Fiquei sensibilizado ao ouvir o discurso de candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República. Impressionou-me o seu currículo de sabedoria, de competência, de seriedade, de honradez, de equilíbrio, de conhecimento, de sensatez, de sentido de compromisso e de muitos outros atributos que o candidato fez questão de enumerar e de anunciar como seus. Entusiasmou-me saber que há, neste país, um político que coloca os interesses de Portugal acima de tudo: acima de interesses pessoais, de interesses partidários, de interesses eleitorais e, até, de interesses familiares — ficou claro, pelas suas palavras, que os interesses da família Cavaco Silva foram subalternizados aos interesses da Pátria. Descansou-me ouvir dizer que o candidato será um guardião dos desprotegidos, dos desempregados e dos pobres. Mobilizou-me saber que, com este candidato, Portugal caminhará no sentido da Justiça social, do desenvolvimento Económico, da excelência da Educação, ou, dito numa só palavra, caminhará no sentido do Progresso.
Depois, reparei que o candidato Cavaco Silva era o Presidente Cavaco Silva. O Presidente que há cinco anos exerce as funções para as quais novamente se candidata. Dessensibilizei-me, desimpressionei-me, desentusiasmei-me, apaguei a televisão.
Depois, reparei que o candidato Cavaco Silva era o Presidente Cavaco Silva. O Presidente que há cinco anos exerce as funções para as quais novamente se candidata. Dessensibilizei-me, desimpressionei-me, desentusiasmei-me, apaguei a televisão.