1. Até Setembro último, os lucros da EDP já alcançaram o montante de €824 milhões, os da EDP Renováveis €769 milhões e os da EDPR triplicaram para os €63 milhões. No mesmo período, o BES obteve lucros de €137,8 milhões.
Na realidade, a crise não é para todos.
2. O mesmo BES teve de pagar uma multa de $7 milhões, por exercer ilegalmente, nos Estados Unidos, a actividade de consultoria em investimento e corretagem.
Na realidade, as autoridades americanas não são como as portuguesas...
3. A obra magna dos nossos empresários do norte, o Europarque, faliu. Alguma da nata dos patrões portugueses, que não se cansa de indicar o Estado e os trabalhadores como a origem de todos os males, acaba, uma vez mais, a revelar a sua incompetência. Todavia, mais grave do que a falência é o saber-se que quem vai pagar a incompetência desses empresários somos nós, os contribuintes, porque esta obra, que era privada, teve o Estado como fiador. E agora é o fiador que vai pagar.
Na realidade, grande parte do patronato português não só é objectivamente inepto como não tem pudor: vitupera o Estado sempre que pode, mas, nos bastidores, serve-se dele, sacia-se com ele e deixa-o exangue, com a conivência dos governantes.
4. Fico perplexo com as críticas de Balsemão, de Paes do Amaral, de Pacheco Pereira e de vários outros à ideia de privatização da RTP, em particular, se ela mantiver a publicidade. Dizem que assim o mercado não chega para todos e que alguém ficará pelo caminho. Mas não é precisamente este modelo de sociedade, em que é o mercado quem livremente decide, que recorrentemente eles defendem e publicitam? Não é precisamente a concorrência que acaba, segundo eles, por escolher os melhores? Não é precisamente a competitividade o caminho da salvação? Ou o liberalismo, a concorrência e a competitividade são apenas para os outros?
Na realidade, os nossos liberais são uns pontos...