quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um desabafo

Não sou comentador político nem aspiro a sê-lo. Para além de manifesta incapacidade e absoluta falta de vocação, tenho suficiente desconsideração pela grande maioria dos políticos para consumir tempo a comentar o que eles dizem ou fazem só pelo prazer de comentar ou de me entreter com fait-divers que dominam grande parte da actividade política.
Muito do que escrevo neste blogue faz parte do meu empenhamento cívico e do combate profissional em que decidi empenhar-me, ao verificar, há cerca de três anos, que os limites da decência política estavam a ser largamente ultrapassados por este Governo, juntamente com uma inimaginável incompetência técnica. Todavia, este combate está centrado na defesa de ideias e de valores e as críticas que dirijo a personalidades políticas, e outras, derivam exclusivamente das ideias e dos valores que defendo e das práticas políticas a que me oponho. Mesmo quando falo, e falo várias vezes, de características pessoais, como a arrogância, orgulho, vaidade, etc., de um(a) político(a), faço-o pelas objectivas implicações políticas que essas características pessoais têm (seria, aliás, curioso que se desenvolvessem investigações científicas sobre a relação entre perfis psicológicos e opções políticas — julgo que os resultados seriam curiosos). Não me interessam, pois, os jogos florentinos, os golpes baixos, nem os pântanos em que grande parte dos políticos se afundam.
Isto tudo para dizer que, pelo que acima afirmei, a única coisa que se me oferece observar, relativamente à comunicação ao país ontem apresentada pelo Presidente da República, é a seguinte, e digo-a como um desabafo: já tendo nós um primeiro-ministro medíocre que, lamentavelmente, vai continuar a exercer essas funções por mais algum tempo, é lúgubre verificar que temos um outro órgão de soberania ocupado por alguém que se permite ter um comportamento político inaceitável, à luz de qualquer dos pontos de vista possíveis.
Cavaco Silva desceu ao nível das intrigas palacianas em que os políticos medíocres se comprazem. Meteu os pés pelas mãos, enredou-se em histórias burlescas e revelou uma inesperada irresponsabilidade política. Já sabíamos que andou muito pouco atento aos problemas da Educação, mas não sabíamos que se permitia o direito de alimentar — pelo silêncio que manteve durante semanas, e sem qualquer campanha eleitoral a decorrer — boatos e suspeições da maior gravidade. Se o fez conscientemente, é gravíssimo, pelo que ética e politicamente significa; se o fez inconscientemente, gravíssimo é, pelo que denota de incapacidade para o exercício das suas funções.
E nem me vou referir ao grotesco da parte final da sua comunicação, onde diz: «A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”
Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.»
Comentar isto seria, provavelmente, ainda mais ridículo do que afirmá-lo.
Tenho uma dúvida que me assalta cada vez mais: não sei se este país apenas está doente, ou se é mesmo doente.

Às quartas

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Alphonsus de Guimaraens

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Retratos de Sócrates (1)

O jornalista Rui Costa Pinto publicou o livro José Sócrates — O Homem e o Líder. Para além da seriedade que este trabalho me parece ter e do seu mais que evidente interesse público, ele revela a coragem do seu autor, por ser capaz de relatar factos e de revelar, de forma inequívoca, características perigosas que em nenhuma circunstância deveriam pertencer a um homem que tem o poder de chefiar o Governo de um país.
A partir de hoje, colocarei vários excertos deste livro no blogue.
«- "E tu acreditas?".
Foi a pergunta que José Sócrates me fez, insistentemente, durante uma longa e tardia conversa que se foi revelando tensa, muito tensa.
Na última semana de Janeiro de 1999, mais precisamente no dia 28, uma quinta-feira, fui incumbido de telefonar ao então ministro adjunto do primeiro-ministro para o confrontar com o resultado de um pré-inquérito da Polícia Judiciária (PJ), a propósito de um negócio de resíduos e lixos. [...]
A reacção ao telefone, que não podia ser um 'off', surpreendeu pelos termos destemperados:
-"Isso é uma tentativa de assassinato político com base numa denúncia anónima! E tua acreditas?", repetiu aos gritos, completamente descontrolado.
Nunca tinha falado com um membro do governo tão agitado e exaltado. Tentei manter a calma. [...]
José Sócrates 'cega' quando é confrontado com algo que não lhe agrada, do assunto mais grave ao mais trivial. Qualquer político, certamente mais experiente, teria desvalorizado a informação, pois estava em causa um documento preliminar que, muitas vezes, nem sequer tem consequências em termos criminais. Optou por outro caminho: a ameaça e o confronto com o 'mensageiro'. [...]
Nem o apelo à razão enfraqueceu a ira do então ministro, que, aliás, ainda teve o atrevimento de manifestar surpresa e desagrado pelo facto de eu não o ter alertado da investigação jornalística, insinuando que eu traíra a "nossa amizade". A nossa amizade? Fiquei estupefacto! Apesar de não ter sido eu a fazer a investigação, o que repeti, até à exaustão, o certo é que tal reivindicação me pareceu abusiva. É tolerável confundir um 'bufo' com um jornalista? Ou baralhar a amizade com relações cordiais, determinadas por razões de ordem profissional? Claro que não. A manobra tinha outro alcance, mas deixara transparecer uma determinada visão instrumental das relações profissionais, em que vale tudo. Confundir a lealdade com outros valores primordiais é um dos traços mais marcantes da sua personalidade que, aliás, se revelará prejudicial no decorrer da carreira política e governamental.»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 16-18.
(Continua)

Bonecos de palavra

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E agora?

O PS perdeu a maioria absoluta, mas venceu as eleições.
Porque governou mal foi castigado com a perda de milhares de votos e de muitos deputados, mas não foi suficiente nem justamente castigado.
Neste cenário, é anedótico que Sócrates proclame que teve uma «extraordinária vitória eleitoral». A perda de cerca de 500 mil votos, a perda de mais de vinte deputados e a perda da maioria absoluta serem classificadas como uma «extraordinária vitória eleitoral» diz tudo acerca da honestidade intelectual de quem o afirma.
Lamentavelmente, vai ser este homem que irá chefiar o novo Governo.
Neste contexto, não prevejo nada de bom para o país e, em particular, para a Educação, e tenho especial curiosidade em ver até onde irá a seriedade política dos partidos da oposição que se vincularam ao Compromisso Educação. E todos se vincularam.
Registo com satisfação a derrota da maioria absoluta, mas não tenho motivos para festejar. Vejo que a arrogância e a incompetência se mantêm no poder e que o arauto dessa ignorância e dessa incompetência vai ser reconduzido no cargo.
Relativamente à Educação, tenho apenas uma certeza: vamos ter de lutar muito, mas mesmo muito, para que se vislumbre alguma hipótese de serem minoradas as consequências do desastre nacional, que foi a estadia de Maria de Lurdes Rodrigues no ME.
Mas se é isso que se exige, será isso que faremos.

domingo, 27 de setembro de 2009

Jon Hassell e Ronu Majumbar

É HOJE!

Já não falta nenhum dia para decidirmos o que temos para decidir. É hoje!
Hoje vamos dizer que decisão tomámos relativamente ao futuro da governação do nosso país: se queremos continuar como estamos ou se não queremos.
Um bom domingo para todos.

sábado, 26 de setembro de 2009

Falta 1 dia

Falta 1 dia para decidirmos o nosso voto.
Do meu ponto de vista, aquilo que amanhã vai estar, em primeiro lugar, em jogo é a manifestação da nossa rejeição ou do nosso apoio à política do actual Governo e aos políticos que a corporizaram. Mais importante, muito mais importante que dizermos o que queremos é, neste momento, dizermos o que não queremos.
Vou tentar explicar porque penso assim.

