A este propósito, vale a pena ler, ou reler, excertos de um artigo que Rui Moreira escreveu no Público, há um mês.
A cenoura de consolação
«A decisão de atribuir, anualmente, no Dia do Diploma, um prémio monetário aos melhores alunos do secundário, é uma daquelas notícias em que o nonsense dos governantes consegue ofuscar o do Inimigo Público.[...]
É extraordinário que este ministério, que fomenta o facilitismo para melhorar as notas e as estatísticas, que adopta o “ensino-vaselina” para agilizar e embaratecer a passagem do aluno pela escola, que tem fobia do elitismo, que desautoriza os professores face a pais e alunos e prefere avaliar os docentes a examinar os estudantes, que contemporiza com a indisciplina, tenha o topete de criar este prémio, que em nada contribui para a cultura de mérito, que deveria incutir às crianças, desde cedo, o sentido da responsabilidade, afirmando o estudo como um bom investimento e o conhecimento como um instrumento essencial para a realização e felicidade futuras.
[...]
A ideia do dinheiro como isco é como a da cenoura que se pendura à frente do burro. Um truque de quem, com a consciência pesada por pouco fazer pelos piores, e por nada mais ter feito pelos melhores, os trata como se fossem asnos.
É extraordinário que este ministério, que fomenta o facilitismo para melhorar as notas e as estatísticas, que adopta o “ensino-vaselina” para agilizar e embaratecer a passagem do aluno pela escola, que tem fobia do elitismo, que desautoriza os professores face a pais e alunos e prefere avaliar os docentes a examinar os estudantes, que contemporiza com a indisciplina, tenha o topete de criar este prémio, que em nada contribui para a cultura de mérito, que deveria incutir às crianças, desde cedo, o sentido da responsabilidade, afirmando o estudo como um bom investimento e o conhecimento como um instrumento essencial para a realização e felicidade futuras.
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A ideia do dinheiro como isco é como a da cenoura que se pendura à frente do burro. Um truque de quem, com a consciência pesada por pouco fazer pelos piores, e por nada mais ter feito pelos melhores, os trata como se fossem asnos.
São, afinal, meras alvíssaras, que servem para que a ministra descubra, e depois exiba em dia próprio, os parcos sucessos. E, claro, esconda e omita os insucessos criados pelo jacobinismo do sistema educativo, pelo igualitarismo que nivela por baixo, pela destruição metódica da autoridade do docente pela ideia de que a avaliação punitiva é socialmente discriminatória e reprodutora de exclusão.
Tudo isto acontece a um ano das eleições. O Governo não melhorou a escola, mas vai distribuir dinheiro e computadores. [...]»
Rui Moreira, Público (11/08/08)
Tudo isto acontece a um ano das eleições. O Governo não melhorou a escola, mas vai distribuir dinheiro e computadores. [...]»
Rui Moreira, Público (11/08/08)