O quase silêncio que tem existido sobre o designado processo de avaliação do desempenho docente, desde a declaração de inconstitucionalidade do diploma que a revogava, não significa que o problema esteja resolvido — longe disso.
Nas escolas, depois de uma breve pausa introduzida pela revogação parlamentar, os problemas decorrentes do prosseguimento do processo (pseudo) avaliativo acumulam-se, agravam-se e o ambiente degrada-se — como era previsível que acontecesse, perante a inultrapassável incompetência do modelo. Todavia, o faz-de-conta que se avalia e de que se é avaliado ainda é por muitos suportado, por uma razão: porque há a convicção de que o actual Governo desaparecerá após o dia 5 de Junho, e porque há também a convicção de que os partidos que votaram a revogação na Assembleia da República terão a honorabilidade de cumprir a sua palavra e de proceder à revogação definitiva deste designado modelo de avaliação.
Pessoalmente, tenho dúvidas quanto à honorabilidade política de alguns desses partidos, mas espero estar enganado. Seja como for, após o dia das eleições, e independentemente do resultado, é um imperativo profissional exigirmos a revogação imediata da gigantesca farsa avaliativa, impedindo-se, deste modo, que o novo ano lectivo herde uma das mais emblemáticas irresponsabilidades que a inditosa era socrática deixou ao país.