quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O testemunho de uma presidente de um Conselho Executivo

Do blogue A Educação do meu Umbigo:

Caro colega,

Hoje realizou-se outra reunião dos PCE's da DRELVT com os Secretários de Estado da Educação e o Director Regional. Não aconteceu nada de relevante, saímos de lá como entrámos (talvez apenas mais cansados, mais decepcionados, mais perplexos) e a saber que estão a ser preparadas «simplificações» do processo (?!), porque a suspensão está fora de questão sob pena de continuarmos a ter a carreira congelada (nada de novo, portanto…).

Repudio, e disse-o, a «nova» (e desonesta) posição da tutela: agora as escolas e os conselhos executivos são os bodes expiatórios das falhas inultrapassáveis deste modelo de avaliação (e, de atacado, de outras coisas como o estatuto do aluno…). É verdade, foi repetido perante mais de 200 PCE's que «as escolas, por insegurança ou desconhecimento complicaram a aplicação do modelo, tornando-o ainda mais complexo». Não nos iludamos. Não se trata apenas de uma mudança de foco nem de uma manobra em desespero de causa. É tão só o pretexto de que precisavam para legitimar a introdução de «pequenas» alterações no modelo, de forma a «ajudar» as escolas nas suas «dificuldades» de operacionalização. As escolas passaram, imagine-se, a ser parte do problema (!). O despacho com as simplificações não há-de tardar. Com ele, passam-nos um atestado de menoridade e incompetência e nós ainda lhes teremos de agradecer a compreensão e generosidade…

Houve um colega que afirmou que a esta equipa ministerial mais não resta que demitir-se. Não lhe faltaram os aplausos, faltou o essencial: levantarmo-nos todos e sairmos. Não por estarmos (ou não) de acordo com a demissão, isso é irrelevante, mas para mantermos alguma dignidade e coerência com a consciência absoluta que batemos no fundo e que não nos podemos deixar ludibriar com medidas paliativas.

Perguntaram-me qual era o estado de espírito dos secretários de estado. Estavam calmos, quase paternais, excepto quando as intervenções dos PCE's foram mais incisivas…aí não contiveram a irritação. Lamentavelmente, ainda não entenderam que se nós temos que ter estômago para ouvir mentiras, o mínimo que se lhes exige é que o tenham para ouvir as verdades.

Rita Sammer

Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Madeira Torres