1. Há quatros anos e meio, o Partido Socialista venceu as eleições com maioria absoluta. Sabemos que essa vitória foi obtida não por mérito próprio, mas por demérito dos outros. Obteve-a devido ao generalizado sentimento de repulsa em relação a dois factos intimamente ligados: a inesperada fuga de Durão Barroso e o pouco ortodoxo Governo de Santana Lopes. A repugnância que estes dois acontecimentos provocaram nos eleitores conduziu-os a votar maciçamente no PS.
Deste modo, José Sócrates, sem ter feito nada para o merecer, viu cair-lhe no colo uma maioria absoluta, e, de imediato, novamente se juntaram dois factos inéditos e também ligados entre si: a necessidade, sentida por todos, de ser evidenciada uma ruptura clara com a forma e o conteúdo da política santanista e, segundo facto, o perfil psicológico do recém-nomeado primeiro-ministro.

2. Um perfil psicológico que tem caracteres como estes: excessiva vaidade pessoal, excessivo orgulho pessoal, excessiva necessidade de protagonismo, arrogância e autoritarismo. Estes traços de personalidade geram nele, Sócrates, um voluntarismo desmedido e desequilibrado sempre focalizado nas acções que possam satisfazer as solicitações daqueles traços de personalidade.
Um perfil assim produz necessariamente um político caracterizado pela obsessiva preocupação de mostrar que faz, de mostrar que o possível e o impossível está a ser realizado por ele, de mostrar que é um executante incansável e de mostrar que faz o que mais ninguém fez. São ilustrativas desta doentia necessidade as repetidas - repetidas até à exaustão - expressões: «é um momento histórico», «é um recorde», «pela primeira vez», «nunca antes tinha sido alcançado», e outras do género.
Esta é também a razão porque o PS tem contratos com diversas agências de comunicação, cuja missão é zelar pela imagem do Governo e, em particular, pela imagem do primeiro-ministro.
Zelar pela imagem é, desde o início, a primeira, a segunda e a terceira prioridades de Sócrates. (Foi esta obsessão pela imagem que, inicialmente, o levou a escrever, na folha do registo biográfico de deputado, que a sua profissão era engenheiro e as habilitações literárias eram engenharia civil. Para, mais tarde, às escondidas, acrescentar que a profissão, afinal, era de engenheiro técnico e que as habilitações literárias eram somente o bacharelato).
Esta é igualmente a razão pela qual dois verbos da nossa língua foram escolhidos como obrigatórios no discurso político deste Governo: «anunciar» e «mudar». Nunca nenhum Governo anunciou tanto em tão pouco tempo: anunciou, fartou-se de anunciar o mesmo acontecimento repetidamente, como se fosse a primeira vez, e anunciou coisas que nunca realizou. Por outro lado, nunca nenhum Governo falou tanto em «mudar», em «reformar»: um político com aquele perfil psicológico sente a necessidade absoluta de dizer que mudou muitas e diversas coisas, independentemente da mudança ser dirigida para melhor ou para pior. Interessa apenas mudar, mesmo que seja à pressa, mesmo que seja sem preparação e sem rumo, mesmo que seja uma péssima mudança.
Avaliar a «mudança», avaliar as «reformas» é secundário e, para Sócrates, será sempre secundário, o que interessa, exclusivamente, é poder dizer que operou uma mudança.

3. Este perfil completa-se com as características comportamentais do autoritarismo e da arrogância. Alcançado o poder, o autoritarismo torna-se um instrumento imprescindível para mais facilmente poder concretizar as suas obsessões e poder ultrapassar os obstáculos à satisfação das mesmas. Tudo o que seja considerado ou um impedimento ou que revele a verdade do seu carácter é combatido por todos os meios até ser anulado (cf.: afastamento de Eduardo Moniz, afastamento de Moura Guedes, recorrente instauração de processos crime a jornalistas, etc.). Quando o processo de liquidação não é possível, a estratégia altera-se e dá lugar a campanhas de vitimização (caso da licenciatura, caso da assinatura de projectos de engenharia que não eram da sua autoria, caso Freeport).
Deste modo, o autoritarismo e a arrogância constituem dois elementos estruturantes da forma de exercício do poder.

4. As evidentes, e até confrangedoras, limitações filosóficas, culturais e políticas de Sócrates (cf., por exemplo, a entrevista, de cariz mais pessoal e intimista, dada à SIC, durante a campanha eleitoral) constituem a outra dimensão que condiciona e explica a sua acção política. Munido de meia dúzia de chavões, simplistas e superficiais - como qualquer chavão - acerca da vida e da sociedade, parte para a governação obcecado com a sua concretização. Alguns desses chavões são: «meritocracia», «competitividade» e «tecnologização». Sócrates está convencido de que a concretização do que estes conceitos representam resolvem os problemas do país, de qualquer país. Por isso legisla sobre o mérito sem saber como se avalia o mérito, fala de competitividade como um valor em si mesmo e supõe que atirando muita tecnologia para cima dos problemas os resolve. Meia dúzia de ideias simplistas são sempre um fascínio para quem tem o perfil acima descrito. Um fascínio para quem com aquela mentalidade governa e um perigo para quem por ela é governado.

Quando um político é limitado filosófica e culturalmente e possui o perfil descrito torna-se politicamente obsessivo, perde discernimento e prejudica o país. Por vezes, de modo irreversível.
É este modelo de político e este modelo de governação que amanhã vai a votos. É isto que, na minha opinião, amanhã, em primeiro lugar, vai ser votado.
Amanhã, em primeiro lugar, iremos dizer se queremos ou não queremos continuar a ser assim governados.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fragmenti veneris diei

«De volta a Genebra, Susan apresenta-me a Jalil, um jovem suíço que faz parte de uma banda. Estamos a beber vinho. O inglês dele é um pouco macarrónico, pelo que a namorada, uma americana loura agridoce do Minnesota, faz de tradutora-intérprete. Chama-se Anna. É doce quando está sóbria, mas quando bebe - que me parece ser com alguma frequência -, emerge dela uma mordacidade crua.
- Por que razão são tão felizes os suíços?
- Porque sabemos que temos sempre a possibilidade de nos matarmos -, diz com uma gargalhada, mas não está a brincar. A Suíça tem uma das leis mais liberais sobre a eutanásia. Há pessoas de toda a parte da Europa que aqui vêm morrer.
A singularidade de tudo isto é evidente: na Suíça, é ilegal puxar o autoclismo depois das 22 horas ou cortar a relva ao domingo, mas é perfeitamente legal pormos fim à nossa vida.
[...]
Os suíços têm mais opções do que qualquer outra população do planeta, e não é só no que toca a chocolates. O seu sistema de democracia directa significa que os suíços estão constantemente a votar questões importantes e questões pouco importantes: quer seja a adesão às Nações Unidas, quer seja a proibição do absinto. O suíço médio vota cerca de seis a sete vezes por ano. Os suíços acreditam que qualquer coisa que mereça a pena ser feita deve ser feita com seriedade. E o mesmo se passa com a votação. A determinada altura, os suíços chegaram mesmo a votar o aumento dos seus próprios impostos. Não consigo imaginar os eleitores americanos a fazerem a mesma coisa.»
Eric Weiner, A Geografia da Felicidade, Lua de Papel, pp. 52-60.

Faltam 2 dias

Faltam 2 dias para decidirmos se vamos votar pela continuidade de Sócrates ou pelo seu despedimento com justa causa, sabendo nós que votar em Sócrates é também votar nas Margaridas Moreiras deste país, na iliteracia no cargo de directora-regional, nas buscas policiais às sedes dos sindicatos, na apreensão de carros alegóricos nos desfiles de Carnaval, na confiscação de livros com obras de arte na capa, na cegueira e na brutalidade fiscalizadora da ASAE, e é votar nas centenas de candidatos a tiranetes que nas escolas, nos hospitais, nos tribunais e em toda a administração pública aguardam ansiosamente o sinal verde para assumirem o papel de zelotas do Governo e dos seus desmandos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Maioria absoluta?

