sábado, 24 de outubro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

«Já foi dito que o filósofo alemão do século XIX, Arthur Schopenhauer, decobriu o budismo filosoficamente. Como Gautama, o Buda, dois milénios antes, Schopenhauer pensava que toda a vida é sofrimento, luta e frustração e que a única saída é a resignação — a rejeição do desejo e a negação da vontade de viver. O lado positivo é que ambos pensavam que a resignação conduziria à compaixão por todos os seres e à santidade. Como se fosse uma troca. [...]
[Para ambos] a vida é um ciclo constante de frustração e tédio. Quando não temos o que queremos, ficamos frustrados. Quando temos o que queremos, ficamos entediados. E, tanto para Artie como Gautama, a pior frustração ocorre precisamente quando o alívio parece estar ao alcance da pessoa.
Era uma vez um príncipe que, apesar de não ter feito mal, foi enfeitiçado por uma bruxa malvada. A maldição ditou que o príncipe só podia dizer uama palavra por ano. Porém, podia ficar com créditos, por isso, se não falasse num ano, no ano seguinte poderia dizer duas palavras.
Um dia, conheceu uma bela princesa e apaixonou-se loucamente por ela. Decidiu não falar durante dois anos para poder olhá-la e dizer: "Minha querida."
Todavia, no fim dos dois anos também queria dizer-lhe que a amava, por isso decidiu esperar mais três anos, num total de cinco anos de silêncio. No entanto, passados os cinco anos soube que teria de a pedir em casamento, por isso precisaria de esperar mais três anos.
Por fim, quando o oitavo ano de silêncio chegou ao fim, ele ficou compreensivelmente exultante. Levou a princesa para o sítio mais romântico do jardim real, ajoelhou-se diante dela e disse:
— Minha querida, eu amo-te muito. Aceitas casar comigo?
— Desculpe? — replicou a princesa.
É precisamente o tipo de reacção que Schopenhauer teria esperado.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...