovar, passando pelos exames que nada examinam e pela fantasia estatística que tudo deturpa, até à gratuita e maciça distribuição de diplomas e de certificados.
Para este Partido Socialista vale tudo, desde que se vislumbre a possibilidade de haver dividendos eleitorais.
Este é o meu conflito com a política educativa do Partido Socialista, enquanto professor.
Enquanto cidadão, vivo igualmente um confito grave com a política geral do Governo do Partido Socialista. Desde logo, porque o Partido Socialista, pela voz do seu chefe, José Sócrates, me diz, a mim, cidadão português, que avalie a sua política tendo por referência as ditas reformas realizadas na Educação. Como acumulo o estatuto de cidadão com o de professor, tenho de repetir o que já aqui escrevi: se a reforma da Educação é a reforma mais bem conseguida deste Governo, nós, professores, que sabemos, melhor do que ninguém, em que realmente consistiu esta reforma, e que a classificamos como o pântano da incompetência, da injustiça e da arbitrariedade, podemos imaginar a qualidade das reformas levadas a cabo nas outras áreas da governação. Se o desastre da Educação foi a reforma mais bem conseguida, que adjectivação será apropriado utilizar para qualificar as outras reformas?
Mas o meu conflito com política geral do Partido Socialista reforça-se com a avaliação profundamente negativa que faço das diversas áreas da governação, nestes quatro anos. Exemplos:
— Ambiente — cujo ministro parece ter sido, em múltiplas situações, mais o representante dos interesses de empreiteiros e de empresários do que dos interesses da ecologia (e, hoje mesmo, considerou o preço da água demasiado barato, defendendo que ele deve subir 15 vezes!);
— Justiça — domínio em que as trapalhadas se sucedem quase diariamente;
— Obras Públicas — onde já se fizeram e desfizeram aeroportos, pontes e TGV, com a mesma facilidade com que se fazem e desfazem camisas;
— Negócios Estrangeiros — área onde se deu o maior desinvestimento, de que há memória, na defesa da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro, e cujo ministro desapareceu de cena há já muito tempo;
— Agricultura — onde existe um divórcio total entre o ministro e os agricultores, entre o ministro e os pescadores, entre o ministro e tudo o que tenha que ver com agricultura ou com pesca;
— e, finalmente, para não ser exaustivo, a Presidência do Governo — cujo protagonista, o primeiro-ministro, é o expoente máximo da arrogância, da demagogia e do mais primário senso-comum. Não conheço deste homem uma ideia. Não conheço deste homem um projecto para Portugal. Tenho dúvidas, sérias dúvidas, de que ele conheça, minimamente, a história do seu país, que saiba fundamentar, por exemplo, porque somos uma nação. Deste homem, que diz ser viciado em filosofia, não conheço uma proposição filosófica, um argumento por ele defendido, uma teoria que ele subscreva.
Deste homem, conheço apenas três palavras de ordem. A primeira, logo após ter tomado posse: «a minha primeira prioridade é Espanha, a minha segunda prioridade é Espanha, a minha terceira prioridade é Espanha». A segunda palavra de ordem: «reduzir o défice, reduzir o défice, reduzir o défice». A terceira: «plano tecnológico, plano tecnológico, plano tecnológico».
Deste homem, não conheço mais nada, tirando, é claro, os permanentes «recordes» que ele bate e os «nunca tinha sido visto» e outras do género.
Estas são algumas das razões porque, no domingo, não votarei no Partido Socialista. Dir-me-ão: mas nenhuma dessas razões tem que ver com a Europa. Não é verdade que não tenha que ver com a Europa. Tem, e tem muito: eu não quero enviar para o Parlamento Europeu gente que pensa e age assim, eu não quero ajudar a construir uma Europa seguindo o paradigma da medíocre e incompetente política do Partido Socialista do meu país.
Por isso, domingo, não votarei no Partido Socialista. Imperativamente.
O Partido Socialista ficará na história da Educação pelas piores razões: tentou destruir a classe profissional docente, denegriu a sua imagem, conseguiu que milhares de professores antecipassem a reforma, com gravíssimos prejuízos financeiros, e que outros, não podendo reformar-se, recusem manter um comportamento de entrega incondicional à escola, como até aqui sempre tinham feito.
