NA ÉBRIA INDOLÊNCIA
Talvez alguém escute Talvez
Ninguém
Sem olhar contemplo os prodígios suaves
No sossego de estar entre nuvens planas
E sobre as pedras sólidas tranquilas
De um rio cintilante vejo os signos indolentes
Enlaces desenlaces
Da água em seu remanso
E assim repouso dormindo no ardor
da brancura e da graça
Tão suavemente persistindo
Na grande realidade em evidência
Dócil flexível a torrente soberana
Em tumultos flagrantes molda os músculos leves
Que mais não querem ser que ar no ar
Ou água que caminha para a água
Ou um latido branco no coração do mundo.
António Ramos Rosa