sábado, 28 de maio de 2011

Ao sábado: momento quase filosófico

O eterno problema do relativismo, ou o tempo em que os animais falavam

Uma história de leões, provavelmente muito antiga, é-nos contada pelo fabulista Loqman. 
Uma lebre fêmea encontra uma leoa e diz-lhe:
— Todos os anos tenho um grande número de filhotes e tu não!
— É verdade — respondeu-lhe a leoa. — Não posso ter muitos filhotes, mas os que tenho são leões.

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É uma história turca.
Era uma vez um pardal minúsculo que, quando ribombava o trovão da borrasca, se deitava no chão e erguia as patitas ao céu.
— Porque fazes isso? —perguntou-lhe uma raposa.
— Para proteger a Terra, que sustenta tantos seres vivos! — respondeu o pardal. — Se, por desgraça, o céu caísse bruscamente... já pensaste nisso? Então ergo as minhas patas para o segurar.
— As tuas patas magricelas para segurar o imenso céu? — pergunta a raposa.
— Aqui, cada qual tem o seu céu — diz o pardal. — Vai-te embora, idiota, não podes compreender.
In Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos (adaptado).