No futuro, o Partido Socialista envergonhar-se-á destes quatro anos, envergonhar-se-á não só do que de inqualificável fez aos professores, mas igualmente do que fez em prol do facilitismo e da generalização da política do faz-de-conta: desde as faltas dos alunos que já não servem para reprovar, passando pelos exames que nada examinam e pela fantasia estatística que tudo deturpa, até à gratuita e maciça distribuição de diplomas e de certificados.
Para este Partido Socialista vale tudo, desde que se vislumbre a possibilidade de haver dividendos eleitorais.
Este é o meu conflito com a política educativa do Partido Socialista, enquanto professor.
Enquanto cidadão, vivo igualmente um confito grave com a política geral do Governo do Partido Socialista. Desde logo, porque o Partido Socialista, pela voz do seu chefe, José Sócrates, me diz, a mim, cidadão português, que avalie a sua política tendo por referência as ditas reformas realizadas na Educação. Como acumulo o estatuto de cidadão com o de professor, tenho de repetir o que já aqui escrevi: se a reforma da Educação é a reforma mais bem conseguida deste Governo, nós, professores, que sabemos, melhor do que ninguém, em que realmente consistiu esta reforma, e que a classificamos como o pântano da incompetência, da injustiça e da arbitrariedade, podemos imaginar a qualidade das reformas levadas a cabo nas outras áreas da governação. Se o desastre da Educação foi a reforma mais bem conseguida, que adjectivação será apropriado utilizar para qualificar as outras reformas?
Mas o meu conflito com política geral do Partido Socialista reforça-se com a avaliação profundamente negativa que faço das diversas áreas da governação, nestes quatro anos. Exemplos:
— Ambiente — cujo ministro parece ter sido, em múltiplas situações, mais o representante dos interesses de empreiteiros e de empresários do que dos interesses da ecologia (e, hoje mesmo, considerou o preço da água demasiado barato, defendendo que ele deve subir 15 vezes!);
— Justiça — domínio em que as trapalhadas se sucedem quase diariamente;
— Obras Públicas — onde já se fizeram e desfizeram aeroportos, pontes e TGV, com a mesma facilidade com que se fazem e desfazem camisas;
— Negócios Estrangeiros — área onde se deu o maior desinvestimento, de que há memória, na defesa da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro, e cujo ministro desapareceu de cena há já muito tempo;
— Agricultura — onde existe um divórcio total entre o ministro e os agricultores, entre o ministro e os pescadores, entre o ministro e tudo o que tenha que ver com agricultura ou com pesca;
— e, finalmente, para não ser exaustivo, a Presidência do Governo — cujo protagonista, o primeiro-ministro, é o expoente máximo da arrogância, da demagogia e do mais primário senso-comum. Não conheço deste homem uma ideia. Não conheço deste homem um projecto para Portugal. Tenho dúvidas, sérias dúvidas, de que ele conheça, minimamente, a história do seu país, que saiba fundamentar, por exemplo, porque somos uma nação. Deste homem, que diz ser viciado em filosofia, não conheço uma proposição filosófica, um argumento por ele defendido, uma teoria que ele subscreva.
Deste homem, conheço apenas três palavras de ordem. A primeira, logo após ter tomado posse: «a minha primeira prioridade é Espanha, a minha segunda prioridade é Espanha, a minha terceira prioridade é Espanha». A segunda palavra de ordem: «reduzir o défice, reduzir o défice, reduzir o défice». A terceira: «plano tecnológico, plano tecnológico, plano tecnológico».
Deste homem, não conheço mais nada, tirando, é claro, os permanentes «recordes» que ele bate e os «nunca tinha sido visto» e outras do género.
Estas são algumas das razões porque, no domingo, não votarei no Partido Socialista. Dir-me-ão: mas nenhuma dessas razões tem que ver com a Europa. Não é verdade que não tenha que ver com a Europa. Tem, e tem muito: eu não quero enviar para o Parlamento Europeu gente que pensa e age assim, eu não quero ajudar a construir uma Europa seguindo o paradigma da medíocre e incompetente política do Partido Socialista do meu país.
Por isso, domingo, não votarei no Partido Socialista. Imperativamente.
Ninguém votou em Vital Moreira
Vital com zero votos para o Conselho Científico
da Faculdade de Direito
O cabeça-de-lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu foi o docente menos votado nas eleições para o Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Vital Moreira não recebeu nenhum voto no escrutínio de terça-feirada Faculdade de Direito
Segundo a actada Comissão Eleitoral para as Eleições do Conselho Científico da FDUC, Vital Martins Moreira não colheu qualquer voto e ficou em último lugar nas preferências dos docentes da faculdade.
