sábado, 28 de julho de 2012

Pausa

Hoje em dia fazer férias é, desgraçadamente, um luxo e uma necessidade vital. 
Um luxo, se pensarmos nos milhares de desempregados ou se pensarmos naqueles que têm salários ou pensões semelhantes a esmolas. Ver tanta gente que foi despedida e cujo futuro ficou reduzido aos limites da sobrevivência, ou ver tanta gente que trabalha ou trabalhou um ano inteiro com salários, horários e condições de trabalho miseráveis, e que não pode usufruir do descanso a que tem direito, faz pensar e sentir que ainda ter a possibilidade de fazer férias é quase uma prodigalidade — mesmo que o subsídio respectivo, que a lei consagra, tenha sido objecto de extorsão.
Por outro lado, fazer férias é uma necessidade vital. É vital para a nossa saúde mental termos a possibilidade de, pelo menos durante uns dias, deixarmos de ter contacto visual e auditivo com quem governa este país. Recordar o que Passo Coelho prometeu, há um ano, na campanha eleitoral e ver como, tomado o poder, ele agiu e age causa uma profunda repulsa. O seu comportamento foi vergonhoso, quer do ponto de vista político quer do ponto de vista ético. A trafulhice política tornou-se a marca de água deste governo e a sua credibilidade está reduzida a zero. O país ficou infestado de aldrabices, de trapacices, de «malabarices» que Coelho, Portas, Gaspar, Relvas, Crato... têm protagonizado. Mas acima de tudo o país ficou ferido com a política de barbárie social que, com um enorme desprezo pelas pessoas, este governo tem desenvolvido e quer continuar a desenvolver.
Fazer uma pausa no «convívio» com estas personalidades é vital. É vital para se preservar a sanidade psicológica e para, no regresso da pausa, se poder continuar a dar um contributo, por pequeno que seja, no combate que é imperioso prosseguir contra o actual governo e por uma política que, em primeiro lugar, respeite as pessoas.
É por isso que este blogue vai fazer uma pausa e o seu autor também. Regressamos os dois no início de Setembro.
Votos de boas férias, para quem as puder fazer.