Os órgãos de comunicação social têm, nos últimos dias, feito eco de sondagens que indicam uma vitória clara do PS, no próximo domingo. A partir daqui, já há até quem comece a falar na possibilidade de nova maioria absoluta.
Três breves comentários:

1.
As empresas de sondagens, se tivessem mais probidade no trabalho que realizam, deveriam, quando anunciam os resultados dos inquéritos que fazem, anexar de modo visível um aviso — do género do que é feito nos maços de tabaco — que dissesse uma coisa semelhante a esta: «Não confie nas sondagens. As sondagens podem enganá-lo, como o enganaram, redondamente, nas eleições europeias.»

2.
Ao mesmo tempo que anunciam que o partido de Sócrates tem cerca de 40% de intenções de voto, essas sondagens dizem existir mais de 30% de eleitores indecisos. Com um nível assim de indecisão, não se entende como há alguém que possa aventurar-se a dizer que o partido A ou B tem esta ou aquela percentagem. Eventualmente teria, se aqueles 30% decidissem não votar em ninguém. Ora, isso ninguém sabe. Portanto, mais recato e contenção seriam aconselháveis, significaria mais seriedade e menos manipulação.

3.
Mas se o absurdo acontecer (absurdo para mim, naturalmente, e para todos aqueles que se recusam a votar neste PS, no PS de Sócrates), isto é, se os portugueses renovarem a maioria absoluta existente, confesso que só não farei as malas e não emigrarei para bem longe porque não tenho essa possibilidade.
Se a tivesse, fá-lo-ia de imediato, e com dois proveitos óbvios:
— a minha saúde mental e emocional seria preservada — durante os próximos quatro anos deixaria de ver e ouvir noticiários e de ler jornais portugueses, viveria na absoluta ignorância política; falaria apenas, por telefone, com familiares e amigos que cá ficassem, ainda que com a condição de não pronunciarem palavras começadas por S, e não viria cá passar férias; o meu cérebro e o meu coração, durante o período da nova legislatura, ficariam, assim, a salvo das bárbaras agressões que nos último quatro anos diariamente sofreram;
— o segundo proveito seria que, emigrando, eu poderia dar um contributo para que Sócrates ficasse a governar apenas para aqueles que gostam mesmo dele, que o apreciam mesmo e nele votam. Aliás, a concretizar-se uma maciça emigração de móbil semelhante ao meu, alcançaríamos um cenário certamente perfeito e justo: Sócrates deixaria de ter a oposição a aborrecê-lo, a incomodá-lo, a importuná-lo, deixaria de ter campanhas negras, ou de outra cor; e aqueles que gostam do PS, que votam PS, que dão tudo pelo PS, ficariam com Sócrates todinho para eles.
Todinho. E só para eles...

Faltam 3 dias

Faltam 3 dias para decidirmos se queremos manter o primeiro-
-ministro de um Governo que, no ano passado, foi co-responsável pela perda de 71 milhões de euros de fundos estruturais da União Europeia. Desta quantia perdida, 64 milhões foram na agricultura, 5 milhões em ajudas regionais e 2 milhões nas pescas. É a perda mais elevada entre todos os países da UE. Mais um «recorde» e mais um «momento histórico» alcançado por Sócrates.
Faltam 3 dias para decidirmos o que queremos fazer a este primeiro-ministro.

Gostei de ler

Viagem a um universo paralelo
«Domingo passado, bem cedinho, tive acesso a um universo paralelo. Lia jornais e blogues, e estava tudo bem. Enfim, pelo menos o costume. Um bocadinho surpreendido pela ferocidade de algumas certezas, mas nada de grave. Pela terceira chávena de café, no entanto, tudo mudou.

Era uma entrevista de um primeiro-ministro, no "Diário de Notícias". Um bravo primeiro-ministro que nunca na sua vida fez qualquer pressão sobre um só jornalista deste planeta ou de outro. Nunca. Um primeiro-ministro que sempre buscou ter uma relação "distante" com a comunicação social. (Ao contrário de quem? De Cavaco Silva, adivinhou.) O primeiro-ministro em questão prepara-se afincadamente para os debates políticos. Não só porque odeia como ninguém o pecado da soberba, como igualmente, mesmo principalmente, porque a "comunicação social moderna" (no tempo dos faraós era diferente) não lhe concede a devida oportunidade para dar conta ao país das suas obras, coisa que os debates finalmente lhe permitem fazer.

Fora das obras resta-lhe pouco tempo para outras atenções. Não faz ideia de quantas pessoas viram os debates em que participou. Não perde um só segundo do seu precioso tempo a pensar em eventuais desventuras da oposição. Desconhece até o nome dos presidentes das maiores empresas. Não lê as entrevistas dos grandes empresários. Só acredita na ciência, em particular a dos "cientistas políticos", que adora. É mesmo, pela distracção, quase uma espécie de Professor Tournesol. Só lhe falta andar de pêndulo na mão, apaixonado pela radiestesia. Desde que a oposição não lhe chame "zuavo", está tudo bem. E detesta, com intenso desprezo, aqueles que vêem "conspirações em todo o lado". (É verdade, juro.) Coerentemente, deixa a "maledicência" aos outros, aos especialistas da infâmia.

Ah, e é amicíssimo da cultura! Só vê, de resto, a RTP 2, porque não tem telenovelas nem concursos. Porque o que lhe interessa é, no fundo, a espiritualidade. Não sendo católico, nem acreditando em milagres - era o que faltava, meu Deus! -, gosta da partilha da espiritualidade. "Partilha", note-se, não o vão tomar por um monge solitário perdido no árido deserto. Isso é que não. Solidário, mas não solitário.

Por pura coincidência, este primeiro-ministro - este santo e impoluto homem, esta fatal maravilha da nossa idade - chama-se, a fazer fé no "Diário de Notícias", exactamente como o deste nosso mundo, José Sócrates. Sim, esse mesmo. Há, de facto, coisas extraordinárias.»
Paulo Tunhas, i (23/9/09)

Quinta da Clássica - Tchaikovsky

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Faltam 4 dias

Faltam 4 dias para decidirmos se queremos premiar um primeiro-ministro que deliberadamente engana os portugueses, quando justifica as «reformas» que fez com o denominado «interesse do país», em detrimento do que classifica de «interesses particulares, ou corporativos». Todavia, Sócrates nem uma vez explicou em que consistia o interesse do país ou o que ganhou o país com essas «reformas». No caso da avaliação dos professores, qual foi o interesse do país? Que ganhou o país em ter um modelo de avaliação incompetente? Que ganhou o país em ter uma ministra em guerra aberta com os professores? Que ganhou o país em assistir a duas gigantescas manifestações de professores e a duas greves com adesões maciças? Que ganhou o país com a instabilidade nunca vista nas escolas? Que ganha o país em ter, neste momento, um sistema de avaliação pior que o anterior, desacreditado e coberto de ridículo? Queremos manter por mais 4 anos um primeiro-ministro assim?

Às quartas

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!), porque não raia

Já na esfera de Lísia a tua aurora?


Da santa redenção é vinda a hora

A esta parte do mundo, que desmaia.

Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia

Despotismo feroz, que nos devora!


Eia! Acode ao moral que, frio e mudo,

Oculta o pátrio amor, torce a vontade,

E em fingir, por temor, empenha estudo.


Movam nossos grilhões tua piedade;

Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!


Manuel Maria Barbosa du Bocage

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Faltam 5 dias

Faltam 5 dias para decidirmos se queremos ter durante mais 4 anos um primeiro-ministro que pressiona, persegue e intimida jornalistas. Apesar do Ministério Público ter, obviamente, arquivado a queixa-crime contra o jornalista João Miguel Tavares (porque teve a ousadia de escrever: «Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina»; e por lhe ter aconselhado recato e decoro, em termos morais), Sócrates decidiu pedir a abertura da instrução do processo, dando a entender que quer manter a perseguição ao jornalista.
Temos, assim, um primeiro-ministro que não tem a mínima cultura democrática, um primeiro-ministro que se comporta como um candidato a tiranete, seguindo, certamente, os exemplos de Hugo Chavez e Muammar Kadafi, por quem nutre, respectivamente, pública amizade e notória reverência.