A votação realizou-se terça-feira, 2 de Junho. Entre os candidatos contavam-se todos os docentes doutorados que não tivessem declarado indisponibilidade para concorrer a um lugar no conselho científico.
Vital Moreira não manifestou indisponibilidade para continuar naquele órgão para o qual foi eleito em 2006, apesar não ter comparecido a qualquer reunião do conselho durante dois anos.
Nesse período, o constitucionalista também acumulou faltas injustificadas às aulas e não apresentou sumários da lições, como a lei exige. No entanto, Vital não foi alvo de qualquer processo disciplinar.
Sítio do Sol
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Mais um caso de «normalidade»
A ser verdade tudo o que aqui é descrito sobre o que está a acontecer no Agrupamento de Pinhal de Frades, não são necessários comentários. A narrativa fala por si.
Retirado do blogue A Educação do Meu Umbigo:
«A novela mexicana deste agrupamento começou com um pedido da presidente do conselho executivo a solicitar ao CGT a rápida eleição do director do agrupamento, também por motivos de gestão e não apenas monetários. Apesar de uma parte do CGT não estar de acordo, porque queria apenas centrar-se no Regulamento Interno, a maioria resolveu atender ao pedido da senhora presidente do CE.
A primeira surpresa surgiu aquando da entrega das candidaturas: além da presidente do CE, apareceu uma outra candidata. Tínhamos, então, a experiência versus a sapiência: a candidata com 14 anos de executivo e a candidata com mestrado e em fase de tese de doutoramento.
A segunda surpresa: a sapiência vence 12 a 6, com a abstenção da autarquia, claro. Foi o renascer de um agrupamento: respirava-se novamente.
Mas eis que tudo o que é bom, ou excepcional!, acaba: a candidata vencida interpõe um recurso, alegando falta de habilitações da sua adversária. Apesar do Director Regional já ter homologado esta candidata, vem uma revogação por falta de 1 número de acreditação da parte curricular do doutoramento!
Sai a directora, entra a presidente do CE. Todos os professores e funcionários do CGT são convocados para uma reunião com o Director Regional. Neste encontro o Director refere que homologou a directora porque o documento ficou uma semana preso nos serviços, sendo depois indevidamente enviado para a escola (?!). Assim, dever-se-ia continuar com o mesmo concurso, mas apenas com 1 candidata: a vencida. Interpelado sobre a legalidade do acto, referiu ter “resmas” de advogados e que ele é que iria tomar a decisão final. Apresentou de seguida várias hipóteses para solucionar este caso:
* a candidata vencida demitia-se;
* o CGT demitia-se ou faltava às reuniões;
* elegia-se a candidata vencida, uma vez que uma CAP poderia ser terrível;
* o CGT aprovar 1 documento expressando que não estavam reunidas as condições para a eleição do director, documento este que teria que ser aprovado por uma maioria de dois terços dos votos.
No entanto, ter-se-ia que garantir a calma do agrupamento e a tranquilidade de toda a comunidade.
A presidente do CGT apresentou 1 abaixo-assinado que lhe fora dirigido pela comunidade (o qual já era do conhecimento do sr. Director – “por via oficial e outras”sic) a solicitar a reposição da democraticidade na eleição do director do agrupamento. Este documento que revelava a instabilidade vivida nas escolas do agrupamento, não teve efeitos porque, segundo o senhor director, “muitos gostam de se manter longe destas situações” (porque será?!).
Indignados com tais propostas, e com a atitude de quem quer governar a todo o custo, todos os professores, efectivos e suplentes, demitiram-se, juntamente com 1 elemento cooptado e 2 representantes dos EE. Esta difícil decisão foi tomada com o intuito de “matar” 1 eleição viciada e repor a democraticidade no agrupamento.
Resultado: o sr. Daniel Rodrigues telefona ao elemento mais velho do CGT remanescente, a chefe dos serviços administrativos, dizendo-lhe que deve assumir a presidência (uma vez que a presidente era professora) e prosseguir com a eleição.
