quarta-feira, 6 de julho de 2011

Às quartas

A SECRETA IDADE

Atravessei as dilaceradas lâmpadas da insónia
Conheci o amargo sabor do livro cego
E os andrajosos pássaros da adolescência
Cheguei à secreta idade da ignorância
E a poeira da dança cobre os meus cabelos
Como se fosse um deus desfeito    E o perfume do prodígio
Liberta-se por vezes não como uma cinza última
Mas como um sopro mais alto do que o mar
No alento do livro toco os ardentes limites
Da terra    Já não sei se vivi     Estou no círculo branco
Rodeado de musicais andaimes   A minha voz é o corpo
Que adere à redondez profunda
Do intacto

António Ramos Rosa