Imagino que ninguém tenha ficado espantado com a notícia de que Miguel Relvas fez uma licenciatura de três anos em doze meses. Os portugueses já não se admiram com nada.
Parece que através de um processo tipo RVCC, uma Universidade privada descobriu que Relvas possuía competências que o isentavam da maçada de frequentar durante três anos um curso. Foi bom para ambos: a Universidade intuiu que ali estava um potencial ministro, que lhe daria fama e proveito, e o futuro ministro não teve o aborrecimento de assistir a aulas e de fazer os exames referentes a dois terços das cadeiras.
No fundo, tratou-se de aplicar o princípio da Iniciativa Novas Oportunidades ao ensino superior. Depois de uma outra conhecida licenciatura ter sido concluída com testes enviados por faxe e lançamento de notas realizado ao domingo, tudo se tornou possível e normal.
Um amigo meu — que também tem uma licenciatura, um mestrado, duas pós-graduações, que foi militante de uma juventude partidária e vendedor de automóveis — já me disse que vai ver se lhe reconhecem, validam e certificam as dezenas de competências que aquilo tudo deve dar, de modo a poder fazer um doutoramento em uma ou duas semanas.
Não me admiraria se daqui a uns dias ele me aparecesse doutorado.
Actualização em 7/7/12: Onde se lê: «o futuro ministro não teve o aborrecimento de assistir a aulas e de fazer os exames referentes a dois terços das cadeiras», deve ler-se: o futuro ministro não teve o aborrecimento de assistir a aulas e de fazer os exames referentes a sete oitavos das cadeiras, ou seja, não teve o aborrecimento de fazer quase 90% das disciplinas.
Actualização em 7/7/12: Onde se lê: «o futuro ministro não teve o aborrecimento de assistir a aulas e de fazer os exames referentes a dois terços das cadeiras», deve ler-se: o futuro ministro não teve o aborrecimento de assistir a aulas e de fazer os exames referentes a sete oitavos das cadeiras, ou seja, não teve o aborrecimento de fazer quase 90% das disciplinas.