segunda-feira, 30 de maio de 2011

Notas

Correia de Campos [ex-ministro da Saúde] condenado a pagar 20 mil euros por injúrias a dois gestores hospitalares

Salários em atraso disparam no ano passado e atingem 28,4 milhões de euros
Público (27/5/11)

Bruxelas aprovou versão alterada do memorando

Portugueses não querem saber dos partidos
Expresso (28/5/11)

Noticia o Expresso que, segundo os últimos dados do Eurobarómetro, apenas 15% dos portugueses confiam nos partidos. Julgo que ninguém terá ficado surpreendido com estes dados. A haver surpresa seria pensar como é que ainda há 15% de confiantes.
Desde que há eleições livres em Portugal que a confiança dos portugueses nos partidos políticos vem progressivamente a decrescer. Neste sentido, podemos dizer que, se a meta é chegar ao zero percentual, os responsáveis dos principais partidos têm trabalhado com denodo.
Para não recuarmos a tempos mais remotos, será suficiente recordarmos o que se passou na última década. Tivemos três primeiros-ministros: Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates. O primeiro fugiu, quando as dificuldades do país aumentaram; o segundo foi demitido, por acumulação de sucessivas trapalhadas e manifesta incapacidade para o exercício da função; e o terceiro, desgraçadamente, não fugiu nem foi demitido, apesar de ter superado em muito o seu antecessor nas trapalhadas e de, mais do que manifestamente, ser incompetente para a função (a situação de bancarrota a que conduziu o país está aí para o demonstrar, se dúvidas ainda houvesse).
De modo invariável, os três partidos que têm exercido o poder político não cumprem as promessas eleitorais que fazem, e agem, em grande parte das situações, precisamente ao invés do que prometem (o caso da repetida promessa de abaixamento de impostos é exemplar). Esta situação de incumprimento da palavra dada foi, nos últimos seis anos, particularmente agravada, com os governos de Sócrates. Em simultâneo assistia-se, à medida que as promessas não eram cumpridas, a uma dupla degradação: a degradação do nível de vida dos portugueses e a degradação do ambiente político. Sócrates poderia ter sido, certamente um excelente profissional de vendas, mas nunca deveria ter sido um primeiro-ministro. Limitadíssimo do ponto de vista dos conhecimento fundamentais (que a História, a Filosofia e a Arte propiciam), detentor de um reduzidíssimo vocabulário (e é sabido como o vocabulário condiciona as ideias), muito pouco escrupuloso no respeito pela verdade política, com características pessoais úteis para singrar em programas de reality shows, mas inúteis e desaconselháveis para o exercício de cargos públicos, Sócrates deu o último e decisivo empurrão para fazer cair no abismo a pouca confiança dos portugueses nos partidos.

O recente caso das duas versões do memorando de entendimento é mais um lamentável episódio que ilustra a recorrente falta de seriedade política de Sócrates. Alguém disse (Paulo Portas) que o primeiro-ministro tem apenas encontros breves e intermitentes com a verdade, e outro alguém (Aguiar-Branco) acrescentou que lhe está no sangue fazer batota. Pena é que ambos, em particular o último, não tenham muita autoridade para falar sobre esta matéria.