Os jornais e a rádio deram-nos, em uníssono, logo pela manhã, a seguinte notícia: «Chumbos no básico e secundário atingiram este ano o valor mais baixo da última década».
Este Governo vai ficar para a história como o melhor Governo, depois do 25 de Abril, no domínio da agitação e propaganda. Infelizmente, vai ser este o motivo por que o actual Governo será histórico. Infelizmente para nós.
Já muita gente o disse, nós aqui também já o dissemos: o final deste ano e todo o ano de 2009 vão ser preenchidos com permanentes e repetitivas parangonas na comunicação social a propalarem os extraordinários resultados obtidos na área da Educação. O programa de facilitismo generalizado desenvolvido por este Governo é e será triunfante a múltiplos níveis:
— a nível dos exames do 9.º e 12.º anos (o que se passou este ano com a Matemática passar-se-á, para o ano, com o Português);
— a nível do abandono escolar (com a teoria, exaustivamente repetida, quer na comunicação social quer em acções de formação, que defende que reprovar um aluno é atirá-lo para a marginalidade e para o crime; e com a enorme teia burocrática que é exigida ao docente para poder reprovar um aluno, os professores sentem sobre si a enorme pressão de passarem tudo e todos );
— a nível das reprovações por faltas (aqui, os resultados serão únicos, porque a redução será absoluta, total, já que, a partir deste ano, ninguém vai reprovar por ultrapassar o limite de faltas (Novo Estatuto do Aluno) — e como disse a ministra da Educação, em uma das suas famosas entrevistas (Diário de Notícias, 30/10/07), se a um aluno lhe apetece mais ir apanhar sol do que ir à escola, não há problema, a escola, à tarde, dá-lhe mais trabalho...);
— a nível dos milhares e milhares de diplomas obtidos através do também já famoso sistema denominado de Novas Oportunidades, que farão de Portugal um óasis de competências certificadas;
¬— etc., etc., etc..
Portanto, nada disto é ou será surpreendente. O que é surpreendente (de verdade, já nem isso podemos dizer...) é ouvirmos a ministra da Educação afirmar o que afirmou. Isto é, afirmar que o estudo acompanhado, os planos de recuperação e as aulas de substituição são a explicação para a grande melhoria dos resultados. Trata-se de uma justificação com um inaceitável e incompreensível défice de fundamento: o estudo acompanhado e os planos de recuperação já existem e são praticados há vários e muitos anos em todas as escolas — não era, agora, repentina e miraculosamente, no ano lectivo transacto, que surtiriam resultados surpreendentes; por outro lado, considerar as aulas de substituição como causa da obtenção de melhores classificações, em que as esmagadora maioria dessas aulas não são aulas, são, de facto, actividades de substituição que nada têm que ver com o conteúdo da aula que iria ser ministrada, é algo que nem merece comentário.
O problema é que a maioria das pessoas não tem conhecimento, como é natural que não tenha, dos pormenores, dos meandros da realidade, ou seja, não tem conhecimento da verdade. E, deste modo, a propaganda tem o caminho aberto, e espalha-se, e infiltra-se, e entranha-se, e medra.
Assim se faz, não a espantosa, mas a medíocre realidade das coisas.
Este Governo vai ficar para a história como o melhor Governo, depois do 25 de Abril, no domínio da agitação e propaganda. Infelizmente, vai ser este o motivo por que o actual Governo será histórico. Infelizmente para nós.
Já muita gente o disse, nós aqui também já o dissemos: o final deste ano e todo o ano de 2009 vão ser preenchidos com permanentes e repetitivas parangonas na comunicação social a propalarem os extraordinários resultados obtidos na área da Educação. O programa de facilitismo generalizado desenvolvido por este Governo é e será triunfante a múltiplos níveis:
— a nível dos exames do 9.º e 12.º anos (o que se passou este ano com a Matemática passar-se-á, para o ano, com o Português);
— a nível do abandono escolar (com a teoria, exaustivamente repetida, quer na comunicação social quer em acções de formação, que defende que reprovar um aluno é atirá-lo para a marginalidade e para o crime; e com a enorme teia burocrática que é exigida ao docente para poder reprovar um aluno, os professores sentem sobre si a enorme pressão de passarem tudo e todos );
— a nível das reprovações por faltas (aqui, os resultados serão únicos, porque a redução será absoluta, total, já que, a partir deste ano, ninguém vai reprovar por ultrapassar o limite de faltas (Novo Estatuto do Aluno) — e como disse a ministra da Educação, em uma das suas famosas entrevistas (Diário de Notícias, 30/10/07), se a um aluno lhe apetece mais ir apanhar sol do que ir à escola, não há problema, a escola, à tarde, dá-lhe mais trabalho...);
— a nível dos milhares e milhares de diplomas obtidos através do também já famoso sistema denominado de Novas Oportunidades, que farão de Portugal um óasis de competências certificadas;
¬— etc., etc., etc..
Portanto, nada disto é ou será surpreendente. O que é surpreendente (de verdade, já nem isso podemos dizer...) é ouvirmos a ministra da Educação afirmar o que afirmou. Isto é, afirmar que o estudo acompanhado, os planos de recuperação e as aulas de substituição são a explicação para a grande melhoria dos resultados. Trata-se de uma justificação com um inaceitável e incompreensível défice de fundamento: o estudo acompanhado e os planos de recuperação já existem e são praticados há vários e muitos anos em todas as escolas — não era, agora, repentina e miraculosamente, no ano lectivo transacto, que surtiriam resultados surpreendentes; por outro lado, considerar as aulas de substituição como causa da obtenção de melhores classificações, em que as esmagadora maioria dessas aulas não são aulas, são, de facto, actividades de substituição que nada têm que ver com o conteúdo da aula que iria ser ministrada, é algo que nem merece comentário.
O problema é que a maioria das pessoas não tem conhecimento, como é natural que não tenha, dos pormenores, dos meandros da realidade, ou seja, não tem conhecimento da verdade. E, deste modo, a propaganda tem o caminho aberto, e espalha-se, e infiltra-se, e entranha-se, e medra.
Assim se faz, não a espantosa, mas a medíocre realidade das coisas.