Mal vimos a convocatória, ligámos a este senhor que, também oralmente, nos disse ser legal existir 1 CGT sem a representação de professores e com outros elementos demitidos. E era assim, porque ele dizia, sem apresentar uma justificação legal. Enviámos-lhe um e-mail a solicitar 1 esclarecimento por escrito… até agora nada. E a reunião está marcada para sexta-feira, às 18:30 para, numa eleição viciada, se eleger uma candidata vencida.
Como é óbvio, não existe nem calma, nem tranquilidade neste agrupamento. Mas parece que, afinal, isso não era importante!»
Retirado do blogue A Educação do Meu Umbigo:
«A novela mexicana deste agrupamento começou com um pedido da presidente do conselho executivo a solicitar ao CGT a rápida eleição do director do agrupamento, também por motivos de gestão e não apenas monetários. Apesar de uma parte do CGT não estar de acordo, porque queria apenas centrar-se no Regulamento Interno, a maioria resolveu atender ao pedido da senhora presidente do CE.
A primeira surpresa surgiu aquando da entrega das candidaturas: além da presidente do CE, apareceu uma outra candidata. Tínhamos, então, a experiência versus a sapiência: a candidata com 14 anos de executivo e a candidata com mestrado e em fase de tese de doutoramento.
A segunda surpresa: a sapiência vence 12 a 6, com a abstenção da autarquia, claro. Foi o renascer de um agrupamento: respirava-se novamente.
Mas eis que tudo o que é bom, ou excepcional!, acaba: a candidata vencida interpõe um recurso, alegando falta de habilitações da sua adversária. Apesar do Director Regional já ter homologado esta candidata, vem uma revogação por falta de 1 número de acreditação da parte curricular do doutoramento!
Sai a directora, entra a presidente do CE. Todos os professores e funcionários do CGT são convocados para uma reunião com o Director Regional. Neste encontro o Director refere que homologou a directora porque o documento ficou uma semana preso nos serviços, sendo depois indevidamente enviado para a escola (?!). Assim, dever-se-ia continuar com o mesmo concurso, mas apenas com 1 candidata: a vencida. Interpelado sobre a legalidade do acto, referiu ter “resmas” de advogados e que ele é que iria tomar a decisão final. Apresentou de seguida várias hipóteses para solucionar este caso:
* a candidata vencida demitia-se;
* o CGT demitia-se ou faltava às reuniões;
* elegia-se a candidata vencida, uma vez que uma CAP poderia ser terrível;
* o CGT aprovar 1 documento expressando que não estavam reunidas as condições para a eleição do director, documento este que teria que ser aprovado por uma maioria de dois terços dos votos.
No entanto, ter-se-ia que garantir a calma do agrupamento e a tranquilidade de toda a comunidade.
A presidente do CGT apresentou 1 abaixo-assinado que lhe fora dirigido pela comunidade (o qual já era do conhecimento do sr. Director – “por via oficial e outras”sic) a solicitar a reposição da democraticidade na eleição do director do agrupamento. Este documento que revelava a instabilidade vivida nas escolas do agrupamento, não teve efeitos porque, segundo o senhor director, “muitos gostam de se manter longe destas situações” (porque será?!).
Indignados com tais propostas, e com a atitude de quem quer governar a todo o custo, todos os professores, efectivos e suplentes, demitiram-se, juntamente com 1 elemento cooptado e 2 representantes dos EE. Esta difícil decisão foi tomada com o intuito de “matar” 1 eleição viciada e repor a democraticidade no agrupamento.
Resultado: o sr. Daniel Rodrigues telefona ao elemento mais velho do CGT remanescente, a chefe dos serviços administrativos, dizendo-lhe que deve assumir a presidência (uma vez que a presidente era professora) e prosseguir com a eleição.
Mal vimos a convocatória, ligámos a este senhor que, também oralmente, nos disse ser legal existir 1 CGT sem a representação de professores e com outros elementos demitidos. E era assim, porque ele dizia, sem apresentar uma justificação legal. Enviámos-lhe um e-mail a solicitar 1 esclarecimento por escrito… até agora nada. E a reunião está marcada para sexta-feira, às 18:30 para, numa eleição viciada, se eleger uma candidata vencida.
Como é óbvio, não existe nem calma, nem tranquilidade neste agrupamento. Mas parece que, afinal, isso não era importante!»
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Às quartas
Divina Comédia
Erguendo os braços para o Céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: - «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
Num turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: - «Homens! porque é que nos criastes?»
