A cavalgada da propaganda é ininterrupta e a demagogia e a hipocrisia política também: a ministra da Educação anunciou, ontem, que quer atingir, nos próximos anos, 100 por cento de aprovações no final do nono ano de escolaridade.
Anunciar com anos de antecedência que passará a haver sucesso absoluto no final do 2º ciclo é propaganda despudorada. Todos sabemos que o sucesso absoluto só é possível garantir por decreto, isto é, se for determinado o fim oficial das reprovações. Ora, a ministra da Educação não anuncia que será por essa via e remete a concretização da meta para daqui a uns anos... quando ela já não estiver no Governo. Contudo faz o anúncio agora para recolher os louros de algo que não fez. É propaganda no sentido mais pejorativo que a palavra possa ter.
Anunciar que passará a haver sucesso absoluto no final do 2º ciclo porque: «os nossos alunos não são menos inteligentes [que os de outros países], os nossos professores não são menos preparados [que os de outros países], as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir» é demagogia e hipocrisia política.
É demagogia:
a) porque não se trata de os alunos serem ou não serem mais ou menos inteligentes nem dos professores estarem mais ou menos preparados (e se, por absurdo, fosse esse o problema, isso deveria significar que foi a acção desta ministra que tornou os nossos alunos tão inteligentes como os outros e os nossos professores tão bem preparados como os outros? Ou é apenas, e afinal, um problema de instalações?);
b) porque só nos países em que as reprovações são proibidas é que há sucesso total (ou em que possuem vias alternativas para onde são de imediato encaminhados os alunos que revelam insucesso no ensino regular, mas isto não é o sucesso efectivo e absoluto de que fala a ministra) e, aí, os níveis cultural, civilizacional, educacional e económico desses povos não são susceptíveis de comparação com os nossos. É falta de responsabilidade e de rigor políticos reduzir intencionalmente o problema do sucesso à inteligência dos alunos ou à preparação dos professores.
É hipocrisia política porque não sendo capaz de assumir que pretende acabar com as reprovações por via legislativa — a opinião pública e o país reagiriam de imediato, em frontal oposição — a ministra foge ao problema e tenta contorná-lo com um discurso que, pela enésima vez, falseia a realidade e engana quem a ouve.
Anunciar com anos de antecedência que passará a haver sucesso absoluto no final do 2º ciclo é propaganda despudorada. Todos sabemos que o sucesso absoluto só é possível garantir por decreto, isto é, se for determinado o fim oficial das reprovações. Ora, a ministra da Educação não anuncia que será por essa via e remete a concretização da meta para daqui a uns anos... quando ela já não estiver no Governo. Contudo faz o anúncio agora para recolher os louros de algo que não fez. É propaganda no sentido mais pejorativo que a palavra possa ter.
Anunciar que passará a haver sucesso absoluto no final do 2º ciclo porque: «os nossos alunos não são menos inteligentes [que os de outros países], os nossos professores não são menos preparados [que os de outros países], as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir» é demagogia e hipocrisia política.
É demagogia:
a) porque não se trata de os alunos serem ou não serem mais ou menos inteligentes nem dos professores estarem mais ou menos preparados (e se, por absurdo, fosse esse o problema, isso deveria significar que foi a acção desta ministra que tornou os nossos alunos tão inteligentes como os outros e os nossos professores tão bem preparados como os outros? Ou é apenas, e afinal, um problema de instalações?);
b) porque só nos países em que as reprovações são proibidas é que há sucesso total (ou em que possuem vias alternativas para onde são de imediato encaminhados os alunos que revelam insucesso no ensino regular, mas isto não é o sucesso efectivo e absoluto de que fala a ministra) e, aí, os níveis cultural, civilizacional, educacional e económico desses povos não são susceptíveis de comparação com os nossos. É falta de responsabilidade e de rigor políticos reduzir intencionalmente o problema do sucesso à inteligência dos alunos ou à preparação dos professores.
É hipocrisia política porque não sendo capaz de assumir que pretende acabar com as reprovações por via legislativa — a opinião pública e o país reagiriam de imediato, em frontal oposição — a ministra foge ao problema e tenta contorná-lo com um discurso que, pela enésima vez, falseia a realidade e engana quem a ouve.