À conhecida mediocridade política e técnica de muitos deputados do nosso parlamento podemos juntar, seguramente, a desonestidade política. Afirmo isto a propósito do anunciado comportamento de alguns deputados do Partido Socialista que, no mês passado, se abstiveram ou votaram a favor do projecto de resolução apresentado pelo CDS, na Assembleia da Républica, que aconselhava o Governo a suspender a avaliação dos professores, e, agora, irão votar contra o projecto de lei do PSD que obriga à suspensão efectiva do actual modelo de avaliação.
Para já, sabemos que há dois deputados, cujos nomes são: João Bernardo e Odete João. A justificação é singular, dizem que esta iniciativa do PSD «não é mais do que salvar a face perante os professores e perante a direcção do partido, depois de 40 por cento da bancada ter faltado nas votações de Dezembro» (Público, 6/1/09).
Lê-se e não se acredita. Para estes perspicazes deputados, a substância e a justeza do que está a ser votado não interessa para coisa alguma, o que os move são os jogos de bastidores, é a baixa política. Os problemas reais são-lhes indiferentes. Poder-se-ia estar a votar um armistício ou uma condenação de uma guerra que estes dois deputados automaticamente votariam contra, se suspeitassem que isso pudesse salvar a face de algum partido, que não o seu. Superiores critérios orientam a acção destes deputados.
Contudo, a desculpa não é apenas medíocre, ela encobre, de facto, uma enorme pusilanimidade política: na votação de Dezembro o que estava em questão era apenas uma recomendação ao Governo, agora, o que está em questão é uma lei, à qual o Governo terá de se submeter, se for aprovada. Esta é a diferença, que os senhores deputados escondem. Como escondem que uma segunda votação contra o seu próprio partido hipotecaria em definitivo a possibilidade de um lugar nas listas de candidatos a deputados nas próximas eleições, que, por coincidência, já estão tão próximas...
São comportamentos destes que desonram o Parlamento e a Democracia.
Estes são os que vão votar contra. Todavia, há quem, não votando contra, também não mantenha o voto a favor, opte pela abstenção, como é o caso do deputado Manuel Alegre. A justificação é esta: «Mantenho a minha posição a favor da suspensão deste modelo de avaliação, continuo solidário com os professores, mas não me deixo instrumentalizar». Os professores agradecem a verbalizada posição a favor da suspensão e a solidariedade, mas prefeririam ver essa posição e essa solidariedade concretizada em actos. Em actos com consequências políticas efectivas. Um problema de importância nacional, como é o caso da avaliação dos professores, é relegado para a marginalidade com o argumento de uma pretensa instrumentalização.
Manuel Alegre diz: «Em Dezembro, eu estava lá, eu votei, e não é fácil votar contra o próprio partido». Pois, em Dezembro, Manuel Alegre estava lá e votou, em Janeiro, também vai lá estar, mas não vai votar. Em Dezembro, votava-se uma recomendação, em Janeiro, vota-se a efectiva suspensão. Em Dezembro, o sr. deputado foi solidário, em Janeiro, não vai ser.
A diferença é esta, sr. deputado.
Para já, sabemos que há dois deputados, cujos nomes são: João Bernardo e Odete João. A justificação é singular, dizem que esta iniciativa do PSD «não é mais do que salvar a face perante os professores e perante a direcção do partido, depois de 40 por cento da bancada ter faltado nas votações de Dezembro» (Público, 6/1/09).
Lê-se e não se acredita. Para estes perspicazes deputados, a substância e a justeza do que está a ser votado não interessa para coisa alguma, o que os move são os jogos de bastidores, é a baixa política. Os problemas reais são-lhes indiferentes. Poder-se-ia estar a votar um armistício ou uma condenação de uma guerra que estes dois deputados automaticamente votariam contra, se suspeitassem que isso pudesse salvar a face de algum partido, que não o seu. Superiores critérios orientam a acção destes deputados.
Contudo, a desculpa não é apenas medíocre, ela encobre, de facto, uma enorme pusilanimidade política: na votação de Dezembro o que estava em questão era apenas uma recomendação ao Governo, agora, o que está em questão é uma lei, à qual o Governo terá de se submeter, se for aprovada. Esta é a diferença, que os senhores deputados escondem. Como escondem que uma segunda votação contra o seu próprio partido hipotecaria em definitivo a possibilidade de um lugar nas listas de candidatos a deputados nas próximas eleições, que, por coincidência, já estão tão próximas...
São comportamentos destes que desonram o Parlamento e a Democracia.
Estes são os que vão votar contra. Todavia, há quem, não votando contra, também não mantenha o voto a favor, opte pela abstenção, como é o caso do deputado Manuel Alegre. A justificação é esta: «Mantenho a minha posição a favor da suspensão deste modelo de avaliação, continuo solidário com os professores, mas não me deixo instrumentalizar». Os professores agradecem a verbalizada posição a favor da suspensão e a solidariedade, mas prefeririam ver essa posição e essa solidariedade concretizada em actos. Em actos com consequências políticas efectivas. Um problema de importância nacional, como é o caso da avaliação dos professores, é relegado para a marginalidade com o argumento de uma pretensa instrumentalização.
Manuel Alegre diz: «Em Dezembro, eu estava lá, eu votei, e não é fácil votar contra o próprio partido». Pois, em Dezembro, Manuel Alegre estava lá e votou, em Janeiro, também vai lá estar, mas não vai votar. Em Dezembro, votava-se uma recomendação, em Janeiro, vota-se a efectiva suspensão. Em Dezembro, o sr. deputado foi solidário, em Janeiro, não vai ser.
A diferença é esta, sr. deputado.