segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gostei de ler

«O papel que Carvalho da Silva tem jogado nos bastidores da política portuguesa parece-me eticamente duvidoso, envolvido que está em combinações mais ou menos secretas, cuja intencionalidade e objectivos são muito pouco transparentes e tendo em conta que dificilmente interpreta o posicionamento maioritário daqueles que representa e o catapultaram a figura pública (certamente com direito a opinar e a decidir enquanto cidadão, mas devendo fazê-lo às claras, sem dissimulações teatrais e sem recurso a meias verdades).
É que as “negociatas” de bastidores com o PS não se restringiram, pelos vistos, à Câmara de Lisboa, pois não foi desmentida a sua intervenção no famigerado “memorando de entendimento”, cozinhado com o ministro Vieira da Silva, com todas as consequências desastrosas que o mesmo teve na prorrogação para lá do admissível da conflitualidade entre professores e ministério da Educação.
O que vale é que, neste caso específico, está tudo para ir às "Silvas", pois os professores e os seus movimentos independentes (e posteriormente a Fenprof, a FNE e o próprio Mário Nogueira) cavaram o "desentendimento" e entornaram o caldinho da "gente controla a coisa".
Tenho para mim que os professores (a ministra da Educação tinha sido afastada e tudo já estaria resolvido se não fosse o “memorando de entendimento”, que sacrificava incompreensivelmente a substância nefasta das medidas ao tempo e à logística da sua implementação), os lisboetas e muitos dirigentes, militantes e simpatizantes do PCP (amputou-se o crescimento do PCP em Lisboa e o seu papel decisivo na Câmara) mereciam muito mais do que esta política subterrânea e obscura de "toupeira", mesmo que com uma ou outra saída a terreiro, nem que mais não seja para tomar um café na Brasileira.
Celebrem os entendimentos que quiserem e transaccionem os apoios ou influências que achem por bem, mas, por favor, façam-no sob luz diurna e não procurem fazer de nós os "burros" da praxe (ou será da praxis?!).
É tempo de os partidos à esquerda do PS saírem da menoridade e da pequenez que a procura da sombra do PS projecta e calcinarem de vez a “muleta” com que alguns (felizmente, não a maioria) dão a sensação de quererem pautar a sua intervenção política.»