«Era Novembro no Connecticut e o esplendor selvagem do Outono tinha-se desvanecido. Os doces áceres estavam nus. Só algumas macieiras se mantinham verdes. Um céu nublado conferia uma encantadora lisura cinzenta a um lago.
Aproximando-me pela estrada rosa e macia que serpenteava tão suavemente através da relva, era como se finalmente tivesse encontrado aquilo que Nova Iorque e Filadélfia tinham recusado mostrar, esse centro secreto da nova nação, essa parte que correspondia às suas mais altas possibilidades. As colunas dóricas da mansão pareciam beneficiar do facto de serem tão claramente concebidas, a afirmação de uma aspiração, ao mesmo tempo nobre e democrática. E não deixei de me sentir divertido, no meio de tudo isso, por reflectir que haviam sido uns lindos tornozelos a atrair-me, um colo generoso a levar-me a percorrer aquela estrada, a fazer-me avançar a toda a pressa em direcção ao pomar, a dar a volta ao lago, até à erva longa e ondulante através da qual uma jovem corria e saltava, com um belo movimento atlético, como se fosse não apenas a arquitectura, mas o próprio corpo a corresponder ao antigo ideal grego. Ela, na realidade. Ela própria.»
Peter Carey, Parrot e Olivier na América, Gradiva.