Temos ouvido recorrentemente o argumento de que o tempo destinado às legislaturas, isto é, de que o calendário eleitoral, é para cumprir, que isso é fundamental para consolidação do regime, para a estabilidade política e económica. E que, em momentos de crise, mais ainda tudo isto é verdade, mais ainda tudo isto é imperativo.
De repente, num abrir e fechar de olhos, já nada disto é importante: os calendários eleitorais já não são para cumprir, a estabilidade política e económica já não tem qualquer interesse e a existência de uma crise passou para a categoria das minudências.
Assim se faz política em Portugal: nada é consistente, nada é sério. A argumentação muda consoante o lado de que sopra o vento, ou seja, consoante as conveniências partidárias. E quem dá o primeiro e o melhor exemplo é, precisamente, o chefe do Governo: José Sócrates anunciou, na entrevista à SIC, que não via qualquer problema na antecipação das eleições legislativas para o mês de Junho.
Apesar da gigantesca máquina publicitária que sustenta a actual governação e das permanentes poses de marketing do primeiro-ministro, já não é possível esconder que, nos momentos decisivos, este Governo hipoteca sempre os interesses nacionais aos interesses partidários ou, o que ainda é mais grave, aos tiques de arrogância e de prepotência dos seus membros.
O que aconteceu na passada quinta-feira, no parlamento, é outro exemplo. Sem pudor, o ministro dos Assuntos Parlamentares, aquando da votação dos projectos do PSD, do BE e do PEV para a suspensão do modelo de avaliação, insinuou a possibilidade do Governo se demitir caso não tivesse a maioria do seu lado. É a política da birra, é o comportamento do menino mimado e mal-educado, que puxa a toalha da mesa se não lhe derem o chocolate. Qual interesse nacional? Qual estabilidade política? Que importa, se isso colidir com os interesses partidários?
E qual é o superior interesse partidário do PS, neste momento? Antecipar as eleições legislativas, a todo o custo: se não for pela via do convencimento dos outros partidos e do presidente da República, será pela via, por mais estulto que seja o pretexto, de um acto dramático de demissão, culpabilizando os outros por não os deixarem governar.
O Governo sabe que a crise em 2009 será muito grave, com uma recessão económica profunda, que implicará um exponencial aumento do desemprego, acompanhado de tensões e conflitos sociais. O Governo sabe que em Outubro deste ano, a crise estará, provavelmente, no auge, e que isso terá, inevitavelmente, custos eleitorais para o PS. Portanto, quanto mais cedo forem as eleições, melhor será, menos tempo governará debaixo da crise e evitará ser julgado no momento mais difícil da vida dos portugueses.
Assim, ao arrepio de todas as razões que advogam ser do interesse nacional o cumprimento dos calendários eleitorais, particularmente em alturas de crise, e em objectiva incoerência com tudo o que têm defendido, o primeiro-ministro e o Partido Socialista vêm, agora, defender a antecipação das eleições.
E tudo isto, sem qualquer pudor, sem seriedade e sem responsabilidade. Mas, deve ser dito, coerentemente com a forma como têm governado o país.
De repente, num abrir e fechar de olhos, já nada disto é importante: os calendários eleitorais já não são para cumprir, a estabilidade política e económica já não tem qualquer interesse e a existência de uma crise passou para a categoria das minudências.
Assim se faz política em Portugal: nada é consistente, nada é sério. A argumentação muda consoante o lado de que sopra o vento, ou seja, consoante as conveniências partidárias. E quem dá o primeiro e o melhor exemplo é, precisamente, o chefe do Governo: José Sócrates anunciou, na entrevista à SIC, que não via qualquer problema na antecipação das eleições legislativas para o mês de Junho.
Apesar da gigantesca máquina publicitária que sustenta a actual governação e das permanentes poses de marketing do primeiro-ministro, já não é possível esconder que, nos momentos decisivos, este Governo hipoteca sempre os interesses nacionais aos interesses partidários ou, o que ainda é mais grave, aos tiques de arrogância e de prepotência dos seus membros.
O que aconteceu na passada quinta-feira, no parlamento, é outro exemplo. Sem pudor, o ministro dos Assuntos Parlamentares, aquando da votação dos projectos do PSD, do BE e do PEV para a suspensão do modelo de avaliação, insinuou a possibilidade do Governo se demitir caso não tivesse a maioria do seu lado. É a política da birra, é o comportamento do menino mimado e mal-educado, que puxa a toalha da mesa se não lhe derem o chocolate. Qual interesse nacional? Qual estabilidade política? Que importa, se isso colidir com os interesses partidários?
E qual é o superior interesse partidário do PS, neste momento? Antecipar as eleições legislativas, a todo o custo: se não for pela via do convencimento dos outros partidos e do presidente da República, será pela via, por mais estulto que seja o pretexto, de um acto dramático de demissão, culpabilizando os outros por não os deixarem governar.
O Governo sabe que a crise em 2009 será muito grave, com uma recessão económica profunda, que implicará um exponencial aumento do desemprego, acompanhado de tensões e conflitos sociais. O Governo sabe que em Outubro deste ano, a crise estará, provavelmente, no auge, e que isso terá, inevitavelmente, custos eleitorais para o PS. Portanto, quanto mais cedo forem as eleições, melhor será, menos tempo governará debaixo da crise e evitará ser julgado no momento mais difícil da vida dos portugueses.
Assim, ao arrepio de todas as razões que advogam ser do interesse nacional o cumprimento dos calendários eleitorais, particularmente em alturas de crise, e em objectiva incoerência com tudo o que têm defendido, o primeiro-ministro e o Partido Socialista vêm, agora, defender a antecipação das eleições.
E tudo isto, sem qualquer pudor, sem seriedade e sem responsabilidade. Mas, deve ser dito, coerentemente com a forma como têm governado o país.