Antero de Quental
Erguendo os braços para o Céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: - «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
Num turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: - «Homens! porque é que nos criastes?»
Antero de Quental
Compromisso Educação
COMPROMISSO EDUCAÇÃO (I)
Os movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, constatam que, em consequência da prolongada e tenaz resistência dos professores contra as políticas educativas deste Governo, foi emergindo um consenso natural entre todas as forças políticas da oposição acerca da rejeição das políticas em causa, tal é a inconsistência e a injustiça das mesmas.
Assim, atendendo a que:
1) é desejável que as reformas educativas, pela sua dimensão estruturante e pelo alcance temporal dos seus efeitos, sejam geradoras do maior consenso político e social possível, para aí se poderem ancorar de forma duradoura, de molde a evitarem-se mudanças ao sabor de maiorias e de umbigos de circunstância, que apenas servem para destabilizar as escolas e perturbar o sistema de ensino;
2) este Governo embarcou, de forma impreparada e casuística, em aventureirismos reformistas que procurou implementar nas escolas através de uma estratégia de arrogância, a qual subalternizou qualquer respaldo político-partidário fora da maioria socialista (e nem todos), assim como ignorou os saberes, as experiências e as dinâmicas dos actores no terreno;
3) as pretensas reformas vieram a ser impostas de modo hostil e autocrático, muitas delas escoradas na inaceitável injustiça que consumou a divisão da carreira, pelo que apenas contribuíram para a degradação do ambiente nas escolas e para desencadear a indignação e a resistência dos professores;
4) se verificou uma convergência de posições entre os professores e os partidos políticos da oposição à volta de um núcleo de reivindicações fundamentais, especificamente a propósito da não aceitação da divisão da carreira e da rejeição do modelo de avaliação proposto, o que vem reforçar a adequação e a justeza da contestação encetada pelos professores;
Os movimentos independentes de professores consideram estarem reunidas as condições para a efectivação de um contrato público, em matéria de educação, com os partidos da oposição, as suas estruturas dirigentes e os seus membros mais destacados, a nível nacional e distrital, que se possa traduzir num compromisso de, no que venha a depender de cada um e no quadro da próxima da legislatura, tudo procurarem fazer para:
1) colaborarem na valorização do prestígio e da autoridade dos professores e na implementação de um ensino público de qualidade;
2) abrirem um processo negocial com as estruturas representativas dos professores que incida sobre a imprescindível e urgente revisão do ECD (Estatuto da Carreira Docente), no sentido de ser revogada a divisão arbitrária e injusta da carreira, enquanto condição indispensável à pacificação das escolas, de ser substituído o actual e desacreditado modelo de avaliação, bem como de se pôr fim à aplicação das quotas ao sistema de ensino;
3) manifestarem abertura para negociar com as estruturas representativas dos professores dossiers candentes, como: a revisão do modelo de gestão, que seja susceptível de garantir uma maior democraticidade e participação dos professores nos processos de gestão e tomadas de decisão nas escolas; a questão da estabilidade profissional dos docentes; a manutenção do carácter nacional dos concursos de professores;
4) reconhecerem a necessidade de uma revisão do Estatuto do Aluno, de molde a promover uma cultura de responsabilidade.
Desta forma, os professores portugueses e as suas famílias terão uma percepção clara de quais as forças políticas e os dirigentes políticos que serão merecedores da sua confiança e do seu voto, nos próximos actos eleitorais.
Os movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, submetem este documento às estruturas e aos elementos destacados dos partidos políticos da oposição, ficando na expectativa de poderem contar, da parte dos mesmos, com uma intervenção pública e/ou com um documento escrito que subscreva este Compromisso Educação.
