quinta-feira, 19 de julho de 2012

Insuportável

No domínio da educação, vivemos, de 2005 a 2011, debaixo de uma mescla de desmedida arrogância e de generalizada incompetência técnica e política protagonizadas pelas equipas ministeriais de Rodrigues e de Alçada. 
De 2011 a 2012, isto é, no último ano, vivemos debaixo de uma mescla de amadorismo, ignorância e improvisação protagonizados pela equipa de Crato. 
Para além disto, em ambos os casos, os professores foram e são maltratados. Primeiro de modo insolente, agora de modo indigno.
As insolências de Rodrigues são bem conhecidas desde há muito, as indignidades de Crato estão agora a ser conhecidas. O episódio, que se encontra em desenvolvimento diário e que teve como consequência obrigar dezenas de milhares de professores dos quadros a concorrer, é um caso de extrema gravidade que ilustra, pelo menos, duas coisas: a torpeza com que o actual ministro trata os profissionais da educação e o diletantismo que impera no seu ministério.
Depois de ter provocado um tsunami nas escolas — levando ao desespero milhares de docentes e respectivas famílias, brincando com a vida profissional e pessoal dos professores — e depois de se ter apercebido da dimensão dos estragos que a sua irresponsabilidade originou, Crato emitiu um comunicado que, para além de estar vergonhosamente redigido e de ser quase ininteligível do ponto de vista técnico, parece (sublinho o «parece») dar a entender que, afinal, todos os horários zero vão ser aproveitados para mil e uma actividades e que nenhum professor terá de sair da sua escola. Parece (com o devido sublinhado) que agora já vale tudo para tapar o incomensurável buraco aberto. 
Tudo isto é demasiado mau para ser verdade, mas desgraçadamente tudo isto é também demasiado verdadeiro: primeiro destruiu-se, deixou-se tudo em cacos, agora, com cuspo, procura-se unir os estilhaços. Manipulam-se os professores como se fossem peças descartáveis de uma máquina.
Não é possível a educação resistir a tanta barbaridade seguida. Foram seis anos, agora foi mais um, e perfilam-se mais três. Impedir que esses mais três se concretizem tornou-se um imperativo categórico.