Quando Passos Coelho, no Parlamento, anunciou que não iria revogar a avaliação do desempenho docente, escrevi, como muitos outros escreveram, que estávamos perante mais um caso de flagrante desonestidade política. Prometer e depois não cumprir é desonestidade política. Desgraçadamente, estamos habituados a esta mediocridade ética. Desde que Mário Soares, em anos já há muito idos, decidiu «meter o socialismo na gaveta», contrariando o que prometera na campanha eleitoral, que assistimos a um infindável desfile de promessas não cumpridas sem o menor escrúpulo, mas com a maior desfaçatez.
Aceitar este modo de fazer política está muito para além da minha capacidade. Mas tenho de reconhecer que é uma prática cada vez mais disseminada. E disseminada a todos os níveis: começa no topo e vai alegremente até à base.
É o que acontece precisamente no capítulo da Educação. É inacreditável e inaceitável que se produza um discurso de clara oposição a um modelo de avaliação e que, não apenas se aja de modo oposto ao que o discurso enuncia, como, para além disso, se convide para secretarias de Estado e para assessorias quem, no terreno, defendeu e/ou propagandeou e/ou tudo fez para levar à prática esse mesmo processo de avaliação. Isto classifica simultaneamente quem convida e quem aceita. Sobre esta matéria não há grandes hipóteses interpretativas: quem convida ou mente quando discursa ou é incompetente quando convida; e quem aceita ou sabe que o outro mente quando discursa ou é o seu próprio discurso que é uma mentira. Não restam mais hipóteses.
Objectivamente é neste pântano que se move a Educação.