Rousseau tinha um temperamento difícil: neurótico, narcisista, hipocondríaco, padecia ainda de intensos ataques de mania da perseguição. Autor de uma das obras mais ambiciosas sobre a educação das crianças (Emílio), sentiu-se, contudo, incapaz de se ocupar da educação dos seus próprios filhos, entregando os cinco que nasceram da sua relação com Thérèse Lavasseur aos orfanatos públicos.
Rousseau sofria de depressões que o levavam frequentemente a pensar no suicídio. A este respeito, conta Diderot que, um dia, ao visitá-lo na sua casa de Montmorency, Rousseau lhe confessou, frente ao tanque, que estivera tentado a lançar-se a ele para acabar com a vida.
— E porque não o fizeste? — perguntou Diderot, a provocá-lo.
Rousseau, surpreendido com a falta de sensibilidade do amigo, respondeu:
— Porque meti a mão na água e pareceu-me fria.
Pedro González Calero, A Filosofia com Humor, Planeta (adaptado).