Alternando fases de dramática vitimização com momentos de patológica ferocidade, o primeiro-ministro é cada vez mais um político desequilibrado que, há muito, já perdeu o suporte mínimo de credibilidade. Pode este homem continuar a chefiar o Governo por mais 4 longos anos?

Uma colaboração que denuncia o medo e a falsa avaliação existentes na Função Pública

O texto que se segue tem a sua autoria devidamente identificada. É apresentado de forma anónima pelas razões que o próprio texto apresenta.

O País das estatísticas e do faz-de-conta
«Felizmente que o dia 27 de Setembro está próximo. Nesse dia podemos dizer: sim, quero este governo, com as suas políticas do faz-de-conta, da farsa, das estatísticas, das estatísticas falsas ou: não, não quero, chega de se querer fazer passar por aquilo que não se é, de se fazer passar por Salvador da Pátria.
Nesse dia podemos exercer livremente o direito de voto e dar a saber ao senhor primeiro-ministro que não tivemos felicidade nenhuma com a sua governação, que não podemos continuar com receio de expressar a nossa discordância, que contrariamente ao que diz: a qualidade dos serviços públicos não melhorou, que a alteração de carreiras e vínculos da função pública não premeia os melhores. Que tudo não passa duma falsidade.
Foi principal prioridade deste governo, em nome da justiça, aplicar o celebre SIADAP( Lei nº 26-B/2007 de 28 de Dezembro), que diz, nos seus art.º 1º alínea 2, art.º 45º alínea b) e art.º 46 alínea 1, o seguinte:
«O SIADAP visa contribuir para a melhoria do desempenho e qualidade de serviço da Administração Publica, para a coerência e harmonia da acção dos serviços [...]; Para a melhoria dos resultados obtidos na prossecução de objectivos individuais em articulação com os objectivos da respectiva unidade orgânica […]; O parâmetro «Resultados» decorre da verificação do grau de cumprimento dos objectivos previamente definidos que devem ser redigidos de forma clara e rigorosa […].»

Pura demagogia. Nada disto corresponde à verdade. Vejamos.
Há serviços na Função Publica que traçam os objectivos aos seus funcionários no mês de Setembro e Outubro, para o ano em curso, e o chefe exige do notado a assinatura com a data reportada ao mês de Março.
Onde está a coerência e a harmonia citada no art.º 1º da referida Lei?
Mas não ficamos por aqui. As classificações de serviço também são dadas a conhecer muito além da data estabelecida, e com a exigência daquela ser retroactiva. Nesta situação duas coisas podem acontecer: o funcionário assina e, mesmo que não concorde com a classificação, não pode recorrer, ou, se não assinar, porque não concorda com a nota e porque está a violar a Lei, corre o risco de perseguição.
Isto não são casos abstractos, mas reais. Existem no meu serviço. Eu só não assino publicamente este texto precisamente por causa da asfixia democrática, tão falada ultimamente e que não é assim tão pontual. Já mais colegas, noutras instituições, me disseram que se está a passar o mesmo e sentiram também esse problema.

Outra coisa, não menos curiosa, é o argumento apresentado de não atribuição de relevante aos trabalhadores-estudantes, de forma generalizada.
Mas não é tudo. Contou-me, há algum tempo atrás, uma amiga que trabalha numa Instituição da Segurança Social, que foi repreendida por esclarecer um utente dos trâmites a seguir para resolver um problema causado por aquela Instituição, causada não por um funcionário, mas pela própria funcionalidade do serviço.
Afinal onde está a qualidade dos serviços? O importante não é a qualidade mas sim a quantidade. O nosso governo só se preocupa com as estatísticas.
Nos meus serviços (instituição pública, mas não ligada ao ensino) o sindicato foi impedido de entrar, com o argumento de que a sua presença iria contribuir para o aumento do tempo de espera dos utentes. Argumento “interessante”… Este argumento acaba por cair por terra quando se conclui que os utentes chegam a esperar 3 a 4 horas, porque os funcionários públicos, à semelhança dos professores, correram para as reformas antecipadas (fruto das más politicas de pensões e de carreiras), e não foram substituídos.
Perante tanto atropelo, temos que reflectir que futuro queremos para o nosso país. Se queremos que continue a ser um país onde as estatísticas amordaçam tudo e todos, ou se queremos um país com serviços públicos de qualidade?»

Bonecos de palavra

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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Faltam 6 dias

Faltam 6 dias para decidirmos se queremos continuar a ser governados por um primeiro-ministro cuja acção, no final de 4 anos e meio, suscita esta avaliação: «Nos planos financeiro, económico e ético não me recordo de um período mais decadente, depois do 25 de Abril.» (Medina Carreira, Portugal, Que Futuro?)

Registos do fim-de-semana

Mais de metade dos hospitais estão congestionados
— Estudo conclui que maiores hospitais do SNS são ineficazes e sugere que as reformas do Governo podem não estar a seguir o melhor caminho
Público (18/9/09)

Hospital a meio gás
— Desde que foi entregue ao gestor privado, Hospital de Cascais baixou a produção para metade —

Mais queixas de violação
— Até Agosto a PJ abriu 295 inquéritos, quase tantos como no ano de 2008
Sol (18/9/09)

Tensão Máxima
— Procurador vai finalmente investigar escutas —

Cavaco nomeará chefe de Governo de quem desconfia?
i (19/9/09)

Professores de novo nas ruas contra "PS de Sócrates"

Portugal já tem mais de 500 mil desempregados

Cavaco quer respostas sobre segurança

Dívida dos hospitais do SNS sobe mas prazos descem

«Construir o novo aeroporto, sem dúvida que sim, mas quando for justificado e deve arrancar por módulos. Neste caso [TGV] tenho dúvidas substantivas» (Ernâni Lopes]
Público (19/9/09)

Professores disseram em Lisboa um último «Adeus, Milu»

Presidência fez uma investigação em Belém
— Possível vigilância preocupa Cavaco Silva —

Jovens enfermeiros sem trabalho ao fim de seis meses

Chefes da polícia contra novo estatuto profissional
Público (20/9/09)

domingo, 20 de setembro de 2009

Movimentos independentes organizaram manifestação de protesto contra 4 anos de política educativa desastrosa

Algumas imagens da manifestação de ontem, a que, mais uma vez, os sindicatos faltaram — apesar de Mário Nogueira, da Fenprof, ter-se comprometido, há três meses, a realizar acções de protesto em Setembro, antes das eleições legislativas.












Faltam 7 dias

Faltam 7 dias para decidirmos se queremos continuar a ser governados por um primeiro-ministro que elevou a dívida pública, esta da exclusiva responsabilidade do Estado, a números alarmantes. O nosso endividamento público era, em 2004, 58,3% do PIB. Em 2008, atingiu os 66,4%! Nos anos em que governou, Sócrates fez sempre crescer a dívida pública a níveis superiores àqueles que herdou do Governo anterior.

Gerry Mulligan

Pensamentos de domingo

«Nunca admirei muito a coragem dos domadores de leões, já que pelo menos enquanto estão dentro da jaula estão livres de serem atacados por outros homens.»
Bernard Shaw

«O golfe é uma forma extraordinariamente cara de jogar ao berlinde.»
G. K. Chesterton

«Através do contacto por computador [internet] encontrei-me com um perfeito "gentleman". Felizmente ainda me restam mais três encontros para fazer.»
Anónima
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.

sábado, 19 de setembro de 2009

Faltam 8 dias

Faltam 8 dias para decidirmos se queremos continuar a ser governados por um primeiro-ministro que levou o endividamento do país a um nível nunca visto. A nossa dívida externa era, em 2004, 64% do PIB. Em 2005, primeiro ano do Governo de Sócrates, subiu para 70%. No ano seguinte, cresceu para 81% do PIB. Em 2007, atingiu o valor de 91%! E em 2008, ascendeu a 97% do PIB!! Sócrates é um dos responsáveis pela dívida monstruosa que vamos ter de pagar. Disto, Sócrates não fala na campanha eleitoral.

