Precisei de uns dias para digerir, sem azia, a notícia da última edição do Expresso acerca dos bastidores da negociata («ao mais alto nível», segundo a notícia) que levou ao aperto de mão entre Maria de Lurdes e Mário Nogueira.
De facto, há que evitar a azia e outros males do género, que as úlceras hoje têm terreno fértil.
Quem se lembra de "Há lodo no cais", realizado por Elia Kazan e protagonizado por Marlon Brando, lembra-se de um dos primeiros períodos verdadeiramente sombrios na história do sindicalismo. Claro que, há oito décadas atrás, a verdade era mais nua ... e mais crua. Hoje estamos na era do soft, do light, e a política e/ou o sindicalismo também se exprimem nessa "leveza". Porém, chegar-se ao ponto de um líder de governo dizer para um líder de uma central sindical que é preciso parar a contestação, como se para um colega de partido estivesse a falar, é lodo ... e não só no cais. Não sei (quem sabe?) o que de um lado foi prometido/oferecido no "negócio", mas sei que do outro se fez o necessário para parar a contestação. A promiscuidade entre política e sindicalismo está à vista de todos.
Como diria B. Brecht, ... "quem cozinha os festins?" ... "quem paga as despesas?".