Acerca da Ética Situacional
«Na década de 60 do século XX surgiu toda a agitação sobre a "ética situacional". Os proponentes reivindicavam que a atitude ética a tomar em qualquer situação depende da missão peculiar de factores dessa situação. Quem são as pessoas afectadas? Que interesse legítimo têm no resultado? Em que medida é que o resultado influenciará situações futuras? E, já agora, quem está a perguntar? Num caso de infidelidade, por exemplo, os éticos situacionais queriam saber, entre outras coisas, qual era a situação do casamento. Poderiam acabar em diferentes lados do caso dependendo de o casamento já estar ou não efectivamente terminado. Os opositores da ética situacional exprimiram o seu ultraje, afirmando que um tal raciocínio poderia ser usado para justificar qualquer coisa que uma pessoa quisesse fazer. Alguns desses oponentes assumiram uma posição absolutista: a infidelidade é sempre errada, independentemente das circunstâncias.
Porém, paradoxalmente, por vezes é ao ignorar as especificidades da situação que criamos a oportunidade para uma acção vantajosa.
Assaltantes armados entram num banco, mandam os clientes e funcionários encostar-se à parede e começam a tirar-lhes as carteiras, relógios e jóias. Dois dos contabilistas do banco estão entre os que esperam para ser roubados. De repente, o primeiro contabilista coloca uma coisa na mão do outro.
O segundo contabilista sussura:
— Que é isto?
— São os cinquenta dólares que te devo — responde o primeiro contabilista.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...