quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Às quartas

Quando os nómadas chegam descendo o monte

Quando os nómadas chegam descendo o monte
nos camelos de palha
o anjo da alegria rasteja pelo imenso corredor
e os vegetais frescos na carroça abandonada
desabrocham em chamas azuis
velhos junto à fonte erguem-se
e dizem-se adeus
o brilho do sol é enxaguado na tinta mais negra
cobras dormem deitadas de costas
à volta do relógio de sol dourado
a noite enorme esconde-se nas pupilas do contador de histórias
e o vento é dividido
por uma agulha bem colocada
quando os nómadas chegam descendo o monte
com a sua linguagem invisível.

James Tate
(Trad.: José Alberto Oliveira)