Acerca da lógica indutiva
«A lógica indutiva argumenta a partir de casos particulares para teorias gerais e é o método utilizado para confirmar teorias científicas. Se observarmos bastantes maçãs a cair de árvores, concluiremos que as maçãs caem sempre para baixo, em vez de caírem para cima ou para o lado. Seguidamente, podemos formular uma hipótese mais genérica que inclua outros corpos que caem, como as peras. Assim progride a ciência.
Nos anais da literatura, nenhum personagem é tão famoso pelos seus poderes de “dedução” como o intrépido Sherlock Holmes, mas, regra geral, a forma como Holmes trabalha não se baseia na lógica dedutiva. Na verdade, ele usa a lógica indutiva. Primeiro, observa cuidadosamente a situação e, em seguida, generaliza a partir da sua experiência prévia, usando analogia e probabilidade, como acontece na história seguinte:
Holmes e Watson estão a fazer uma viagem de campismo. A meio da noite, Holmes acorda e dá uma cotovelada ao doutor Watson.
— Watson – diz ele – olhe para o céu e diga-me o que vê.
— Vejo milhões de estrelas, Holmes – responde Watson.
— E que conclui a partir daí, Watson?
Watson pensa durante alguns instantes.
— Bem – diz -, astronomicamente, concluo que existem milhões de galáxias e, potencialmente, biliões de planetas. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão. Horariamente, deduzo que serão, aproximadamente, três e um quarto. Meteorologicamente, suspeito que amanhã teremos um dia lindo. Teologicamente, vejo que Deus é todo-poderoso e que nós somos pequenos e insignificantes. Hum, que é que você conclui, Holmes?
— Watson, seu idiota! Alguém nos roubou a tenda!
Não sabemos ao certo como é que Holmes chegou a esta conclusão, mas talvez tenha sido algo do género:
1. Fui dormir numa tenda, mas agora consigo ver as estrelas.
2. A minha forma intuitiva de elaborar hipóteses, baseada em analogias com experiências similares que tive no passado, é que alguém roubou a nossa tenda.
3. Ao testar essa hipótese, vamos excluir hipóteses alternativas:
a. Talvez a tenda ainda esteja aqui, mas alguém esteja a projectar uma imagem de estrelas na lona. Isto é improvável, com base na minha experiência passada relativamente ao comportamento humano e ao equipamento que a experiência me diz que teria de estar presente nesta tenda e, obviamente, não está.
b. Talvez a tenda tenha sido levada pelo vento. Isto é improvável, porque as minhas experiências passadas levam-me a concluir que um vento tão forte me teria acordado, se bem que talvez não acordasse Watson.
c. Etc., etc., etc.
4. Não, penso que a minha hipótese original estará, provavelmente, correcta. Alguém roubou a nossa tenda.
Indução. Passámos todos estes anos a classificar erradamente o talento de Holmes.»
Nos anais da literatura, nenhum personagem é tão famoso pelos seus poderes de “dedução” como o intrépido Sherlock Holmes, mas, regra geral, a forma como Holmes trabalha não se baseia na lógica dedutiva. Na verdade, ele usa a lógica indutiva. Primeiro, observa cuidadosamente a situação e, em seguida, generaliza a partir da sua experiência prévia, usando analogia e probabilidade, como acontece na história seguinte:
Holmes e Watson estão a fazer uma viagem de campismo. A meio da noite, Holmes acorda e dá uma cotovelada ao doutor Watson.
— Watson – diz ele – olhe para o céu e diga-me o que vê.
— Vejo milhões de estrelas, Holmes – responde Watson.
— E que conclui a partir daí, Watson?
Watson pensa durante alguns instantes.
— Bem – diz -, astronomicamente, concluo que existem milhões de galáxias e, potencialmente, biliões de planetas. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão. Horariamente, deduzo que serão, aproximadamente, três e um quarto. Meteorologicamente, suspeito que amanhã teremos um dia lindo. Teologicamente, vejo que Deus é todo-poderoso e que nós somos pequenos e insignificantes. Hum, que é que você conclui, Holmes?
— Watson, seu idiota! Alguém nos roubou a tenda!
Não sabemos ao certo como é que Holmes chegou a esta conclusão, mas talvez tenha sido algo do género:
1. Fui dormir numa tenda, mas agora consigo ver as estrelas.
2. A minha forma intuitiva de elaborar hipóteses, baseada em analogias com experiências similares que tive no passado, é que alguém roubou a nossa tenda.
3. Ao testar essa hipótese, vamos excluir hipóteses alternativas:
a. Talvez a tenda ainda esteja aqui, mas alguém esteja a projectar uma imagem de estrelas na lona. Isto é improvável, com base na minha experiência passada relativamente ao comportamento humano e ao equipamento que a experiência me diz que teria de estar presente nesta tenda e, obviamente, não está.
b. Talvez a tenda tenha sido levada pelo vento. Isto é improvável, porque as minhas experiências passadas levam-me a concluir que um vento tão forte me teria acordado, se bem que talvez não acordasse Watson.
c. Etc., etc., etc.
4. Não, penso que a minha hipótese original estará, provavelmente, correcta. Alguém roubou a nossa tenda.
Indução. Passámos todos estes anos a classificar erradamente o talento de Holmes.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...