Canto interior de uma noite fantástica
Sereno, mas resoluto
aqui estou – eu mesmo! – gritando desvairado
que há um fim por que luto e me impede de passar ao outro lado
Ante esta passagem de nível
nada de fáceis transposições
Do lado de cá – pareça embora incrível
é que me meço: princípio e fim das multidões
Não quero tudo quanto me prometem aliciantes
Nada quero, se para mim nada peço,
o meu desejar é outro – o meu desejo é antes
o desejo dos muitos com que me pareço
Quem quiser que venha comigo
nesta jornada terrena, humana e sincera
E se for só – ainda assim prossigo
num mar de tumulto impelindo os remos sem galera
(…)
E não transporei a linha divisória
entre o meu e o outro caminho
Mesmo que a minha luta não tenha glória
é no campo de combate que alinho
Assim continuarei a lutar, ai a lutar!
num perigoso mar de paixões e escolhos
e – companheiros – se neste sofrer me virdes chorar
não acrediteis em vossos olhos!
António Jacinto
Foi em 1974 que li pela primeira vez este poema de António Jacinto. Trinta e quatro anos depois … voltei, estranhamente, a rever-me nestes versos “panfletários”, nesta exaltação singular de um sentido de vida, na necessidade de afirmar um “campo de combate” que se abraça mesmo que a glória pareça inatingível.
Por muito que tentem convencer-me do contrário (e das vantagens daí decorrentes), continuarei a ver os bois com cornos e a chamá-los pelos nomes. Por opção consciente, sou professor há três décadas … e não transporei a linha divisória entre o meu e o outro caminho.
Por muito que tentem convencer-me do contrário (e das vantagens daí decorrentes), continuarei a ver os bois com cornos e a chamá-los pelos nomes. Por opção consciente, sou professor há três décadas … e não transporei a linha divisória entre o meu e o outro caminho.
Já agora: VOTOS DE UM ANO ESCOLAR EM QUE A ESPERANÇA SOBREVIVA.