quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Às quartas

CHILDE HAROLD — CANTO QUARTO

II

Tinha vindo para Sul
Em perfumados jardins
Em negras luminosas noites
Perseguindo como um tigre a própria fome
Rondava o silêncio
Arrebatado convocava
o poema escrito para habitar a vida

Entre colunas lagos e suspiros
Erguia o jogo e o canto das palavras:

«Das filhas da beleza nem só uma
Trouxe magia assim
És quem desliza e canta
a flor da água
Música e água é tua voz para mim

Em beleza te moves como a noite
Deste país — escura e cintilante
E em teus gestos e teus olhos se combinam
O que é mais sombrio e mais brlhante»

Sophia de Mello Breyner Andresen