«O cosmopolitismo clássico era uma questão de consciência, de escolha ideológica, de voluntarismo ético e político: veiculava uma ideologia de emancipação. Já não é assim com a cultura-mundo do hipercapitalismo que aparece como uma ameaça, qualquer coisa que sofre da mesma maneira que uma fatalidade, um constrangimento ditando os imperativos de adaptação e de flexibilidade, de competitividade e de modernização para não se ser eliminado da arena mundial: é necessário "mundializar-se" ou, então, desaparecer. Já ninguém pode escapar: passámos de um cosmopolitismo livre e voluntário a um cosmopolitismo inelutável finalizado com o objectivo de uma sobrevivência económica. Já não há um comprometimento livre do cidadão do mundo, mas uma "mundialização sob constrangimento".»
Gilles Lipovetsky
Gilles Lipovetsky, Hervé Juvin, O Ocidente Mundializado, Edições 70.