A maioria dos gregos optou por manter no poder a elite política que conduziu a Grécia ao descalabro a que chegou. Foi, evidentemente, uma opção legítima, mas que apenas trará mais do mesmo.
É verdade que não é fácil romper com o statu quo. É verdade que uma ruptura comporta riscos e incertezas. Todavia, quando a certeza é manter no poder a elite responsável pelo caminho da miserabilização, torna-se pertinente questionar se procurar um novo caminho — ainda que com riscos e incertezas — não é uma atitude mais razoável do que manter a certeza do desemprego, a certeza da pobreza e a certeza da fome.
O medo do diferente é um sentimento comum ao ser humano, mas a história demonstra à exaustão que os saltos qualitativos que a humanidade tem dado acontecem quando esse medo é superado e quando o diferente é procurado.
Não deixa de ser curioso observar que os conceitos «inovação» e «mudança», dois conceitos muito utilizados pela elites dominantes, sejam repentinamente esquecidos quando se trata de «inovar» no campo da política e quando se trata de «mudar» de elites. Para estas elites é adquirido que só há um caminho, que nada há a inovar e nada há a mudar: o poder deve ser mantido pelos mesmos, independentemente da objectiva incompetência que revelam para governar na defesa dos interesse da maioria.