PCP entrega na segunda-feira projecto de lei para suspender avaliação de professores
Público (8/7/11)
As rocambolescas vicissitudes porque tem passado o processo de suspensão-não suspensão do modelo de (pseudo) avaliação dos professores confirmam duas coisas:
— a mediocridade da maioria dos nossos políticos;
— a mediocridade do modelo de avaliação.
No meio de tudo isto estão os professores, que têm sido bonifrates do Governo (do actual e dos dois anteriores) e do Parlamento. De uma forma inverosímel, brinca-se com a vida profissional de milhares de docentes: elabora-se um modelo de avaliação tecnicamente incompetente que, por orgulhos pessoais, por desequilíbrios emocionais e por irresponsabilidade política, foi arrogantemente imposto (PS); assumem-se compromissos de suspensão que, à última hora, são abjurados (PSD); elabora-se um novo modelo (PS), que é uma cópia quase perfeita do anterior; volta-se, a nível parlamentar, a avançar (BE, PCP, PEV) e a recuar (PSD), e, outra vez, a avançar (BE, PCP, PEV, PSD), até que se chega à aprovação (BE, CDS, PCP, PEV, PSD) da revogação, que, posteriormente, é reprovada no TC; continua-se, antes e durante a campanha eleitoral, a afirmar que o modelo é monstruoso e kafkiano (PSD); e termina-se a dizer (por parte de quem prometeu o inverso, e que, entretanto, venceu as eleições), que já não se revoga o modelo monstruoso e kafkiano (PSD).
Nem as novelas mexicanas têm enredos tão grosseiros. No fundo, este processo espelha a qualidade das elites que nos dirigem. Estes homens e mulheres pediram-nos votos, empenharam a palavra, e agora renegam essa palavra com o mesmo à vontade com que brindam às vitórias eleitorais.
O PCP faz bem em tomar a iniciativa de apresentar, no Parlamento, um projecto lei que visa acabar com a vergonhosa farsa avaliativa.
Faz bem porque, apesar de em nada resultar, terá o mérito de obrigar a que o circo da desonestidade política venha para a rua e se exponha na sua total crueza. Assistiremos ao que de mais ordinário há na política: deputados comportarem-se como vigaristas que, quando descobertos, se desfazem em grotescas desculpas para que a vítima não chame a polícia. Vai ser esse terrível fingimento político — que contamina a democracia e progressivamente lhe fere a medula — a que o país assistirá.
Faz bem porque, apesar de em nada resultar, terá o mérito de obrigar a que o circo da desonestidade política venha para a rua e se exponha na sua total crueza. Assistiremos ao que de mais ordinário há na política: deputados comportarem-se como vigaristas que, quando descobertos, se desfazem em grotescas desculpas para que a vítima não chame a polícia. Vai ser esse terrível fingimento político — que contamina a democracia e progressivamente lhe fere a medula — a que o país assistirá.
Para ajudar a que não caia na deslembrança (em particular os 33s a 45s) fica aqui um conhecido vídeo: