«A cultura mundializada pelo Ocidente é uma nova forma de totalitarismo económico, cuja devastação aqui ou ali em nome do desenvolvimento testemunham, cuja destruição do mundo cria violência. Totalitarismo caracterizado, como era o totalitarismo estatal do império soviético, pela instauração de um modelo único, o da sociedade por acções, de um julgamento único, o do preço do mercado, de uma medida universal, a do rendimento para o accionista (ROE - return on equity). E totalitarismo que acaba de obter um resultado simétrico, vinte anos depois do que provocou a queda do muro de Berlim; a crise que atravessamos é a primeira manifestação de explosão inevitável de um modelo único de financiamento, as próximas virão, sem dúvida, dos novos convertidos à cultura do Ocidente financeiro, da China, por exemplo, e suscitarão, mais cedo ou mais tarde, a afirmação violenta da primazia da sociedade sobre o mercado, sobre a economia e sobre aqueles que são os invisíveis mestres. Quem é que não sabe que a Goldman Sachs é, hoje, a primeira potência mundial?»
Hervé Juvin
Gilles Lipovetsky, O Ocidente Mundializado, Edições 70.