segunda-feira, 2 de julho de 2012

À espera, sem pudor nem dignidade

Quando a Grécia pediu o resgate financeiro, as nossas elites — política, financeira e empresarial — disseram em uníssono que nós não éramos a Grécia. Quando a Irlanda pediu o resgate financeiro, as nossas elites — política, financeira e empresarial — disseram em uníssono que nós não éramos a Irlanda. Ficámos provincianamente à espera que a nós nada acontecesse.
Quando a Grécia e a Irlanda reclamavam, como continuam a reclamar, a alteração dos memorandos associados aos respectivos resgates, o nosso governo nada reclamou e ficou provincianamente à espera que um milagre acontecesse à nossa economia.
Agora que a Espanha e a Itália estão em situação idêntica à nossa e exigem de modo firme regras diferentes para os respectivos resgates; agora que o novo governo grego exige a renegociação do memorando e o governo irlandês exige o mesmo, o nosso governo, mais uma vez fica à espera e nada reclama. O nosso governo fica à espera que outros venham a conseguir memorandos mais vantajosos, para depois, sem pudor nem dignidade, poder usufruir oportunisticamente dessas vantagens.
Temos todas as razões para sentirmos vergonha do governo que desgraçadamente nos representa.