«A cultura do negócio triunfa por todo o lado, exibindo-se nos media, magnetizando desejos e aspirações. Quando reina a cultura-mundo do hipercapitalismo, ter sucesso é ganhar dinheiro, tornar-se célebre, ser um winner: é por isso que os homens políticos já não são modelos, uma vez que são destronados pelas divas dos sucess stories. Os valores anti-económicos, os contrapesos no reino do mercado entram em colapso em grande velocidade. As esquerdas de poder converteram-se largamente aos princípios do liberalismo económico mundializado. As empresas de serviço público são geridas segundo métodos e critérios provenientes do sector privado. A escola já não apresenta por missão superior inculcar valores morais, republicanos e patrióticos: ela funciona como um serviço prestado aos consumidores exigentes e críticos que arbitram entre escola privada e escola pública. As humanidades já não atraem as elites: as grandes escolas de comércio assumiram esse lugar. O luxo está na moda, o dinheiro, as fortunas e as transacções comerciais propagam-se sem complexos até mesmo no desporto.»
Gilles Lipovetsky
In Gilles Lipovetsky, Hervé Juvin, O Ocidente Mundializado, p.28, Edições 70.