HOJE É DIA DE NOS MANIFESTARMOS NOVAMENTE

FORAM 4 ANOS DE ATROPELOS À EDUCAÇÃO!

FORAM 4 ANOS DE GUERRA AOS PROFESSORES!

FOI O INQUALIFICÁVEL ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE, FOI O INCOMPETENTE MODELO DE AVALIAÇÃO, FORAM AS INACEITÁVEIS QUOTAS NAS CLASSIFICAÇÕES E NO ACESSO AOS ESCALÕES SUPERIORES, FOI O ARBITRÁRIO CONCURSO PARA PROFESSOR TITULAR, FOI O PERVERSO MODELO DE GESTÃO, FOI O ESTATUTO DO ALUNO, FOI... UMA LISTA SEM FIM!

SÓCRATES DESPEDIU LURDES RODRIGUES PELA TELEVISÃO, MAS NÓS AINDA NOS QUEREMOS DESPEDIR DELA.
VAMOS, HOJE, À 5 DE OUTUBRO, DESPEDIRMO-NOS!


CAVACO SILVA NÃO SOUBE ESTAR À ALTURA DAS SUAS RESPONSABILIDADES E PROMULGOU LEGISLAÇÃO ILEGAL E INCONSTITUCIONAL.
VAMOS, HOJE, A BELÉM, LEMBRAR-LHE ISSO!


SÓCRATES É O PRIMEIRO RESPONSÁVEL PELAS BARBARIDADES POLÍTICAS E TÉCNICAS QUE FORAM COMETIDAS CONTRA OS PROFESSORES.
VAMOS, HOJE, A S. BENTO, DIZER-LHE: SÓCRATES NUNCA MAIS!

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia da Religião
— Crença em Deus III (continuação) —

«O matemático e filósofo francês do século XVII, Blaise Pascal, defendeu que decidir se se acredita ou não em Deus é essencialmente fazer uma aposta. Se optarmos por nos comportarmos como se houvesse um Deus e quando chegarmos ao fim constatarmos que não havia, não há grande problema. Bem, talvez tenhamos perdidos a capacidade de aproveitar plenamente os Sete Pedacos Mortais, mas isso é insignificante quando comparado com a alternativa. Se apostarmos que Deus não existe e, no fim, descobrirmos que existe um Deus, perdemos a Grande Enchilada, a bem-aventurança eterna. Por conseguinte, segundo Pascal, a melhor estratégia é viver como se Deus existisse. Os académicos conhecem isto como a "aposta de Pascal". Para o resto dos comuns mortais, é conhecido como dar uma no cravo e outra na ferradura.
Inspirada nos Pensamentos, de Pascal, uma velhota vai ao banco com uma pasta cheia com cem mil dólares em notas e pede para abrir uma conta. O cauteloso banqueiro pergunta-lhe onde obteve o dinheiro.
— A jogar — explica ela. — Sou muito boa jogadora.
Intrigado, o banqueiro pergunta:
— Que género de apostas faz?
— Oh, de todos os tipos — responde a velhota. — Por exemplo, aposto 25 mil dólares consigo em como ao meio-dia de amanhã terá uma borboleta tatuada na nádega direita.
— Bem, adoraria aceitar essa proposta — diz o banqueiro —, mas não seria honesto ficar com o seu dinheiro devido a uma aposta tão absurda.
— Deixe-me esclarecer uma coisa — diz a mulher. — Se não apostar comigo, terei de procurar outro banco para depositar o meu dinheiro.
— Bem, bem, não seja precipitada — diz o banqueiro. — Eu aceito a aposta.
A mulher regressa no dia seguinte ao meio-dia, com o advogado como testemunha. O banqueiro vira-se, despe as calças e convida os dois a observar que ganhou a aposta.
— Muito bem — diz a mulher —, mas não se importa de se curvar um pouco só para ter a certeza?
O banqueiro faz o que lhe é pedido e a mulher assume a derrota e conta 25 mil dólares em notas da sua pasta.
Entretanto, o advogado está sentado com a cabeça nas mãos.
— O que é que ele tem? — pergunta o banqueiro.
— Oh, não sabe perder — responde ela. — Apostei 100 mil dólares com ele em como, ao meio-dia de hoje, o senhor nos mostraria o rabo no seu gabinete.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Faltam 9 dias

Faltam 9 dias para decidirmos se vamos premiar Sócrates — o primeiro-ministro das reformas falhadas: reforma da Educação; reforma Penal; reforma da Segurança Social; reforma das Forças Armadas; reforma da Função Pública. Todas estas reformas têm um ponto em comum: falharam. Porquê? Porque tinham como objectivo único poupar dinheiro, sem que nada mais interessasse. Porque foram realizadas por ministros política e tecnicamente incompetentes, comandados por um chefe de Governo prisioneiro de um patológico orgulho pessoal.

Amanhã, 19 de Setembro

Fragmenti veneris diei

«Os suíços gostam tanto de regras como os holandeses de marijuana e de prostituição. Em muitas partes da Suíça, não é permitido aparar relva e sacudir tapetes ao domingo. Não se pode estender a roupa na varanda num dia qualquer da semana. Nem se pode puxar o autoclismo depois das dez da noite.
Conheci uma inglesa que estava a viver na Suíça e que repetidas vezes quebrou as regras suíças. Como no dia em que chegou a casa tarde a casa, depois de ter feito um turno tardio, e resolveu partilhar com os colegas umas gargalhadas e umas cervejas. Nada de excessivo, apenas aquela habitual descompressão pós-laboral. No dia seguinte, encontrou um bilhete afixado na porta, que dizia o seguinte: "É favor não rir depois da meia-noite."
[...] Tudo na Suíça é regulamentado, até mesmo a anarquia. Uma vez por ano, no feriado do Primeiro de Maio, os anarquistas partem as montras de algumas lojas, mas isso é feito precisamente à mesma hora. Como ironizou um suíço, numa rara manifestação de humor: "Sim, nós cá temos anarquia. É durante a tarde."
Eric Weiner, A Geografia da Felicidade, Lua de Papel, p. 48.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Faltam 10 dias

Faltam 10 dias para decidirmos se devemos premiar quem se comporta assim numa entrevista. Clique na seta do áudio para ouvir, para além das repetidas mentiras relativas à Educação, a grosseria e a má educação de Sócrates, em vários momentos da entrevista a Maria Flor Pedroso, na Antena1(14/09/09).
Faltam 11 dias para decidirmos se queremos ter durante mais 4 anos este político à frente do Governo do nosso país.

Quinta da Clássica - Maurice Ravel



quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um estudo para punir quem merece ser punido

http://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=82cfd80031&view=att&th=123b5660caa331f1&attid=0.2&disp=inline&realattid=f_fzkaxenu1&zw
Clicar aqui para ler o meritório estudo.

Faltam 11 dias

Faltam 11 dias para decidirmos se devemos premiar quem deliberada e repetidamente falta à verdade. Sócrates sabe que é mentira, mas di-la, conscientemente, reiteradamente, sem um sinal de pudor ou arrependimento. Sócrates afirma o que sabe ser uma falsidade: «A actual avaliação dos professores é séria e rigorosa. A anterior era a fingir.» Sócrates sabe que actual avaliação de professores não tem nada de sério nem de rigoroso e que, se a anterior era a fingir, a actual é uma enorme farsa. Sócrates sabe isto, mas mente para iludir a opinião pública. Sócrates sabe isto, mas mente para tentar ganhar votos. Sócrates sabe isto, mas mente porque não é capaz de reconhecer que errou, que foi absolutamente incompetente, na reforma desejada como exemplar.

Às quartas

Chave

Se uma película de vidro
Adere à pele da pedra; se algum
Vento vier.
Afere-lhe o esplendor; martela,
fere: um som de ferro
no exterior; por dentro
outra textura mais espessa. Poisa
como um verniz depois o ar
suave a sua
laca no esmalte fracturado.

E levanta-se então.
Minuciosamente. Ergueu-se
o halo
das colinas; a lenta beleza
levitada em cada grão
de pedra. Irradiando as lanças
que o brilho do vento
restituiu à luz, no aro
mais espesso do ar.

Rodar a chave do poema
e fecharmo-nos no seu fulgor
por sobre o vale glaciar. Reler
o frio recordado.

Carlos de Oliveira

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bonecos de palavra

Para ampliar, clicar na imagem.

Faltam 12 dias

Faltam 12 dias para decidirmos se devemos premiar quem fez uma reforma da Segurança Social que miserabiliza os futuros pensionistas. Dois exemplos: quem, hoje, tem 50 anos receberá, daqui a 15 anos, uma pensão no montante de 66,9% do valor do último salário; quem, hoje, tem 35 anos receberá, daqui a 30 anos, uma pensão no montante de 56,9% do valor do último salário (fonte: Diário Económico, de 11/9/09). O Governo informou os portugueses desta realidade? Os portugueses conhecem o conteúdo desta reforma? Não conhecem. Sócrates e o Governo procuram esconder as desastrosas consequências da reforma que fizeram.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

É proibido faltar

http://protestografico.files.wordpress.com/2009/09/19setembro20091.jpg
©Protestográfico

Registos do fim-de-semana

Oposição pede explicações sobre caso TVI
Diário Económico (11/9/09)

Alegre afinal faz campanha... mas só a favor dos amigos

Sócrates é muito melhor actor do que Ferreira Leite
— Mas a questão está em saber em quem os portugueses mais confiam para os tirar do belo enredo em que estão metidos —

Campanha de inaugurações já deu a volta ao país

Residências a saque
— No Algarve, são assaltadas, em média, 12 casas por dia
Sol (11/9/09)

«Sonae foi e está a ser prejudicada pelo Governo» (Belmiro de Azevedo)

Escolas prioritárias tiveram duas semanas para recrutar 1972 professores

Recuperação anunciada pela OCDE acompanhada de forma lenta em Portugal
Público (12/9/09)

Marcelo em risco de ser afastado da RTP

Câmara de Lisboa: Costa perde apoio do antigo mandatário

Freeport: Londres acelera investigação

Já ninguém se lembra do Magalhães
Expresso (12/9/09)

Debate final mantém empate entre Sócrates e Ferreira Leite

Vai hoje para a rua uma das corridas eleitorais mais quentes de sempre
Público (13/9/09)


Faltam 13 dias

Faltam 13 dias para decidirmos se devemos premiar quem, irresponsavelmente, tentou, por todas as formas, negar, e desse modo branquear, o objectivo aumento da indisciplina e da violência nas escolas portuguesas, em 2007/2008. Para isso adulterou os resultados estatísticos (ao alterar o método de apuramento dos resultados, sem o mencionar), tentou desmentir e apelidou de alarmista o Procurador-Geral da República, desvalorizou publicamente os múltiplos casos, que quase diariamente eram relatados, de aumento brutal do bullying, de apreensão de navalhas, de esfaqueamentos, de centenas de agressões físicas e verbais a professores e a funcionários, dentro e fora da sala de aula, etc. etc. Tudo isto era considerado pela ministra da Educação como um conjunto de minudências que a comunicação social artificialmente empolava, se não mesmo, inventava. (Foi esta ministra que Sócrates, não pelo interesse nacional, mas contra o interesse nacional, manteve artificialmente no Governo).

domingo, 13 de setembro de 2009

Sem pudor, Sócrates dá o dito por não dito

O pudor não é uma qualidade que Sócrates possua. Já o sabíamos, hoje, reconfirmámo-lo pela enésima vez. Para além de desprovido de qualquer réstia de vergonha, Sócrates tem outra característica que, adicionada à primeira, dá uma mescla que provoca repugnância: Sócrates não se inibe de querer fazer dos portugueses um povo intelectualmente incapacitado.
Ontem, no debate com Manuela Ferreira Leite, perante a insistência da pergunta de Clara de Sousa, que pretendia saber se Lurdes Rodrigues seria novamente ministra da Educação, caso o PS vencesse as eleições, Sócrates respondeu, de modo enfático: «Novo Governo, novos ministros!».
Esta resposta não tem quatro, nem três, nem duas interpretações, esta resposta só tem um significado: Lurdes Rodrigues não será ministra da Educação, porque como o Governo será novo os ministros também serão novos, isto é, serão outros, não serão os mesmos. Esta foi a resposta de Sócrates à pergunta de Clara de Sousa.
Hoje, Sócrates, sem pudor, e querendo fazer dos portugueses indivíduos néscios, veio dizer que a afirmação «Novo Governo, novos ministros» quer apenas dizer que um novo Governo é, por definição, sempre constituído por um novo primeiro-ministro (mesmo que seja o mesmo do anterior Governo) e, por consequência, por novos ministros (mesmo que sejam os mesmos do anterior Governo).
Se aquela afirmação tem este significado, então, Sócrates, dolosamente, enganou a jornalista e toda a gente que o estava a ouvir (ao dar a entender que estava responder e não estava, porque não só disse uma vulgaridade, como ficamos sem saber se o novo Governo não será, até, exactamente o mesmo que o actual, e, em particular, se a ministra da Educação não será também a mesma).
Obrigatoriamente, sente-se repugnância por alguém que não tem vergonha de se comportar assim.

P.S. Finalmente, vemos uma jornalista que honra o jornalismo. Clara de Sousa teve um desempenho brilhante: rigorosa e sem medo de estar a entrevistar aquele que não se coíbe, nem coibiu ao longo de quatro anos e meio, de tentar, por todos os meios, condicionar o trabalho dos jornalistas. Um exemplo para Judite de Sousa seguir.

Faltam 14 dias

Faltam 14 dias para decidirmos se devemos premiar quem durante 4 anos foi o paradigma da agressividade, da grosseria e da intolerância e, agora, repentinamente, porque teve uma derrota histórica nas eleições europeias, é capaz de vender a alma ao diabo para parecer, ainda que transbordando de artificialismo, o paladino da compreensão e da humildade.

Pensamentos de domingo

«No fundo, a minha esposa era imatura. Quando eu estava no banho ela tinha a mania de entrar e de afundar os meus barcos.»
Woody Allen

«Um espartilho é um objecto que impede as infelizes circunstâncias de se alastrarem.»
Anónimo

«Ele pertence àquele tipo de escritores que são melhores quando traduzidos.»
Hjalmar Söderberg
In José Manuel Veiga, Manual para Cínicos.

Sabu Martinez e Sahib Shihab

sábado, 12 de setembro de 2009

Gostei de ler

Um precioso contributo de Octávio Gonçalves para o debate de logo entre Manuela Ferreira Leite e Sócrates e para toda a campanha eleitoral. É uma proposta de nove itens com os quais o secretário-geral do PS deveria ser confrontado.
Segue um excerto do texto. Para leitura completa clicar em octaviovgoncalves.blogspot.com.

