Gostaria de anunciar aos portugueses que cheguei hoje a um acordo com o FMI, BCE e CE.
Quero que todos saibam que consegui um bom acordo. É um acordo que me defende. Naturalmente, não há acordos que não sejam exigentes e que não impliquem, para vós, muito trabalho. Isso não existe. Mas conhecendo outros acordos e depois de tantas notícias especulativas publicadas pela imprensa, o meu primeiro dever é tranquilizar os portugueses.
Reparem bem, o acordo que eu consegui:
Não mexe na proibição da pena de morte, nem a substitui pela prisão perpétua;
Não mexe na taxa de natalidade dos portugueses, nem no tempo médio de vida dos reformados;
Não obriga a que ninguém se mutile;
E, ao contrário do que por aí se dizia, não vai ser introduzida nenhuma ditadura.
Mais: está expressamente admitido podermos continuar a chamarmo-nos portugueses, tal como sempre defendi.
Com este acordo ainda garanti o seguinte:
Não haverá tortura;
Não haverá polícia política;
Não haverá destruição da Assembleia da República;
Mantém-se a permissão de circularmos livremente;
Mantêm-se igualmente os urinóis públicos;
Mantive ao longo deste processo os deveres de reserva e o sentido institucional que a situação impunha. Estabeleci, para isso, um sistema de informação clandestino, em que, sem ninguém saber, fazia chegar aos jornalistas notícias de que iríamos ser todos condenados à morte, ou pior ainda, para agora poderem ver que eu consegui que nada disso acontecesse.
Dirijo, finalmente, aos portugueses uma palavra de confiança. Nenhuma Nação vence sem confiança em mim. Esse sentimento de confiança deve prevalecer sobre o negativismo e sobre o pessimismo, atitudes que só conduzem à descrença, à paralisia e à desistência do futuro. Pela minha parte, o que tenho a dizer aos portugueses é isto: eu sou ainda mais especial do que o outro.