«Temos de reaprender a pensar o Estado. Sempre vivemos com ele, afinal. Nos Estados Unidos, o país mais propenso a denegrir o papel do governo nos assuntos das pessoas, Washington apoiou e até subsidiou intervenientes seleccionados do mercado: barões dos caminhos-de-ferro, produtores de trigo, fabricantes de automóveis, a indústria aeronáutica, as siderurgias, e outras. Acreditem ingenuamente os Americanos no que acreditarem, o seu governo sempre meteu as mãos no bolo económico. O que distingue os EUA de todos os países desenvolvidos tem sido a convicção generalizada do contrário. [...]
Libertámo-nos de uma suposição de meados do século XX — a qual nunca foi universal mas esteve bastante disseminada —, a de que o Estado é provavelmente a melhor solução para qualquer problema. Agora precisamos de nos livrar da noção contrária: a de que o Estado é — por definição e sempre — a pior opção disponível.»
Tony Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos, pp. 189-190.