«[...] Deixo aqui as seguintes [...] dicas para desmontar algumas (poucas) escapatórias que Sócrates pensa que o resguardarão do seu fiasco geral:
1) em relação ao concurso de professores de 2004/2005 é conveniente lembrar a Sócrates que se tratou de um erro técnico de uma empresa contratada pelo ME (Sócrates está em condições de garantir que nenhuma empresa contratada pelo governo comete erros técnicos?), pelo que o mérito político esteve na capacidade da ministra Maria do Carmo Seabra (que levou com o problema em cima e para o qual não contribuiu) para resolver um problema tecnicamente complexo em apenas uma semana, mesmo debaixo de uma pressão política e mediática avassaladora. Fê-lo, contratando a empresa certa (a ATX), exactamente a mesma empresa que permitiu ao PS vir vangloriar-se de fazer colocações de professores a tempo e horas (ao menos reconheçam a mais valia da herança que receberam). O que se verifica hoje, é que, enquanto o PSD demorou uma semana para resolver um problema difícil e complexo, o PS arrastou-se durante dois anos sem ter capacidade para resolver o problema da avaliação, com todos os custos para a escola pública, para os professores e para a sociedade daqui decorrentes. O mérito em política está na capacidade de resolver os problemas com que os governos se enfrentam;

2) a introdução do inglês no 1.º ciclo era uma ideia já anunciada por Santana Lopes (claro está, sem tempo para a poder ter concretizado), mas que Sócrates desbaratou ao descontextualizá-la curricularmente, ao afastar os professores de inglês da sua leccionação (colocados através do concurso de professores do ME), entregando-a a algumas instituições/agentes de qualidade duvidosa e ao proporcioná-la como actividade extra-curricular que nem todos frequentaram. As consequências desastrosas disto foram, por um lado, o fomento da exploração de mão-de-obra barata (professores a recibos verdes, mal pagos e a más horas), da precariedade e da ausência de garantia de qualidade, e, por outro, a confrontação dos professores de inglês do 2.º ciclo com alunos que evidenciam diferentes padrões e ritmos de iniciação ao inglês, com todas as dificuldades de gestão das aulas que daqui emergem;

3) a colocação de professores por 4 anos, além de se ter feito à custa de um concurso marcado por inúmeros atropelos e ultrapassagens indevidas, como tem vindo a ser denunciado, é sempre um pau de dois bicos, pois condena muitos professores a martírios de deslocações e de afastamentos de casa que, antes eram de um ano e agora são de quatro, além de que também condena muitos alunos a um mesmo professor durante quatro anos (caso do 1.º ciclo), privando-os de diferentes experiências pedagógicas e didácticas que, muitas vezes, os favoreceriam relativamente ao professor do ano anterior;

4) uma coisa é anunciar o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano (mero anúncio em final de legislatura, após várias hesitações), outra coisa muito diferente é garantir as condições para a sua adequada concretização (peditório para o qual este governo não deu nada);

5) a configuração que foi dada às novas oportunidades converteu-as numa autêntica fraude, sobrepondo-se a certificação destituída de qualquer exigência à qualificação, o que tem conduzido a que muitas empresas defraudem as expectativas dos formandos, ao não os contratarem por descrerem nas suas reais capacitações;

6) na maioria das escolas, os objectivos do plano tecnológico apontados a 2008 não foram atingidos, limitando-se, em muitos casos, a despejar equipamentos sem qualquer formação de retaguarda, tendo agora as obras de requalificação das escolas servido para encobrir muitos incumprimentos (porque se os objectivos também tivessem sido cumpridos, os investimentos iam agora para o maneta, mas isto foi salvaguardado por acaso e não por obra de nenhum planeamento, convém dizê-lo). A propósito, convinha perguntar a Sócrates pelas academias TIC.

Finalmente, era importante confrontar Sócrates com as seguintes três referências muito concretas:
1) recordar a Sócrates o erro político de ter feito da avaliação dos professores o “desígnio da sua governação”, arrastando o pouco crédito pessoal e governativo para o lodaçal da incompetência e da falta de seriedade em que o ME transformou o dossier da avaliação do desempenho dos professores;

2) o que pensa Sócrates, em concreto, dos critérios que foram utilizados na divisão da carreira e se ele está em condições de assegurar que esse concurso permitiu seleccionar um corpo de professores “altamente qualificado”?

3) como é capaz de defender a seriedade e a competência de uma avaliação que desvia os professores da sua função essencial que é ensinar, sobrecarregando-nos inutilmente, e se confia o rigor de algo tão sério como é avaliar (com efeitos na carreira e na vida das pessoas) a professores que não reconhecem ter as competências para o fazer e que, em muitos casos, não são reconhecidos pelos colegas, que não tiveram formação consistente e sistemática para avaliarem e, acima de tudo, que não foram avaliados nas suas competências e nos seus desempenhos quando se tratou de os seleccionar para avaliadores (a avaliação automática e casuística do concurso para professores titulares)?»
Octávio Gonçalves

19 de Setembro: Protesto triplo em Lisboa - S.Bento, 5 de Outubro e Belém, às 15 horas

A manifestação está a ser organizada pelos movimentos independentes de professores: APEDE, MUP e PROmova.

Risco de ruptura e de quebra de coesão entre os militares

Para além da Educação, da Agricultura, do Ambiente, das Obras Públicas, da Justiça, etc., agora, também são os militares a dizerem que o rei vai nu.
No sítio da TSF pode-se ler esta notícia:
«A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), a Associação Nacional de Sargentos (ANS) e a Associação de Praças da Armada (APA) denunciam, numa carta aberta aos portugueses, «o falso consenso, os silêncios, as omissões e as cumplicidades» que marcaram as últimas décadas.
«O Governo usou do maior secretismo no trabalho que fez e não ouviu - como era sua obrigação perante a lei - os militares», o que é grave, «porque não temos todos os direitos» que existem entre os outros portugueses, disse o presidente da AOFA.
Alpedrinha Pires afirmou ainda que «foi aprovada legislação que mereceu a oposição consensual dos militares», numa referência ao novo regime remuneratório que as associações consideram «tecnicamente mal concebido» e «incompleto».
As três associações rejeitam e pedem a revogação do regulamento de disciplina militar e regime retributivo.
Na carta, os militares apelam também aos partidos políticos para que se pronunciem «sobre estas matérias, sobre como é que vão conduzir o diálogo social, em particular com estas associações que estão fora da concertação social» e desafiam ainda os políticos para uma «discussão sobre a Defesa Nacional e sobre a valorização das Forças Armadas».
Tendo em conta que os militares não podem participar activamente numa campanha eleitoral, as três associações pedem também aos cidadãos em geral que participem nesses debates, lembrando que se acentua o risco de ruptura e de quebra de coesão entre os militares das Forças Armadas.»

Faltam 15 dias

Faltam 15 dias para decidirmos se queremos continuar a ter como primeiro-ministro quem hipotecou os interesses do país, ao manter no Governo, durante quatro anos e meio, por mera empeiticação infantil e obcecação patológica, os ministros politicamente mais incapazes e tecnicamente mais incompetentes, como: Lurdes Rodrigues, Jaime Silva, Alberto Costa, Nunes Correia e Mário Lino.

Campanha não eleitoral

[calarportugal.jpg]

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia da Religião
— Crença em Deus (continuação) —

«No seu bestseller de 2005, O Fim da Fé, Sam Harris cria o que poderia ser um texto de comédia baseado nas suas observações da fé religiosa:
"Digam a um cristão devoto que a mulher anda a traí-lo ou que o iogurte congelado pode tornar um homem invisível, e é provável que ele exija tantas provas como outra pessoa qualquer e só se convença perante a qualidade dessas mesmas provas. Digam-lhe que o livro que tem à cabeceira foi escrito por uma divindade invisível que o castigará com fogo durante toda a eternidade se não aceitar todas as suas afirmações incríveis, e ele parece não precisar de qualquer prova."
Harris esquece-se de mencionar a desvantagem de ser ateu — não há ninguém por quem gritar no auge do orgasmo.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Faltam 16 dias

Faltam 16 dias para decidirmos se queremos continuar a ser governados pelo primeiro-ministro mais autoritário, mais arrogante, mais cínico, mais inculto, mais demagogo, mais acintoso de todos os primeiros-ministros dos governos constitucionais desde o 25 de Abril. Recordemos a lista: Mário Soares, Nobre da Costa, Mota Pinto, Lurdes Pintasilgo, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso e Santana Lopes. Na comparação com estes ex-chefes de Governo, Sócrates é pior em todos os itens.

