O jornal i, na edição de hoje, apresenta os resultados de uma inquirição que fez a 61 personalidades públicas, acerca do primeiro-ministro. Os resultados são devastadores. A pergunta que o i dirigiu a essas pessoas foi: «Depois dos episódios recentes relacionados com as escutas e o caso Face Oculta, mantém a confiança no primeiro-ministro?»
Nove pessoas recusaram responder, o que, só por si, é significativo. Salvo melhor interpretação, é muito provável que, se existisse plena confiança em José Sócrates, a manifestassem. Há sempre silêncios que falam mais e melhor que algumas declarações.
Dos que responderam, 18 disseram claramente que não confiavam no primeiro-ministro. Exemplos:
«Não. O primeiro-ministro [...] passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior.» (Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto);
«Nem em Sócrates nem na sua entourage. Já fui ameaçado por Ascenso Simões. Telefonou-me a avisar-me que não podia dar entrevistas e dizer mal do governo porque estava a receber dinheiro do governo. O que eu critiquei? O facto de Manuel Pinho ter sido apanhado em excesso de velocidade na auto-estrada.» (Manuel João Ramos, Associação dos Cidadãos Automobilizados);
«Não e lamento.» (Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal);
«Já não acreditava, mas estes casos apenas confirmaram as minhas dúvidas.» (Bacelar Gouveia, constitucionalista);
«É óbvio que não porque a política tem de ser feita de verdade, autenticidade e exemplaridade.» (Bagão Félix, professor universitário);
«Sócrates chegou a ser um grande primeiro-ministro. Mas as trapalhadas em que se viu envolvido ofuscaram-lhe a imagem. E os últimos factos desacreditaram-no completamente. (Daniel Amaral, economista).
Treze responderam que não sabiam se confiavam (mas um deles, José Miguel Júdice, fugiu à resposta: «A questão não está em confiar ou não. Está em saber se nestas circunstâncias há ou não melhor alternativa a José Sócrates»). Todavia, não saber se se confia, significa que não há suficiente segurança em declarar confiança. Isto é, desconfiança não sabem se têm, mas confiança também não têm, caso contrário, afirmavam-na.
O jornal i contabilizou 21 respostas afirmativas, apesar de eu só contabilizar 17. Julgo que não podem ser consideradas como respostas positivas, as quatro seguintes:
«Temos de acreditar.» (Alípio Dias, ex-administrador do BCP). Mas a confiança não é do domínio da obrigação;
«Sim, com todas as reservas possíveis. Mas se não fosse a situação do país, diria que não.» (Francisco Van Zeller, empresário). Por outras palavras, de facto, não existe confiança;
«O primeiro-ministro tem toda a legitimidade para governar mas a sua credibilidade está seriamente abalada.» (Júlio Machado Vaz, psiquiatra). Mas a pergunta não era sobre a legitimidade...;
«Confio. Posso dizer que a minha confiança em Sócrates se mantém inalterada desde que descobri que ele não é de confiança.» (Luís Pedro Nunes, director do “Inimigo Público”). Pois...
Conclusão: das sessenta e uma pessoas interrogadas, apenas dezassete declararam confiar no primeiro-ministro.
Neste caso, os números falam melhor do que qualquer comentário.
Nove pessoas recusaram responder, o que, só por si, é significativo. Salvo melhor interpretação, é muito provável que, se existisse plena confiança em José Sócrates, a manifestassem. Há sempre silêncios que falam mais e melhor que algumas declarações.
Dos que responderam, 18 disseram claramente que não confiavam no primeiro-ministro. Exemplos:
«Não. O primeiro-ministro [...] passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior.» (Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto);
«Nem em Sócrates nem na sua entourage. Já fui ameaçado por Ascenso Simões. Telefonou-me a avisar-me que não podia dar entrevistas e dizer mal do governo porque estava a receber dinheiro do governo. O que eu critiquei? O facto de Manuel Pinho ter sido apanhado em excesso de velocidade na auto-estrada.» (Manuel João Ramos, Associação dos Cidadãos Automobilizados);
«Não e lamento.» (Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal);
«Já não acreditava, mas estes casos apenas confirmaram as minhas dúvidas.» (Bacelar Gouveia, constitucionalista);
«É óbvio que não porque a política tem de ser feita de verdade, autenticidade e exemplaridade.» (Bagão Félix, professor universitário);
«Sócrates chegou a ser um grande primeiro-ministro. Mas as trapalhadas em que se viu envolvido ofuscaram-lhe a imagem. E os últimos factos desacreditaram-no completamente. (Daniel Amaral, economista).
Treze responderam que não sabiam se confiavam (mas um deles, José Miguel Júdice, fugiu à resposta: «A questão não está em confiar ou não. Está em saber se nestas circunstâncias há ou não melhor alternativa a José Sócrates»). Todavia, não saber se se confia, significa que não há suficiente segurança em declarar confiança. Isto é, desconfiança não sabem se têm, mas confiança também não têm, caso contrário, afirmavam-na.
O jornal i contabilizou 21 respostas afirmativas, apesar de eu só contabilizar 17. Julgo que não podem ser consideradas como respostas positivas, as quatro seguintes:
«Temos de acreditar.» (Alípio Dias, ex-administrador do BCP). Mas a confiança não é do domínio da obrigação;
«Sim, com todas as reservas possíveis. Mas se não fosse a situação do país, diria que não.» (Francisco Van Zeller, empresário). Por outras palavras, de facto, não existe confiança;
«O primeiro-ministro tem toda a legitimidade para governar mas a sua credibilidade está seriamente abalada.» (Júlio Machado Vaz, psiquiatra). Mas a pergunta não era sobre a legitimidade...;
«Confio. Posso dizer que a minha confiança em Sócrates se mantém inalterada desde que descobri que ele não é de confiança.» (Luís Pedro Nunes, director do “Inimigo Público”). Pois...
Conclusão: das sessenta e uma pessoas interrogadas, apenas dezassete declararam confiar no primeiro-ministro.
Neste caso, os números falam melhor do que qualquer comentário.