quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Às quartas

Noite

Encontraram-no caído
Ao fundo daquela rua;
Chamaram-no pelo nome, e era eu!
— O Poeta andava à lua
E adormeceu...

Foi o que disse e jurou
Pela sua salvação
A Perdida
Que viu tudo da janela...
E o guarda soube por Ela,
Pelo pranto que chorava,
Quem era na minha vida
O Guarda que me guardava...

— Andar à lua é proibido...
Mas Ela pagou a lei
Por um beijo que lhe dei
Antes ou depois de ter caído,
Nem eu sei...

Miguel Torga