A primeira conclusão do relatório da OCDE é esta: «O modelo actual de avaliação de professores em Portugal tem sido polémico mas é necessário.»
Em todo o relatório não há nada que fundamente esta conclusão. Pelo contrário, tudo o que de substantivo é dito ou proposto no relatório, se for concretizado, implica, necessariamente, um modelo de avaliação completamente diferente, repito: completamente diferente. Desta forma, não se compreende que inconsequentemente se faça a afirmação de que o modelo actual de avaliação é necessário. É, objectivamente, um frete político que a OCDE faz ao Governo. A única afirmação coerente com o conteúdo do relatório seria: a avaliação dos professores em Portugal tem sido polémica, mas é necessária. Esta seria uma conclusão rigorosa e congruente com a substância do que lá está escrito.
No início do desenvolvimento, o relatório afirma: «Nas escolas [portuguesas] não há uma cultura de observação de aulas nem uma tradição de avaliação por pares, nem de prestação de feedback do trabalho realizado nem tão pouco de partilha de boas práticas. Para além disso, uma grande parte da formação profissional ainda privilegia a frequência de acções de formação externas em detrimento de um apoio e de uma tutoria contínuos e centrados na escola.» Ainda que existam honrosas excepções, esta é uma realidade evidente para todos. Agora, a partir desta constatação, a questão obrigatória que se deve colocar é a seguinte: no contexto acima descrito, isto é, sabendo toda a gente que não existia, nem existe, uma cultura de auto e hetero-avaliação, nem de observação de aulas, nem de partilha de experiências, é admíssivel, é minimamente aceitável, que haja alguém que possa ter pretendido, e pretenda, instituir, de um momento para o outro, por simples decreto ministerial, sem um mínimo de preparação, sem qualquer experimentação, sem nenhuma formação, aquilo que exigia, e exige, um alargado período de preparação, aos mais diferentes níveis? É, sequer, tolerável que isso possa ter acontecido? Obviamente que ninguém responsável, que ninguém sério poderia pretender que isso acontecesse ou aconteça.
Mas houve, e há, uma ministra da Educação, com a leviana cobertura do seu primeiro-ministro, que, apesar de saber não existir nem preparação nem consensualização, decidiu avançar atabalhoada e grotescamente, e com absoluta irresponsabilidade, para o que, inevitavelmente, redundaria num enorme descalabro.
É pena que o relatório da OCDE não faça a mínima referência a estes factos. Um relatório que enuncia juízos políticos em algumas das suas passagens deveria, para ser sério e rigoroso, em toda a extensão, sentir-se obrigado a evidenciar uma das principais causas políticas que originaram a situação desastrosa a que se chegou.
Mas não o faz.
(continua)
Em todo o relatório não há nada que fundamente esta conclusão. Pelo contrário, tudo o que de substantivo é dito ou proposto no relatório, se for concretizado, implica, necessariamente, um modelo de avaliação completamente diferente, repito: completamente diferente. Desta forma, não se compreende que inconsequentemente se faça a afirmação de que o modelo actual de avaliação é necessário. É, objectivamente, um frete político que a OCDE faz ao Governo. A única afirmação coerente com o conteúdo do relatório seria: a avaliação dos professores em Portugal tem sido polémica, mas é necessária. Esta seria uma conclusão rigorosa e congruente com a substância do que lá está escrito.
No início do desenvolvimento, o relatório afirma: «Nas escolas [portuguesas] não há uma cultura de observação de aulas nem uma tradição de avaliação por pares, nem de prestação de feedback do trabalho realizado nem tão pouco de partilha de boas práticas. Para além disso, uma grande parte da formação profissional ainda privilegia a frequência de acções de formação externas em detrimento de um apoio e de uma tutoria contínuos e centrados na escola.» Ainda que existam honrosas excepções, esta é uma realidade evidente para todos. Agora, a partir desta constatação, a questão obrigatória que se deve colocar é a seguinte: no contexto acima descrito, isto é, sabendo toda a gente que não existia, nem existe, uma cultura de auto e hetero-avaliação, nem de observação de aulas, nem de partilha de experiências, é admíssivel, é minimamente aceitável, que haja alguém que possa ter pretendido, e pretenda, instituir, de um momento para o outro, por simples decreto ministerial, sem um mínimo de preparação, sem qualquer experimentação, sem nenhuma formação, aquilo que exigia, e exige, um alargado período de preparação, aos mais diferentes níveis? É, sequer, tolerável que isso possa ter acontecido? Obviamente que ninguém responsável, que ninguém sério poderia pretender que isso acontecesse ou aconteça.
Mas houve, e há, uma ministra da Educação, com a leviana cobertura do seu primeiro-ministro, que, apesar de saber não existir nem preparação nem consensualização, decidiu avançar atabalhoada e grotescamente, e com absoluta irresponsabilidade, para o que, inevitavelmente, redundaria num enorme descalabro.
É pena que o relatório da OCDE não faça a mínima referência a estes factos. Um relatório que enuncia juízos políticos em algumas das suas passagens deveria, para ser sério e rigoroso, em toda a extensão, sentir-se obrigado a evidenciar uma das principais causas políticas que originaram a situação desastrosa a que se chegou.
Mas não o faz.
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