terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Caso "Mário Crespo": Santos Silva igual a si próprio e ao Governo a que pertence

A propósito do caso "Mário Crespo", mais um caso em que Sócrates está metido, diz Santos Silva:
1 - «Não merece nenhum crédito [a informação das críticas a Mário Crespo]»;
2 - «Não sei como se consegue fazer informação a partir de intromissão em conversas privadas, seja de quem for»;
3 - «Todos temos direito à privacidade das nossas comunicações». (Sítio do Público, 13,52h, de hoje)

É curiosa a argumentação de Santos Silva:
1. Não desmente um único facto nem uma única acusação que Mário Crespo apresentou publicamente;
2. Considera que em conversas privadas, ainda que em locais públicos e audíveis por quem está presente, tudo pode ser dito, e tudo pode ser conspirado contra o exercício livre da actividade de jornalista;
3. O «crime» foi praticado por quem ouviu o que Sócrates, Pereira e Lacão conspiraram contra um jornalista, e não por quem conspirou e conspira contra a liberdade de opinião.
Quem afirma tudo isto, foi ministro, é ministro e continuará a ser ministro. Sempre alegre e irresponsavelmente. Sempre inimputavelmente.
Esta argumentação é rigorosamente a mesma que foi utilizada acerca das escutas das conversas tidas por Sócrates e Vara: são conversas privadas e, portanto, ninguém tem nada com isso.
Isto é, privadamente, um primeiro-ministro pode conspirar contra o exercício da liberdade de imprensa, um dos esteios fundamentais da Democracia e um dos principais direitos consignados na Constituição da República, que daí não vem mal ao mundo. O mal do mundo está em exigir-se explicações sobre tais factos, o mal do mundo está em denunciar tais factos.
Meia década governado por gente assim, não admira que Portugal tenha chegado ao ponto a que chegou.