REGRESSO AO PRINCÍPIO
Quero aprender a dizer pedra
amêndoa
Quero regressar a uma língua velha e saborosa
em que as palavras rescendam a folhas e a algas
Quero o odor das proas dos navios enferrujados
Quero entrar num plácido interior
onde tudo seja lento para um nadador imóvel
que a corrente não dispersa
Quero o equilíbrio das lâmpadas de sombra
num redondo silêncio de frutos e de pássaros
Quero ser a dócil densidade de uma planta
e o número exacto do corpo repousado.
António Ramos Rosa