Assim, atendendo a que:
1) é desejável que as reformas educativas, pela sua dimensão estruturante e pelo alcance temporal dos seus efeitos, sejam geradoras do maior consenso político e social possível, para aí se poderem ancorar de forma duradoura, de molde a evitarem-se mudanças ao sabor de maiorias e de umbigos de circunstância, que apenas servem para destabilizar as escolas e perturbar o sistema de ensino;
2) este Governo embarcou, de forma impreparada e casuística, em aventureirismos reformistas que procurou implementar nas escolas através de uma estratégia de arrogância, a qual subalternizou qualquer respaldo político-partidário fora da maioria socialista (e nem todos), assim como ignorou os saberes, as experiências e as dinâmicas dos actores no terreno;
3) as pretensas reformas vieram a ser impostas de modo hostil e autocrático, muitas delas escoradas na inaceitável injustiça que consumou a divisão da carreira, pelo que apenas contribuíram para a degradação do ambiente nas escolas e para desencadear a indignação e a resistência dos professores;
4) se verificou uma convergência de posições entre os professores e os partidos políticos da oposição à volta de um núcleo de reivindicações fundamentais, especificamente a propósito da não aceitação da divisão da carreira e da rejeição do modelo de avaliação proposto, o que vem reforçar a adequação e a justeza da contestação encetada pelos professores;
Os movimentos independentes de professores consideram estarem reunidas as condições para a efectivação de um contrato público, em matéria de educação, com os partidos da oposição, as suas estruturas dirigentes e os seus membros mais destacados, a nível nacional e distrital, que se possa traduzir num compromisso de, no que venha a depender de cada um e no quadro da próxima da legislatura, tudo procurarem fazer para:
1) colaborarem na valorização do prestígio e da autoridade dos professores e na implementação de um ensino público de qualidade;
2) abrirem um processo negocial com as estruturas representativas dos professores que incida sobre a imprescindível e urgente revisão do ECD (Estatuto da Carreira Docente), no sentido de ser revogada a divisão arbitrária e injusta da carreira, enquanto condição indispensável à pacificação das escolas, de ser substituído o actual e desacreditado modelo de avaliação, bem como de se pôr fim à aplicação das quotas ao sistema de ensino;
3) manifestarem abertura para negociar com as estruturas representativas dos professores dossiers candentes, como: a revisão do modelo de gestão, que seja susceptível de garantir uma maior democraticidade e participação dos professores nos processos de gestão e tomadas de decisão nas escolas; a questão da estabilidade profissional dos docentes; a manutenção do carácter nacional dos concursos de professores;
4) reconhecerem a necessidade de uma revisão do Estatuto do Aluno, de molde a promover uma cultura de responsabilidade.
Desta forma, os professores portugueses e as suas famílias terão uma percepção clara de quais as forças políticas e os dirigentes políticos que serão merecedores da sua confiança e do seu voto, nos próximos actos eleitorais.
Os movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, submetem este documento às estruturas e aos elementos destacados dos partidos políticos da oposição, ficando na expectativa de poderem contar, da parte dos mesmos, com uma intervenção pública e/ou com um documento escrito que subscreva este Compromisso Educação.
Vila Real e Lisboa, 1 de Junho de 2009
Os movimentos independentes de professores,
APEDE, MUP e PROmova
COMPROMISSO EDUCAÇÃO (II)
No final da tarde do dia 1 de Junho, em Vila Real, eu próprio [Octávio Gonçalves], apresentei e entreguei ao cabeça de lista do PSD às eleições europeias, Dr. Paulo Rangel, em nome dos movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, o documento que consubstancia o COMPROMISSO EDUCAÇÃO.
O Dr. Paulo Rangel manifestou uma extraordinária receptividade ao teor do documento, elogiando-o publicamente e considerando a apresentação do mesmo como "o momento mais alto" do dia de campanha.
Foi pena que a manipulação jornalística e a formatação "rocambolesca" da cobertura mediática da campanha eleitoral tivessem sonegado aos portugueses e, especificamente aos professores (que também pagam impostos e são cidadãos de corpo inteiro, mas pelos vistos não têm espaço na comunicação social), a iniciativa dos movimentos independentes de professores e a centralidade que o próprio candidato lhe reconheceu.
No final do encontro com os Conselhos Executivos de Vila Real e com o PROmova, o Dr. Paulo Rangel, teve oportunidade de se dirigir aos jornalistas e ao país, valorizando os professores e denunciando a diabolização que este ME e este Governo fizeram da classe docente.
Ainda esta semana, o documento COMPROMISSO EDUCAÇÃO será proposto ao BE, ao PCP e ao PP.
Nos próximos actos eleitorais, os professores e as suas famílias saberão escolher os candidatos e os partidos que valorizam os professores e acolhem as suas justas reivindicações, ignorando aqueles que, sistematicamente, os afrontam e desprestigiam.
Octávio V Gonçalves
(Núcleo de Estratégia do PROmova)
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