«Hoje, ainda não sei quem inventou e enviou a carta anónima. Até posso desconfiar, mas não o posso provar. Assim, e para estabelecer um padrão de coincidências, limito-me a descrever duas que me levaram a ter suspeitas, puramente lógicas, em que o papel principal foi desempenhado por Maria Rui Fonseca, então minha amiga pessoal e assessora de José Sócrates.
A primeira coincidência ocorreu a seguir ao incidente telefónico com o então ministro adjunto. Fui convidado para jantar no "Alcântara Café". Considerei o gesto normal, tanto mais que os contactos com a assessora eram regulares. A conversa decorreu calma e agradavelmente, apesar do tema de fundo versar a própria notícia sobre a "Cova da Beira", cuja publicação o 'patrão' tinha evitado no último minuto. [...] O que me espantou, e me colocou de sobreaviso, foi o facto da então assessora ter deixado cair uma frase enigmática: " Quando fores alvo de uma carta anónima é que vais sentir como elas doem». Fiquei atónito, mas desvalorizei o assunto, pois nunca me passou pela cabeça que tal suposição se viesse a revelar tão certeira.
Uns dias depois lá chegou a tal carta anónima. Confesso que fiquei siderado! Não pelas insinuações alarves, mas pela sequência dos acontecimentos.
A segunda coincidência ainda foi mais elucidativa: o gabinete do então ministro adjunto também tinha recebido um exemplar da carta anónima, contudo as pessoas com quem falava regularmente nunca me alertaram.»
A primeira coincidência ocorreu a seguir ao incidente telefónico com o então ministro adjunto. Fui convidado para jantar no "Alcântara Café". Considerei o gesto normal, tanto mais que os contactos com a assessora eram regulares. A conversa decorreu calma e agradavelmente, apesar do tema de fundo versar a própria notícia sobre a "Cova da Beira", cuja publicação o 'patrão' tinha evitado no último minuto. [...] O que me espantou, e me colocou de sobreaviso, foi o facto da então assessora ter deixado cair uma frase enigmática: " Quando fores alvo de uma carta anónima é que vais sentir como elas doem». Fiquei atónito, mas desvalorizei o assunto, pois nunca me passou pela cabeça que tal suposição se viesse a revelar tão certeira.
Uns dias depois lá chegou a tal carta anónima. Confesso que fiquei siderado! Não pelas insinuações alarves, mas pela sequência dos acontecimentos.
A segunda coincidência ainda foi mais elucidativa: o gabinete do então ministro adjunto também tinha recebido um exemplar da carta anónima, contudo as pessoas com quem falava regularmente nunca me alertaram.»
Rui Costa Pinto, José Sócrates - o Homem e o Líder, Exclusivo Edições, pp. 25-26.