«O universo da arte contemporânea ilustra igualmente de maneira gritante o triunfo da cultura-mundo, de um mundo e de uma cultura que se tornaram mercado. Desde Andy Wahrol, pelo menos, que não hesitou em se proclamar como um business artist, que o modelo do artista rebelde que rejeita as normas do mundo burguês pertence ao passado. O tempo já não é o de ir em busca da glória imortal, mas o do reconhecimento imediato, em busca da celebridade mediática e do sucesso comercial. A ambição revolucionária deu lugar às estratégias de promoção, à vedetização dos jovens artistas: agora, eles não colocam nenhuma a reticiência à utilização dos métodos de marketing para criar a sua imagem, a trabalharem para as empresas e para a publicidade num mundo em que as fronteiras da arte e da moda, da vanguarda e do comercial se diluem cada vez mais.
Finalizada a cultura "sacrificial" das vanguardas e o seu ódio aos valores estabelecidos: o ideal é aparecer nos media, estar exposto nas feiras e bienais por todo o mundo, figurar no Kunst Kompass [tabela de notoriedade de todo o mundo, publicada anualmente pela revista Capital, na Alemanha]. O valor de uma obra já não é fundamentalmente conferido pela gratuidade da sua estética ou pela sua radicalidade: é o mercado, agora, que faz o artista. [...] Depois da arte subversiva, temos a arte negócio.»
Gilles Lipovetsky
Gilles Lipovetsky, Hervé Juvin, O Ocidente Mundializado, Edições 70.