Um convite irrecusável

[CONVITE+SANTANA+CASTILHO.jpg]

Fragmenti veneris diei

«Faz parte da natureza humana retirar prazer do simples facto de observar os outros em actos aprazíveis. Isto explica a popularidade de dois negócios: a pornografia e os cafés. Os americanos são exímios no primeiro, mas os europeus excedem-nos nos segundos. A comida e o café propriamente ditos quase nem são importantes. Certa vez, ouvi falar de um café em Tel Aviv que dispensava a comida e a bebida; servia pratos e chávenas vazios aos clientes, mas cobrava-lhes dinheiro verdadeiro.
Os cafés são autênticos teatros onde o cliente é simultaneamente espectador e actor. Descubro um, fantástico, no centro de Roterdão, a um quarteirão do meu hotel. É ao mesmo tempo grande e acolhedor, requintado e decadente. Belos soalhos de madeira, mas que parecem não ser encerados há anos. É o tipo de de lugar onde poderíamos estar horas a saborear uma cerveja, e suspeito que seja isso mesmo que fazem muitas das pessoas que aqui se encontram.
Toda a gente está a fumar, pelo que me junto a elas, acendendo uma cigarrilha. Há qualquer coisa neste lugar que faz com que o tempo pareça dilatar-se e torno-me extremamente consciente dos mais pequenos detalhes. Reparo numa mulher que está sentada num banco do balcão, com as pernas apoiadas numa balaustrada, formando uma pequena ponte levadiça, que ela levanta e baixa consoante as pessoas vão passando.
Peço uma coisa que se chama cerveja Trapiste. É morna. Não costumo gostar de cerveja morna, mas desta gosto.
[...] Sou dono do meu tempo. De muito tempo. Mas é esse o principal objectivo de um café europeu: dar-nos a possibilidade de nos demorarmos mais tempo do que seria aceitável, mas desprovidos de qualquer sentimento de culpa.»
Eric Weiner, A Geografia da Felicidade, Lua de Papel, pp. 17-18.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Campanha não eleitoral

[campanha5.jpg]

Faltam 17 dias

Faltam 17 dias para premiarmos ou rejeitarmos quem não tem pudor em afirmar que «durante quatro anos e meio estive uma vez com quem dirige a administração da TVI - em 2005, quando a Prisa me pediu uma audiência - e nem sei quem é a administração nem se o dr. Pina Moura continua como presidente», quando, na verdade, ele próprio, em 2007, convidou Pina Moura e José Eduardo Moniz para um almoço em São Bento, quando, na verdade, toda a gente sabe que o ex-ministro de Guterres saiu da administração da TVI há vários meses. Invariavelmente, Sócrates nunca sabe de nada, nem se lembra de nada. Faltam 17 dias para premiarmos ou rejeitarmos um homem tão ignorante e tão esquecido.

Quinta da Clássica - Edvard Grieg

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

E se a avaliação do professor for negativa, o professor progride?

«E se a avaliação do professor for negativa, o professor progride? E se a avaliação do professor for negativa, o professor progride? E se a avaliação do professor for negativa, o professor progride?» Foi esta a pergunta insistentemente repetida por Santos Silva ao representante do PCP, no programa, da RTP1, Prós e Contras, realizado na passada segunda-feira.
Santos Silva formulava esta pergunta possuído da certeza de ter descoberto a questão mortífera, possuído da certeza de ter encontrado o princípio, o axioma que separa as águas entre aqueles que estão verdadeiramente a favor da avaliação e aqueles que só aparentemente estão a favor. Por seu lado, o representante do PCP engasgava-se, balbuciava uma resposta, mudava de direcção no discurso, ia à frente, voltava atrás, virava para o lado, sem saber o que dizer. Enfim, uma cena triste representada por dois péssimos actores: Santos Silva porque fez o papel medíocre de manipulador da opinião pública e o representante do PCP porque tinha obrigação de saber responder a uma provocação básica e não soube, e permitiu que o manipulador saísse ganhador.
É óbvio que só há uma resposta: o professor não progride. Mas a resposta não termina aqui. Para este Governo a resposta acaba, de facto, aqui, mas para quem não é medíocre no pensamento e para quem, efectivamente, quer um sistema educativo melhor, uma escola melhor, onde cada vez se ensine melhor e se aprenda melhor, a resposta não termina aqui. A resposta continua. E continua nestes termos:
1. Se a avaliação for negativa, o professor não progride, num sistema sério e competente de avaliação do desempenho dos professores.
2. Um sistema sério e competente de avaliação não coloca arbitrariamente professores a avaliar outros professores.
3. Um sistema sério e competente de avaliação não coloca professores sem qualquer qualificação nem preparação a avaliar outros professores.
4. Um sistema sério e competente de avaliação não coloca directores de escola sem nenhuma preparação nem qualificação a avaliar outros professores (relembre-se que aos directores nem é exigida a categoria de professor titular, que, dentro da própria lógica do Ministério da Educação, é condição sine qua non para ser avaliador).
5. Um sistema sério e competente de avaliação não condiciona a avaliação dos professores às notas dos alunos.
6. Um sistema sério e competente de avaliação não impede que professores muito bons e excelentes tenham a classificação de muito bom e excelente.
7. Um sistema sério e competente de avaliação não permite que os professores possam formular os seus objectivos individuais, relativos a um ano lectivo inteiro, um mês ou quinze dias antes desse ano lectivo terminar.
8. Um sistema sério e competente de avaliação não admite que, observando apenas duas aulas, se possa classificar um professor de excelente.
9. Um sistema sério e competente de avaliação não assenta numa monstruosidade de itens e subitens avaliativos inoperacionais e incompetentes.
10. Um sistema sério e competente de avaliação não pode pretender impor um modelo único de professor.
11. Um sistema sério e competente de avaliação não tem como objectivo a punição pela punição nem o prémio pelo prémio.
12. Um sistema sério e competente de avaliação não assenta na concepção primária e estúpida de elaboração de um quadro de honra de professores em cada escola.

Pelo contrário, um sistema sério e competente de avaliação tem como objectivo: avaliar para formar, avaliar para elevar a qualidade do desempenho do avaliado, para que, dessa melhoria, os alunos sejam os primeiros beneficiários, para que a escola e o sistema educativo sejam melhores.
Um sistema sério e competente de avaliação tem como pressuposto que:
1. A avaliação é algo demasiado sério e complexo para ser objecto de brincadeiras e amadorismos.
2. O acto de avaliar exige do avaliador uma humildade extrema.
3. A atomização dos comportamentos produz uma falsa objectividade.
4. Aquilo a que está na moda chamar de «evidências» é tudo menos evidente.
5. O acto de avaliar é inevitavelmente subjectivo e que alguma objectividade só se alcança quando há uma grande partilha intersubjectiva.
6. O sentido primeiro do acto de avaliar reside no seu carácter formativo.
7. A dimensão sumativa da avaliação, por exemplo na avaliação dos alunos, só existe por uma «exigência» social de estratificação ou de selecção (como é o caso de seleccionar os alunos que podem ter acesso a cursos do ensino superior, ou o caso de «ajudar» as empresas a seleccionar os seus futuros profissionais). A dimensão sumativa é um «acrescento» ao exercício da avaliação, não é a sua dimensão central, e muito menos a sua essência. A sua essência é formativa. Mas não é formativa porque isso faça da avaliação algo de menos assustador ou de mais simpático, é formativa por razões substantivas:
. O ser humano quando avalia fá-lo, em regra, para aprender com o que fez, para que, no futuro, consiga fazer melhor. Basicamente, é isto, o seu carácter formativo, que tem possibilitado que o ser humano evolua ao longo do tempo.
. O acto de avaliar objectos complexos, como é o acto de avaliar algumas das actividades humanas, é um exercício de enorme dificuldade e de muito baixa fiabilidade. Deste modo, os seus resultados têm, de facto, uma credibilidade reduzida. Ora não há nada de mais perigoso e injusto do que atribuir elevada objectividade àquilo que a não tem.

A dimensão formativa é, por conseguinte, aquela que, pelas suas características, recolhe o que de melhor a avaliação possui e evita o que de pior ela tem.
Os méritos e os prémios, porque parece que o ser humano também se motiva com eles, poderão vir por acrescento e até, normalmente, vêm por reconhecimento, muitas vezes, consensual.
O que não pode acontecer é um processo de avaliação assentar na atribuição do prémio e na atribuição do castigo, como fins em si mesmos.
Fazer isso, como este Governo faz, não é apenas alimentar um mito, é também revelador de um primarismo confrangedor.