segunda-feira, 1 de agosto de 2016

7 notas

Fotografia sem autor identificado
Depois de um ano em que o trabalho não permitiu deixar aqui muitos posts e antes da partida para uns dias de pausa, algumas notas soltas:

1. Os nossos banqueiros continuam alegremente a desgraçar o país. Banqueiros que, recordemos, fizeram coro com aqueles que entre 2011 e 2015 nos disserem repetidamente que «andámos a viver acima das nossas possibilidades». Com ordenados pornográficos, com mordomias e privilégios escandalosos, os homens da finança vão destruindo uma a uma as instituições bancárias e vão endereçando as facturas para as mulheres e os homens desta terra que, com ordenados miseráveis e sem nunca saberem o que são mordomias ou privilégios, vão pagando.

2. O nosso Presidente da República continua embevecido com o protagonismo que conseguiu alcançar. De afecto em afecto, de petisco em petisco, de comenda em comenda, de comentário em comentário, de feira em feira, Rebelo de Sousa arrisca-se a chegar ao final do primeiro ano de mandato sem saber muito bem em que funções foi investido e o que realmente anda aqui a fazer.

3. O líder do PSD continua igual a si próprio — agora (felizmente) sem poder. Igual a si próprio na falta de seriedade política, que foi uma constante durante os seus quatro anos de governação, e igual a si próprio na permanente defesa que faz do conglomerado de interesses que o mundo do capital lhe solicita.

4. O PS tem conseguido manter, por razões de sobrevivência eleitoral, a sua ala direita relativamente contida. Evidentemente que há uma imensa hipocrisia política que neste momento domina grande parte das hostes socialistas. São poucos aqueles que, dentro do PS, apoiam por convicção a actual solução governativa. Quando surgir a oportunidade, a ala socialista irmã gémea do PSD tudo fará para que o pântano do bloco central regresse rapidamente.

5. António Costa, enquanto primeiro-ministro, tem uma vida difícil. Quer passar pelos pingos da chuva e ficar enxuto. Não é possível. É verdade que, enquanto a chuva for miudinha e escassa e a gabardina estiver oleada, os pingos não se entranham e rapidamente secam; mas quando chegar a altura de chuvadas fortes e repetidas, António Costa vai ter de optar: ou enfrenta a chuva e molha-se ou, para evitar constipar-se, fica em casa e deixa de governar. Enfrentar a chuva e molhar-se quer dizer enfrentar o poder que neste momento domina a União Europeia (poder que tudo tem feito e continuará a fazer para destruir um governo apoiado por partidos de esquerda).

6. A actuação do Ministério da Educação tem sido confusa, como seria de esperar de quem não tinha qualquer pensamento estruturado sobre a área que (inexplicavelmente) aceitou governar. Ao fim de oito meses de governação educativa, temos boas decisões misturadas com más decisões e com decisões inexplicáveis. Mas, acima de tudo, continuamos sem saber o que pensa o ministro sobre pontos tão importantes como: a estrutura curricular do ensino básico e secundário; o modelo de gestão, o modelo de avaliação do desempenho, o modelo de colocação dos professores, a municipalização das escolas, entre outros.

7. Nota final (e filosófica): o mundo continua a ser dominado pela ideia de que os fins justificam os meios. Até no ido Europeu de futebol...

Boa pausa, para quem a puder fazer...

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