«Depois da nossa última conversa telefónica, a propósito da investigação da PJ sobre o caso da "Cova da Beira", preparei-me, imediatamente, para uma qualquer diatribe da sua parte ou de um qualquer dos seus apaniguados. O que nunca imaginei, nem no maior dos pesadelos, foi passar por situações que vieram a acontecer posteriormente, que a serem coincidências são absolutamente extraordinárias.
No dia 5 de Março de 1999, sexta-feira, fui avisado telefonicamente, que tinha sido alvo de uma carta anónima. Fiquei estupefacto, mas levei a 'coisa' a brincar. Horas mais tarde, quando cheguei ao 'Indy' [jornal O Independente], ao princípio da tarde, depois de mais um fecho de edição esgotante, fui confrontado com o teor da carta, com data de 4 de Fevereiro de 1999, ou seja, sete dias depois da data da minha última conversa com José Sócrates.
[...] Entre outras calúnias, [a carta] acusava-me de "cobrar 70 contos (350 euros) por cada 'encomenda' em 'O Independente'. É seu habitual cliente, entre outros..., o João Soares". [...]
O que mais me espantou foi o envio da carta para um autêntico mailing de Estado: Alta Autoridade para a Comunicação Social, Ministério da Administração Interna, Presidência da República, Serviço de informações e Segurança (SIS), Polícia de Segurança Pública (PSP), Polícia Judiciária (PJ), Sindicato dos Jornalistas, Redacções ("Capital", "Correio da Manhã", "Diário de Notícias", "Expresso", "Jornal de Notícias", "Público", "RTP", "SIC", "Tal e Qual", "TVI" e "Visão"), Gabinetes de membros do Governo, Direcção do Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD), Centro Democrático Social (CDS/PP) e Partido Comunista Português (PCP). Uma lista que seguramente, não está à mão de um qualquer cidadão.
Ainda tentei identificar o canalha ou a canalha, ou ambos, que tinham escrito e enviado a carta, deslocando-me ao posto dos correios de onde tinha sido expedida, mas aquele balcão ainda não tinha as câmaras de vigilância em funcionamento.»
No dia 5 de Março de 1999, sexta-feira, fui avisado telefonicamente, que tinha sido alvo de uma carta anónima. Fiquei estupefacto, mas levei a 'coisa' a brincar. Horas mais tarde, quando cheguei ao 'Indy' [jornal O Independente], ao princípio da tarde, depois de mais um fecho de edição esgotante, fui confrontado com o teor da carta, com data de 4 de Fevereiro de 1999, ou seja, sete dias depois da data da minha última conversa com José Sócrates.
[...] Entre outras calúnias, [a carta] acusava-me de "cobrar 70 contos (350 euros) por cada 'encomenda' em 'O Independente'. É seu habitual cliente, entre outros..., o João Soares". [...]
O que mais me espantou foi o envio da carta para um autêntico mailing de Estado: Alta Autoridade para a Comunicação Social, Ministério da Administração Interna, Presidência da República, Serviço de informações e Segurança (SIS), Polícia de Segurança Pública (PSP), Polícia Judiciária (PJ), Sindicato dos Jornalistas, Redacções ("Capital", "Correio da Manhã", "Diário de Notícias", "Expresso", "Jornal de Notícias", "Público", "RTP", "SIC", "Tal e Qual", "TVI" e "Visão"), Gabinetes de membros do Governo, Direcção do Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD), Centro Democrático Social (CDS/PP) e Partido Comunista Português (PCP). Uma lista que seguramente, não está à mão de um qualquer cidadão.
Ainda tentei identificar o canalha ou a canalha, ou ambos, que tinham escrito e enviado a carta, deslocando-me ao posto dos correios de onde tinha sido expedida, mas aquele balcão ainda não tinha as câmaras de vigilância em funcionamento.»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 23-24.