«O político que brilhara ao assumir causas tão urgentes como a "defesa do consumidor" e a "descriminalização das drogas", entre outras, afinal era mais prosaico e vulgar do que eu alguma vez imaginara. É no momento da adversidade que se revela o estofo dos políticos. Face a um pedido de declaração, apenas conseguiu mostrar uma reacção primária, a roçar a chantagem emocional. [...]
José Sócrates nunca deixou por mãos alheias a iniciativa de evitar a publicação de uma notícia. Os telefonemas, as ameaças e as pressões multiplicaram-se até altas horas da madrugada seguinte, depois de lhe ter telefonado. Há mais de dez anos, já era assim.
O resultado foi surpreendente: a notícia foi adiada, apesar de ter chegado a estar planeada e paginada para mais uma manchete. Os protestos que eu e o autor da investigação manifestámos não foram suficientes para inverter aquela péssima decisão editorial. Tinha ganho, momentaneamente, adiando a publicação da notícia. Foi assim que descobri um dos lados negros do "homem" e do "líder": a capacidade de influenciar, quiçá intimidar as chefias editoriais. É um caso único? Com certeza que não. Mas o tempo mostrou que o faz de uma forma única. À luz da actualidade, é caso para dizer, sinceramente, que as pressões sobre os jornalistas já vêm de longe, de muito longe, como poderemos, aliás, atestar através dos inúmeros incidentes que fazem parte do seu curriculum nos últimos dez anos de carreira política e governamental. [...]
Alguns políticos, — não todos —, olham os jornalistas como meras correias de transmissão dos seus grandes pensamentos e feitos. É o caso, indiscutivelmente, de José Sócrates. Com uma auto-estima ímpar e um ego do tamanho do universo, o político "mais promissor do Partido Socialista", como cheguei a classificá-lo, baba-se com as prosas favoráveis e enfurece-se com as notícias e as opiniões negativas. [...]
Os amuos da generalidade dos políticos com os jornalistas são comuns e frequentes. José Sócrates é diferente. Tem a fama de implacável e de vingativo — um político que não esquece!»
José Sócrates nunca deixou por mãos alheias a iniciativa de evitar a publicação de uma notícia. Os telefonemas, as ameaças e as pressões multiplicaram-se até altas horas da madrugada seguinte, depois de lhe ter telefonado. Há mais de dez anos, já era assim.
O resultado foi surpreendente: a notícia foi adiada, apesar de ter chegado a estar planeada e paginada para mais uma manchete. Os protestos que eu e o autor da investigação manifestámos não foram suficientes para inverter aquela péssima decisão editorial. Tinha ganho, momentaneamente, adiando a publicação da notícia. Foi assim que descobri um dos lados negros do "homem" e do "líder": a capacidade de influenciar, quiçá intimidar as chefias editoriais. É um caso único? Com certeza que não. Mas o tempo mostrou que o faz de uma forma única. À luz da actualidade, é caso para dizer, sinceramente, que as pressões sobre os jornalistas já vêm de longe, de muito longe, como poderemos, aliás, atestar através dos inúmeros incidentes que fazem parte do seu curriculum nos últimos dez anos de carreira política e governamental. [...]
Alguns políticos, — não todos —, olham os jornalistas como meras correias de transmissão dos seus grandes pensamentos e feitos. É o caso, indiscutivelmente, de José Sócrates. Com uma auto-estima ímpar e um ego do tamanho do universo, o político "mais promissor do Partido Socialista", como cheguei a classificá-lo, baba-se com as prosas favoráveis e enfurece-se com as notícias e as opiniões negativas. [...]
Os amuos da generalidade dos políticos com os jornalistas são comuns e frequentes. José Sócrates é diferente. Tem a fama de implacável e de vingativo — um político que não esquece!»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 18-23.